OS NOSSOS MORTOS


          O incêndio na boate Kiss, que deixou 231 pessoas mortas e mais de 200 pessoas feridas, a maioria jovens estudantes de Santa Maria, a cidade universitária, chocou o estado, o país e o mundo. Mortes prematuras em circunstâncias evitáveis por responsabilizações técnicas sempre nos causam um misto de comoção pela dor dos familiares, e de revolta pela lógica capitalista de evitar despesas  com dispositivos de segurança. Assim é no lazer e no ambiente de trabalho das pessoas.
          Hoje, com toda esta tensão apreensiva decorrente da cobertura sensacionalista da mídia sobre a tragédia dos jovens mortos da verdadeira “câmara  de gás” na boate “Kiss da Morte”, ao ver uma equipe de manutenção da CEEE trabalhando na rede de alta tensão, me arrepiei só de lembrar das vezes que eu próprio exerci esta atividade de alta periculosidade... 

Com tanta consternação mundial, passei a  me lembrar de acidentes fatais ocorridos no meu ambiente de trabalho, como o caso do jovem eletricista Ubirajara Teixeira, o Bira, lá pelos anos oitenta e poucos. Na ocasião do acidente do Bira, eu era o técnico industrial de plantão da DVM durante o final de semana, quando fui acionado em casa, no turno da noite. Ao chegar ao local, fiquei sabendo que a equipe da manutenção tinha se retirado do local para levar um dos colegas ao Pronto Socorro, o qual tinha sofrido uma descarga elétrica.
 Sem maiores informações técnicas de qual defeito estava ocorrendo na estação, tomei os procedimentos para tentar colocar em funcionamento os grupos de bombeamento de água; de modo que sozinho resolvi fechar as chaves seccionadoras de alta tensão no poste de entrada de energia. Quando bati o último elo-fusível pude ter a dimensão da gravidade do acidente de trabalho que vitimou o Bira, pois o prédio ficou parecendo um dragão agitado, cuspindo fogo e soltando baforadas de fumaças pelas portas e janelas, até que novamente queimassem os fusíveis de alta tensão do poste onde eu estava trepado na escada e apavorado com o “cagaço”.
 Na minha prática profissional de manutenção eletro-mecânica levei muitos cagaços com altos riscos de morte, em alguns salvo pela sorte e pelo acaso, para poder estar aqui contando causos. Como o que ocorreu certa feita, quando eu e o Seu Oswaldo (vulgo Cerração, falecido pai do colega Neblina), capataz de equipe e meu primeiro mestre no trabalho de campo da manutenção. Estávamos consertando uma chave de partida de um motor de grande porte da antiga USINA quando, por sorte, no momento em que fomos testar o funcionamento do quadro de comando elétrico, ao invés de ficarmos com a portinhola aberta para observarmos o acionamento dos dispositivos internos, resolvemos fechar a portinhola para observamos os aparelhos de medição que estavam fixados nelas (amperímetros e voltímetros). Ao apertarmos o botão de liga, ouvimos um grande estrondo dentro do quadro e automaticamente desarmou toda a estação. Depois de corrermos até a rua no cagaço e voltarmos cautelosamente, quando abrimos a tal portinhola, diante da qual estávamos os dois com a cara exposta, vimos que pelo lado de dentro escorria metal derretido que foi projetado em decorrência do curto-circuito que ocorreu, de modo que se estivéssemos com a portinhola aberta,  estaríamos fritos!...
Naquela noite do acidente de trabalho do Bira, logo em seguida chegou o colega Barradas (já falecido), que era o engenheiro plantonista, e juntos colocamos em funcionamento a EBAB Menino Deus. Depois acompanhamos o caso, junto com a capataz Jorjão (que era uma fofura de negão de 180 Kg com “barriga de avental” - também já falecido), então chefe imediato do acidentado. Bira ficou sobre observação médica por vários dias no HPS, por apresentar queimaduras internas,  devido aos gases quentes que inspirou na hora que acidentalmente provocou um curto-circuito com as ponteiras do aparelho com que efetuava medições elétricas (multímetro manual) e que estava muito próximo do seu rosto. Em decorrência destas queimaduras internas o Bira faleceu, creio que poucos dias depois do acidente, sem ter chegado a sair do hospital.
-Valeu Bira! 
 Valeu! – Também para tantos outros colegas que partiram na ativa, sem chegarem à aposentaria, por morte causada por doença ou “de susto, de bala ou vício - num precipício de luzes entre saudades e soluços” ( Parafraseando o Caetano Veloso - Soy Loco Por Ti DVM!):
-Wander (Louquinho), Paulo Ricardo de Freitas (Pé de Vento), Araújo (Fofinho), Juarez da Silva (Lagartixa), Gilberto Santos (João do Pulo), Paulo Rogério (Gato);
            -Gelson Barros (Barrinho), Eduardo Calesso: mortos por doenças.
-Fábio Mentz (Scooby Doo), Roberto Garcia (Poste), Paulo Ricardo Gonçalves (Ratão):  mortos por acidentes de automóveis e afogado no mar;
- Mortos por acidentes de trabalho (por choque elétrico e afogamento, respectivamente): Ubirajara (Bira), Cláudio Martins (Careca - que morreu afogado na EBAB Ilha da Pintada).

