Quase uma grande família

(quinta-feira – 02/12/2009)

           Ontem houve o churrasco de confraternização de final de ano do pessoal da Manutenção. Estava programado, como de costume, um jogo de futebol, onde eu costumo antes do jogo mostrar minhas habilidades de domínio e malabarismos de bola, pois depois eu nem participo da partida por sempre ter sido ruim de bola, e nunca ter me adaptado ao aspecto competitivo que ocorre mesmo em “peladinhas” como esta, entre colegas barrigudos. Mas, como choveu durante à tarde e o campo ficou encharcado, o jogo foi cancelado e o churrasco foi transferido para o refeitório da própria Divisão de Manutenção.
         No refeitório há uma mesa de sinuca, onde depois de assistir vários colegas que jogam bem, sem me animar a entrar na roda (cujo critério é de quem perde sai e quem ganha continua na mesa), até que desafiei o Maiocchi, outro aprendiz que nem eu, e fizemos tão feio que espantamos todo o público que até então vinha acompanhando as partidas.
      Pois esta mesa de sinuca está sendo objeto de questionamento nas reuniões de reestruturação da empresa, ela deverá ser eliminada por conturbar o ambiente onde os funcionários fazem as refeições...ela é de uma outra época, do século passado, quando eu era diretor da manutenção e a recreação saudável dos trabalhadores, visando competir com o alcoolismo dos botecos no intervalo do meio-dia era uma importante diretriz gerencial.
        Isto me faz lembrar dos velhos tempos em que tínhamos apenas uma mesa de ping-pong apertadinha dentro do vestiário, em que eu ainda era um técnico “bóia-fria”, isto é, trazia marmita de casa (na verdade “bóia-quente”, pois sempre tivemos forno industrial aquecedor de marmitas). Tempo das grandes festas de natal da manutenção, final de década de 70 e início de 80, onde eu fazia a animação no microfone, estilo Silvio Santos, dos sorteios dos presentes especiais, adquiridos com contribuições que eram feitas durante o ano inteiro pelos próprios funcionários...O Seu Alonço, do administrativo, pacientemente cobrava todos os meses as contribuições de cada um das dezenas de funcionários que participavam da festa. Bons tempos, éramos quase uma grande família. Aprendi muito com aquela geração antiga, hoje todos aposentados ou falecidos, pessoal simples, sem formação escolar, mas profissionais com grande experiência de vida, que foram como uns pais para mim, um jovem técnico hippie que praticamente não usufruiu da convivência paterna.

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