Valeu! – Também para o  outro lado, o dos aposentados da DVM,  dos que chegaram a usufruir algum tempo da aposentadoria, mas que já partiram desta vida: o pastor Tio Pedro (o Amiguinho), Seu Oswaldo (Cerração), Jorjão, Bulbós (conterrâneo de Herval), Fernando (Manjerona), Alonço (Ratinho-Miau!), Iracema, Vera (Dona Flor), Hartmut, Joreci (Jacaré), Eny (Pelicano), Noel Lucas (Mazzaropi), Ciríaco (Mangona), Carlinhos (Pai herói), James (Mão Pelada), Mário Bernardes (Pantera Cor de Rosa).

Por último, com as fotos que eu próprio bati, faço minha homenagem póstuma para a Silvia Maria Roque de Barros, que faleceu em outubro de 2012, com 45 anos de serviços prestados ao Dmae, funcionária que optou por não se aposentar e continuou na ativa se  dedicando ao seu trabalho até o último dos seus dias:
- Valeu Silvia!!!


CHÁ DE ELEIÇÕES DE CHEFIAS NO DMAE

           Aposentado também viaja de férias, é quando a mulher e os filhos ganham este direito trabalhista. Vou aproveitar para ilustrar esta postagem com fotos das praias paradisíacas em que estivemos de férias na semana passada, pra ver quem reconhece ou quem vai ficar com vontade de conhecer...

O CHÁ DE AVALIAÇÃO FUNCIONAL NO DMAE

Hoje, lendo a Revista da Astec de dezembro de 2012, fiquei sabendo que o DMAE foi a única instituição pública agraciada com o prêmio “Top Ser Humano – Categoria Empresa”, conferido pela Associação Brasileira de Recursos Humanos. Desta vez o DMAE participou com o case “Gestão por Competências como ferramenta para o desenvolvimento de líderes em instituições públicas”. Diz a matéria na revista que os resultados, medidos por meio da Pesquisa de Clima Organizacional, demonstraram que evoluiu a avaliação que os servidores fazem das suas lideranças e gestores.
          A propósito,  lá pelo final de 2010 fui “convocado!” a participar de uma Oficina de Preparação para Avaliação do Desempenho Funcional, atividade promovida pela UNIDMAE (que é a antiga seção de treinamento da DVH rebatizada com o pomposo título de Universidade Corporativa do DMAE, com reitora e tudo!). O objetivo principal era “Avaliar para Desenvolver”, pois o resultado da avaliação constituiria um Plano de Desenvolvimento Individual (PDI), obtido por meio de reuniões de consenso entre o gestor e  o servidor, que estabeleceriam ações de desenvolvimento com o suporte institucional da DVH, digo, UNIDMAE...
          Resumindo, o método determinava que todo mundo seria submetido a uma  avaliação por sua respectiva chefia. O questionamento do público-alvo da oficina, e o meu inclusive, era que estas avaliações seriam apenas de cima para baixo, ou seja, as chefias não iam também ser avaliadas por seus subordinados. Como este processo de avaliação estava gerando uma tensão tão grande entre avaliados e avaliadores, questionava-se a validade de fazer tanta agitação para resultar em pífios planos de treinamentos que, na melhor das hipóteses, atingiriam menos de 10% do quadro funcional. Seria como mover uma montanha para aproveitar um punhado do seu conteúdo e ainda deixar relações degradadas no ambiente pelo método!
            A réplica dos instrutores da oficina era de que, justamente por esta avaliação ser “apenas para fins de treinamento”, seria uma oportunidade de se retirar a tensão entre as partes e treinar práticas de avaliações, por ser um indicador operacional consagrado de gestão de pessoal, portanto necessário para a qualificação do DMAE. É o famoso “CHA de Competências”: Conhecer, ter Habilidade de fazer e ter Atitude de querer fazer (Conhecer-Habilidade-Atitude = CHA). Seria o momento mágico, consideram os acadêmicos da Unidmae, de aparecerem os problemas que estão embaixo do tapete do condicionamento hierárquico...
          Esta tensão entre chefias e subordinados me reportou a uma passagem marcante da história recente do DMAE, que foram as famigeradas “eleições de chefias”. Oh! Meu Deus! Não é tão recente assim, foi em 1989, já faz mais de 20 anos! Parece que foi ontem...

 AS ELEIÇÕES DE CHEFIAS NO DMAE

            Naquela época, foi no ano em que o Partido dos Trabalhadores assumiu pela primeira vez a Prefeitura de Porto Alegre (que se estenderia por longos quatro mandatos), eu era a referência petista de maior tradição na militância sindical no  DMAE. Na ocasião tive que  me contentar em indicar nomes para serem superintendentes, por que eu próprio não podia assumir por não ter curso superior completo. Por ironia, eu ainda não tinha completado o curso de engenharia justamente por causa da minha militância de entrega total à causa político-partidária, e sequer tínhamos quadros partidários para preencher os cargos naquela que foi a primeira vitória eleitoral petista.
            Contudo, eu fui trabalhar no primeiro escalão, na tropa de elite do Diretor Geral Guilherme Barbosa, compondo um grupo de assessoria especial, reunindo na mesma sala as seguintes figurinhas: O Dieter como assessor técnico (o cara que no segundo mandato assumiria como DG com a eleição do DG para vereador), o Eron Estrela como assessor jurídico, eu como assessor sindical e a Fátima Silvello como assessora comunitária.
           Passado o medo do novo, de desestabilizar a administração pública por falta de experiência dos novos quadros petistas, de repente, o DG fez um acordo com o SIMPA, vale dizer, com o colega Édson Zomar (que havia se revelado nos últimos anos como uma nova grande liderança sindical dos setores mais operários do Departamento), para a realização de eleições de chefias  em todas as Divisões do DMAE.
           Podem imaginar que alarido repercutiu pelos corredores e pavilhões do DMAE o anúncio desta decisão. A casa caiu! Imediatamente os superintendentes apresentaram pedido de demissão coletiva. Era a revolução operária que estava por chegar! Como diria o Nei Lisboa:  89 foi bala!...
            Foram realmente momentos revolucionários aqueles, houve assembléias gerais no Auditório Araújo Viana para aprovação do Regimento Eleitoral Único do DMAE, e foram estabelecidas Comissões Eleitorais eleitas em cada Divisão: Era a República Soviética do DMAE!  Até os cargos em comissão mistos ficaram sujeitos à votação. Estas comissões funcionavam como sovietes (conselhos operários), com poder de organizar internamente quem estaria vinculado a quais chefias nas quais poderia votar e ser votado, comissões estas vinculadas ao Soviete Supremo, que era a Comissão Coordenadora, com três membros indicados pelo Fórum de Representantes, um membro pelo SIMPA e o outro pelo DG. No processo eleitoral houve a eleição da  instância máxima que era o Fórum de Representantes (O Politburo), o qual era composto por delegados eleitos em Assembleias Gerais das Divisões, cujo critério de proporcionalidade era que para cada 50 funcionários da Divisão indicavam um representante. Foi uma loucura formidável!
         No DMAE as eleições foram realizadas em todos os níveis de chefia até o Diretor de Divisão inclusive, para um mandato de um ano. E, depois de eleito, se o Diretor Geral quisesse cassar o mandato de um chefe teria que submeter seus argumentos ao Soviete Supremo e a uma Assembléia Geral da Divisão do dito cujo. Era a democracia participativa do assembleísmo da Grécia Antiga funcionando no meio operário pós-moderno.
           Qualquer pesquisa de clima no quadro funcional daquela época indicaria o ambiente feito um caldeirão que ferveu muito naquele três meses  em que decorreu todo o processo eleitoral. Havia muita tensão entre as chefias em exercício, as quais se viam ostensivamente ameaçadas pelos seus subordinados que se insubordinavam por conta do movimento bolchevique de tomada do poder: através do voto os oprimidos seriam eleitos como  os novos chefes! As coligações eleitorais naturalmente que recorriam ao apoio de entidades de classe, como o próprio SIMPA, para desenvolver estratégias visando os cargos mais concorridos, como os de Seção, Serviço e Diretor de Divisão. O jogo ficou pesado em alguns locais.
          Tudo isso dava gosto de ver acontecendo, por ser até então inimaginável, e  por  vivermos permanentemente sob forte emoção revolucionária devido à tensão que havia entre as várias facções e visões ideológicas que se infiltravam com seus interesses nas disputas por espaços de cargos dentro da administração petista.
           Contudo, apesar da experiência de efetuarmos eleições de chefias em todo o DMAE ter sido muito valiosa em seus ensinamentos sociológicos, se mostrou demasiadamente intensa no acirramento dos  ânimos e desestabilizadora da rotina operacional. Certamente que não era coisa para se realizar todos os anos, como queria a índole de militância revolucionária das jovens lideranças petistas municipárias,  oriundas recentes que eram do movimento estudantil. Mas resultou sendo uma coisa para não se realizar nunca mais!
           Sei que depois dos episódios da Comuna do DMAE, voltei a me dedicar à causa de conseguir o meu canudo de curso superior completo, após ter ficado por dez anos marcando passo, por dar prioridade ao movimento de organização da classe trabalhadora na redemocratização do país. Coisa que de fato consegui com apenas mais dois anos focados no curso, me formei  em engenharia pela UFRGS finalmente! Confesso que foi duro ver oportunistas se locupletando e ver quem construiu a idéia do petismo desde a sua fundação ficar de fora, chupando o dedo e assistindo a coisa toda, pelo que tínhamos dedicados vários anos da nossas vidas, se deturpar... Mas isto já é uma outra história que me levou à minha desfiliação do PT dez anos depois, por ocasião da reforma da previdência do “Lula Lá” presidente, que eu conto um dia desses para vocês.
           Por isso, quando os novos gestores do DMAE falavam em avaliação funcional de chefias, os mais antigos tremiam nas bases e torciam o nariz, pois imaginavam que vinha confusão por aí no CHA. Agora, chá nem gelado,  prefiro a potiguar água de coco do Rio Grande do Norte, em Natal, Ponta Negra, Maracajaú, Pipa, Jenipabu...


COMENTÁRIOS DO SEGUNDO SEMESTRE DE 2012

                        O autor do blog agradece imensamente a acolhida que está tendo junto à categoria dos municipários, especialmente do quadro funcional do DMAE. O blog está por completar 3 anos de existência agora em fevereiro e já ultrapassou a incrível marca de 18.500 acessos.
          Sintam-se todos abraçados, por esta ocasião de um novo ano que começa, especialmente os “leitores-comentaristas” desta nova fase do blog repaginado como sendo uma antologia pró-livro das crônicas do DIÁRIO DE UM APOSENTANDO DO DMAE. 
             
           Ao longo de 2013 vou continuar postando uma seleção de remakes das crônicas antigas mais significativas, junto com as novas postagens, projetando editar no final do ano um volume impresso. Até lá espero estar com o projeto do livro pronto para a sua publicação numa tiragem mínima destinada aos colegas que manifestarem interesse em ter como recordação um volume de histórias do seu ambiente de trabalho (a preço de custo, através de uma “vaquinha online”, o pós-moderno Crowdfunding: Financiamento colaborativo).
        Como já se tornou tradicional nos anos anteriores, em homenagem ao bravos leitores do blog que enviaram comentários das postagens, reproduzo a seguir os Comentários do Segundo Semestre de 2012.
                                               Sorria, seu comentário está sendo postado:
  
Júlio Brum - Caro camarada Celso. Quero te dizer que achei este. Desejos para 2013, o teu melhor texto. NÃo pelo conteúdo somente, mas também pela sensação de nadar nas palavras fluídas de um rio de águas serenas e cristalinas. Meus bons desejos pra ti meu velho, e para os teus queridos e queridas. Meu abraço de um novo começo em 2013. A vida nÃo pára. (Pra ti, pra nós jurássicos, que continuará escrevendo pra gente, é com acento diferencial ainda. Até 2016).

Jairo - Bom texto, Celso. Até fiquei com vontade de viajar para a Austrália e o Canadá. Um abração e um feliz 2013!

Thiago Santos - Parabéns pelo texto, Celso. Ficou muito legal e a madrinha também gostou muito da homenagem. Ela já chegou comentando com todos aqui na sala sobre o texto.Abraço.

Daniel Câmara - Li o Diário como sempre e mais uma vez parabenizo pela criatividade. abç de um futuro dinossauro que está esperando o tempo e a pena já calculada com a ampliação imposta pelas novas leis da previdência e rezando muito para me regime fechado não aumente com novas leis.


Paulo Kessler - Caro Celso, filho da Dona Ciça: Quando li teu comentário sobre os Dinosauros da DVM, lembrei da época que diziam que os "velhinhos da DVO" trabalhavam no Cemitério dos Elefantes. Hoje, quase todos os elefantes estão aposentados e os poucos estão se preparando para se aposentar.
Naquela época uns ficavam "putos". O Gordo Carlos Cataglione era um dos que mais provocavam. Um grupo dizia que ainda iríamos rir daquele tempo.Bons tempos, hoje rimos ao lembrar aquela época. Dourado, Valdir, Nina Rosa, Sônia Petersen, Berega, Campezatto, Adilson, Rogério, Farias, Breno e eu, fazíamos parte da DVO de quase vinte anos atrás. Um grande abraço.

De Júlio Brum - assunto: O PEDAGÓGICO SALVE DO PT
Celso.Viraste um direitoso insuportável. Não te aguento mais. O budismo dá dó. Tu és um grande barco navegando com as velas direcionadas pra as paixões da vida. JB

De Carla Altério - Oi Celso, Também preciso pensar no meu futuro, filho em crescimento, etc... É difícil conseguir reingresso na UFRGS? Filosofia não está descartada. hahaha... Um abraço, Carla

Dália - Caro Celso É sempre um prazer ler os teus "devaneios". Envio todos para Sete Lagoas MG para primas adoráveis. Abraço
PS. A rifa correrá no próximo 11 de novembro. Se sair pra ti avisarei

Lúcio Barcelos - Caro Amigo Celso: Grato pela indicação do voto. Na verdade eu sou viciado na defesa de um projeto (inviável, no momento e sabe-se lá até quando) onde a saúde pública seja de qualidade e o acesso imediato para o conjunto da população que depende do sistema público. Vamos fazer uma tentativa derradeira de ocupar um pequeníssimo espaço para agregar os funcionários (se eles quiserem) e lutar pela melhoria do sistema de saúde. Felizmente esse negócio está na semana final. Grande abraço. Lúcio.
           
Paulo Muzell – Assunto “Voto Útil” - Celso: por todo respeito que tenho por ti, pelo teu passado de luta sindical, devo te dizer que esta tua posição, totalmente despolitizada me surpreendeu negativamente. Ora, voto útil! Atitudes cínicas, niilista não levam à nada. Sugiro e acho oportuno leres um artigo do Marcos Rolim, publicado em ZH do dia 23 de setembro passado sobre o descrédito da política. É esclarecedor. Um abraço, Muzell.

Luiza Gutterres comentou via Facebook: Voto Útil.
"tá muito bom o texto no blog."

Magda Cristina Granata - Oi , dei uma olhada nas "ultimas " do Celso e me chamou a atenção esta quantidade de gatos nas fotos. Claro que ele diz que muitos já estão castrados, porém se precisarem de mais castração e tiverem alguma dificuldade, podem me procurar. Tenho armadilhas para 'caçá-los"(sem machucar é claro) e encaminho para a SEDA que castra e cuida pelo período que for necessário (pois são de rua) gratuitamente. Fique à vontade para me contatar, abraços.
        
María Gessy Rolim - Cara,o que isso? Muita inspiração não é? Ufa.....! Iniciou com os gatos e não parou mais de escrever. Para fazer parte da turma dos escritores não está te faltando competência. Parabéns, segue em frente. Sucesso! Bjs, da sogrinha que muito te estima.

Dalia Tavares Leindecker - Assunto: Ler Ulisses nas Olimpíadas
Celso, Eu tive o prazer de ver um filme baseado neste Ulisses com o irmão da Maria Shell de Irmãos Karamazof. Não me recordo agora o primeiro nome dele. Isto foi no final dos 60.
Eu tenho este tijolo e já fiz algumas tentativas sem sucesso, por considerar outras prioridades. É bom saber que você está colonizando esta selva. Pode ser que surja uma trilha pequenina pra nós comuns mortais. Dália

Angélica Mallmann - Assunto: Ler Ulisses nas Olimpiadas
Achei que aposentado só tinha direito à fila no SUS......mas a gente pode se dar a "desfrutes" assim é........bom saber, he,he.

Paulo Renato Wabner Portalet - Assunto: Ler Ulisses
Maravilha,amigo. Fico com inveja da tua determinação,organização e a forma como estás lidando com a aposentadoria. Grande abraço, Nato.

Daniel Câmara - Infelizmente ainda falta muito para minha aposentadoria, por enquanto aprendo muito lendo o teu diário. Gostei muito da comparação Olímpico-Ulissiana. Uma maratona gostosa de ler.

Alvaro Silveira Neto - Bá ta começando a sentir o ÓCIO da aposentadoria

Ricardo Mainieri - Assunto: Chega 60 anos!
A frustração foi certa, mas pelo menos rendeu uma ótima crônica. Acho ainda mais fácil angariar uma senhora de idade provecta e dar esta tarefa para ela. Quero, ainda, viver bem os meus cinquenta...

Marcelo da SMC – Assunto: Chega 60 anos! - Prezado senhor Celso Lima,lamentamos muito o ocorrido.Gostaríamos de poder oferecer-lhe um convite, ocorre que de fato o Ministério Público exige e fiscaliza a colocação do máximo de ingressos à venda para o público neste evento patrocinado pela Prefeitura, no que aliás faz muito bem. Contudo, isso nos deixa virtualmente sem margem de convites para atender casos como o seu.Obrigado pelo interesse, esperamos vê-lo em outras oportunidades.Atenciosamente, Marcelo Oliveira da Silva - Coordenador de Comunicação - Secretaria Municipal da Cultura.

Flavio Dau - Po, europeu. Aqui no Brasil e assim. Os mais experientes recebem tratamento especial. Um grande abraco pelo retorno ao pais tropical.

Pmuzell -16 jul - Muito bom o "novo" blog Celso! Dez!! Abraço, Muzell.

Helenita Thome - assunto: Re: NOVA FASE DO BLOG REPAGINADO
Olá! Por que não tentas o FUMPROARTE/Prefeitura de POA? Parece que o primeiro livro da Martha Medeiros saiu por ali. Atenciosamente,  Helenita Thomé.

Milton Caselani - Celso, Tenho certeza que teu livro será um sucesso, assim como se demonstra pela frequencia de acessos ao teu blog. Falta de sensibilidade desta administração é o que não falta.

Angélica Mallmann - Mas pra quem se libertou, tu pareces muito feliz batendo esse cartão, he,he. Abraço, Angélica.

Rogerio Menezes - Prezado Celso, Como também estou aposentado e liberto do relógio-ponto, concordo contigo, agora falta tempo para aquelas coisas gostosas que antes não podíamos fazer; hoje por exemplo fiquei lendo na cama até às 11:30 da manhã. A tarde vou para o cinema com a patroa.Bem outra hora conversamos, estou com muito afazeres que "clamam pela minha presença." Um grande abraço.

Ricardo Mainieri - Celso, tens razão quando dizes que uma das dificuldades das pessoas com a aposentadoria e não ter uma vida pessoal autônoma do trabalho e interesses outros além da rotina diária. Para quem, como nós, aprecia o imenso manancial de arte e cultura que rola pelo ciberespaço, ainda grátis por enquanto, os programas livres que rolam nas tardes ociosas da cidade,as viagens e o enriquecimento espiritual, a aposentadoria é, mesmo, uma carta de alforria. A citada reestruturação que, acredito, não foi suficientemente discutida com quem vai fazer o processo andar, é algo que no momento parece instável, como certos dias de inverno de outrora. Ao invés da democracia participativa, nos moldes do OP, a apropriação de teses do PGQP, algo que se vale dos ensinamentos made in Japan da Toyota Motors. O DMAE é Serviço Público, não indústria produtora de água, competindo num mercado formal, na busca de lucro e outras coisas, incompatíveis com sua função social. A modernização é necessária e esta se dá através do treinamento continuado da mão-de-obra, com cursos, atividades culturais, formação técnica.
Ensinar o operariado a manter suas coisas limpas, zelar pelo patrimônio do DMAE, organizar seu local de trabalho são coisas importantes, no entanto mais importante é dar voz e participação a este pessoal que faz a linha de frente de nossa autarquia.
Pois eles são nossa imagem externa, diária e principal. Sem eles, o DMAE não anda.
Aproveite a aposentadoria e festeje novos aniversários neste entusiasmo.

Carla Altério - PARABÉNS !!! " LIVRE DA PRAGA " diária... rsrsrs- abç, Carla Alterio

Júlio Brum - Assim não dá Celso. Escrevi um texto extenso para postar, que tinha gostado, e quando da senha, puf, tudo se foi pro etéreo não lugar algum. Não está na RAM, nem no hard disk e muito menos no buffer. Deu tilt. E claro, ano que vem, vou fazer com muito gosto o curso de preparação para a aposentadoria, quando estarão me faltando apenas 2 anos e meio, mais ou menos, para tanto. Considerando que tenho 6 meses de licença prêmio pela frente e mais 60 de férias, o processo de descompressão se dará com muita tranquilidade. Ainda mais acompanhando teu bologui. E digo a vocês que a implantação do Sistema de Gestão do DMAE era necessário e urgente, bem como uma reestruturação, apesar dos pesares. Não dava mais para continuarmos fazendo de conta sem detalhar e escrever os procedimentos bem como de buscar as certificações ISO 9001, na OSHAS,  acreditação na 14075, e implantação do Sistema 5Ss.
O que é a metodologia do 5Ss que não uma grande irmã siamesa do que foi o Orçamento Participativo ?  É pura participaçÃo. Só que há gestores que nÃo se deram conta disso, ou não têm comprometimento com com a gestÃo, que é do DMAE, por desconhecimento, ignorância ou por corpo mole mesmo. Possuem ferramentas que não sabem ou não querem usar. Dispõem de espaços que não querem ocupar ou nele fazer a boa disputa, saudável, geradora de crescimento das pessoas e da empresa. Criticar nos corredores à boca pequena e não fazer enfrentamento, fraterno (será que isso ainda existe?) ou não é covardia, é acomodação. É o comportamento do passivo agressivo, muito comum nas empresas.
Eu me sinto muito a vontade em poder contribuir como membro do Comitê Gestor das Frentes 5Ss no departamento, bem como ser auditor desse e da ISO 9001. Muito do meu conhecimento está sendo aplicado em algo importante e profícuo a todos em termos de utilização de metodologias de gestão consagradas à semelhança do OP. É uma questão de "adaptar" e saber dar conseqüência e transmissão dos conhecimentos para o maior número de pessoas. Nos igualarmos com sabedoria e inteligência sem que isso nos faça menor. Ao contrário, e tu sabes disso, só nos engrandece.
Um abraço a todas e a todos da lista mesmo não sabendo quem são.
Júlio.

Celso - Muito brum Júlio Bom! - Quanto à postagem de comentários no blog não sei o que  aconteceu com a nova roupagem que o Blogger da Google inventou, que não entra mais nada. Vou tentar descobrir se tem solução, ma por enquanto o jeito é esse, do velho email.
Concordo quanto "a implantação do Sistema de Gestão do DMAE era necessário e urgente, bem como uma reestruturação, apesar dos pesares". E mais, tiro o chapéu para a persistência do Presser, que cozinhou y comeu pelas beiradinhas e cravou tudo, na  saideira! Mas sobre isso ainda vou fazer um texto, após baixar a poeira da reestruturação onde categorias como os Assistentes Administrativos se ferraram...Abraço y OM MANI PADMA HUM.

Angélica Mallmann - Localizada então,he,he! Já percorri o teu Blog, teus diários de viagens, muito legal!!! É isso aí...há vida depois de aposentado então...Eu já não vejo a hora de ter meu tempo LIVRE e poder fazer as coisas que eu gosto...sem relógio. Obrigada por me incluir na tua lista de contatos. Vou seguir viagem contigo então, acompanhando teus diários. Bom domingo. Saudações municipárias, Angélica.

Isabel Regina Silva dos Santos - assunto: RES: CAFURINGA: O homem que fala sozinho
Apreciei  de coração a homenagem  tecida  em  furtivos  retalhos  da  vida do meu mano Cafú.  Menino folclórico  que, por  tantas vezes,  nos contagia com sua fala pitoresca na figura gigantesca do Homem  que é.  Bendita seja  essa inspiração, Celso,  pois,  através dessa,  compartilhastes fotos e registros  de uma boa convivência com o mestre Cafú.   A parceria com Martha Medeiros serviu apenas como referencial teórico, a fim de dimensionar a loucura  generosa que,  cada um de nós  vivemos ao jogarmos palavras ao vento....  Um grande abraço, Isabel.

Milton Caselani - assunto: RES: CAFURINGA: O homem que fala sozinho
Celso, Estás cada vez melhor!  Celso parabéns pela abordagem, criativa, irônica e muito bem construida.
E.T.: Muito agradável viajar pelo teu blog junto com as tuas viagens, me senti um acompanhante viajor; para quem não pode ainda, é uma bela viagem antecipada, muito bem ilustrada e suscintamente descrita, com um fino toque de poesia e musicalidade!
 Agradecido pela experiência. Milton

Ricardo Mainieri  - assunto: O NEGRO GATO FÉLIX
É, Celso, nos apegamos aos bichinhos. Acompanhei com a Magda a doença do Félix, primeiro com alguma esperança que fosse um mal passageiro, depois com a constatação da gravidade do caso. A única coisa positiva, se é que se pode dizer assim, foi o fato de não se ficar com o ônus da culpa por ordenar o sacrifício do animal. Já falei para ela, dê um tempo e, depois, pegue outro gatinho de rua, quem sabe uns pretinhos que temos por aqui.

 Dalia Tavares Leindecker – Celso, É uma delícia ir com você a Paris. Obrigada pela viagem. Para a Luiza esta deve ter sido um preciosa experiência

Ricardo Mainieri - Cada vez me convenço mais de que fostes um engenheiro por sobrevivência. Nenhum espécime normal desta tua raça aguentaria este universo cult & sofisticado em que andas transitando. O melhor da literatura russa, francesa, latino-americana, toques de surrealismo e impressionismo poético, muita coisa boa, prossiga!

Flávio Dau – Celso,  Agradeço por repartires tuas experiências de vida com quem não pode estar por aí (Europa). Te desejo um bom retorno. Abraço.

João Carlos Coelho - Caro Celso: Estou recebendo regularmente os teus "Diários de Viagem" que tenho lido atentamente. Ao agradecer a tua atenção desejo parabenizá-lo pelo excelente trabalho que fizeste entre texto e fotos num formato muito pedagágico e comunicativo. Já tentei fazer o mesmo mas não deu certo pois falta prática e o conhecimento necessário para desenvolver este trabalho.  Quem sabe um dia me ensinas o caminho.  Continua mandando os teus diários pois estão sendo muito apreciados.Grande abraço,  JCC.

Presidência - AFM - Ao Colega e Amigo Celso
A AFM(Associação dos Funcionários Municipais de Porto Alegre) presta os serviços à saúde da Família Municipária com a sua equipe de profissionais contratados e/ou credenciados em todas as especialidades médicas.Aos associados da AFM são oferecidos os serviços médicos ambulatoriais, exames laboratoriais, odontologia e pediatria 24 horas. A internações no  Hospital Porto Alegre(HPA) tem respaldo no Convênio da PMPA com a AFM e é um direito pelo qual a categoria tem de lutar para a permanência dessa conquista assegurada no Estatuto dos Municipários.   A assistência a saúde da Família Municipária é garantida pela AFM e seu Hospital Porto Alegre através das mensalidades módicas nas diversas categorias sociais, aliadas ao Convênio junto à PMPA. O projeto IPE é uma jogada política articulada contra os interesses reais e conquistas dos Municipários e está truncada pelo Conselho Deliberativo do IPE, porque temem, “com justa razão”, que o acréscimo de um contingente de 60.000 vidas congestione mais ainda, o já represado sistema de atendimento IPE. Pior do que isso, é sabermos que os direitos e benefícios dos servidores e seus familiares, sejam “cassados”, sem que eles tenham entendido a manobra. Ainda pior, porque a proposta é meramente politiqueira, eleitoreira e implica na transferência de recursos Municipais para cobrir as dificuldades financeiras daquele órgão do Estado, ao invés de fazerem investimentos na qualificação dos equipamentos do Município no Hospital Porto Alegre. Para conhecer e refletir.Um abraço João Paulo.

Tibério Bagnati - TÁ CELSO, RESOLVI SAIR DA TOCA....Acompanho os teus escrevinhados e eles são um testemunho cuidadoso e preciso das nossa vidas,  com seus anseios, lutas, poucas vitórias e muitas desilusões. Mas como disse um escritor italiano - não lembro qual, entre tantos - sou otimista, um dia piora. Li com cuidado esta tua última postagem, em especial no que ela se refere ao "pau-de-sebo" da nossa dessaúde. Bom, desde que me percebo como gente, e lá se vão 60 anos, sou frequentador da Associação dos Funcionários Públicos do Estado e nunca tive qualquer queixa do atendimento médico que recebi. Já fiquei hospitalizado no Ernesto Dornelles uma semana, fui submetido a uma batelada de exames - nada de ruim nem de bom encontraram, é verdade - e sempre fui tratado com dignidade e respeito,  com a minha vida e a minha carteira.  Não sei porque tão poucos municipários são sócios da AFPE, com toda a tranquilidade eu recomendo.Um abraço amigo. Tibério.


OS LIBERTÁRIOS NO FIM DO VELHO MUNDO


Entre as homenagens midiáticas pela morte de Oscar Niemeyer, que ocorreu faltando poucos dias pra ele completar 105 anos, uma frase sua me suscitou várias conexões reflexivas do posicionamento político dele com o de outros monstros sagrados que são meus gurus. Niemeyer, “que foi autor de uma grande obra e foi um homem maior do que sua obra” (frase de Chico Buarque), morreu reafirmando sua convicção: “O Comunismo é o único meio de melhorar o mundo, mas antes tem que se melhorar o homem”. Com a morte do mundialmente reconhecido arquiteto Niemeyer (o Gaudí brasileiro), que impregnou de arte o concreto armado com curvas femininas, morreu também o último comunista autêntico da Velha Guarda Utópica, da fantástica geração de libertários engajados, de Jorge Amado e Pablo Neruda (como também foram os avós maternos das minhas filhas, Milton e Sibila, que homenageio aqui como ativos militantes de base, inclusive na clandestinidade do PCBão nos tempos de chumbo, quando era crime ser do Partido Comunista).
 Ferreira Gullar, outro monstro sagrado, com oitenta e dois anos de idade, o maior  poeta vivo brasileiro, ex-militante do Partido Comunista, sentencia: “Não tenho dúvida nenhuma de que o socialismo acabou, só alguns malucos insistem no contrário. A luta dos trabalhadores, o movimento sindical, a tomada de consciência dos direitos, tudo isso fez melhorar a relação capital-trabalho. O que está errado é achar, como Marx diz, que quem produz a riqueza é o trabalhador e o capitalista só o explora. É bobagem. Sem a empresa, não existe riqueza. Um depende do outro. O empresário é um intelectual que, em vez de escrever poesias, monta empresas. É um criador, um indivíduo que faz coisas novas. Mas é um equívoco concluir que a derrocada do socialismo seja a prova de que o capitalismo é inteiramente bom. O capitalismo é a expressão do egoísmo, da voracidade humana, da ganância. O ser humano é isso, com raras exceções.
Ferreira Gullar faz a seguinte releitura histórica: O capitalismo é forte porque é instintivo. O socialismo foi um sonho maravilhoso, uma realidade inventada que tinha como objetivo criar uma sociedade melhor. O capitalismo não é uma teoria. Ele nasceu da necessidade real da sociedade e dos instintos do ser humano. Por isso ele é invencível. Agora mesmo, enquanto falamos, há milhões de pessoas inventando maneiras novas de ganhar dinheiro. É óbvio que um governo central com seis burocratas dirigindo um país não vai ter a capacidade de ditar rumos a esses milhões de pessoas. Não tem cabimento. Não acho que o capitalismo seja justo. O capitalismo é uma fatalidade, não tem saída. Ele produz desigualdade e exploração. A natureza é injusta. A justiça é uma invenção humana. Quem quer corrigir essa injustiça somos nós. A capacidade criativa do capitalismo é fundamental para a sociedade se desenvolver, para a solução da desigualdade, porque é só a produção da riqueza que resolve isso. A função do estado é impedir que o capitalismo leve a exploração ao nível que ele quer levar.”
 Tem que se respeitar a releitura do nosso grande poeta, pois faz todo o sentido vindo de quem foi protagonista das lutas pelo socialismo no século XX, hoje um experiente libertário franco-atirador. 
Cá entre nós, até pouco tempo atrás eu não vacilava em classificar o Luis Fernando Veríssimo como o melhor cronista gaúcho, mas nos últimos anos tenho preferido as crônicas do seu inimigo público número um, o Juremir Machado. A propósito deste dois escritores e jornalistas, por ocasião da gripe que quase levou o L.F.V. junto com o Niemeyer, o Juremir escreveu a crônica “Torcida por Veríssimo”, onde diz que não se arrepende de ter criticado (e por isso ter perdido o emprego na RBS) o pouco engajamento do seu pai Érico contra os abusos da ditadura, mas que reconhecia que “num ponto o Luis Fernando tinha razão: a sua crítica à direita. O posicionamento político de Veríssimo é digno de aplauso. A direita odeia ele, pois mesmo pedindo sua cabeça aos patrões, não conseguiu. L.F.Veríssimo pragmaticamente mirava o alvo certo: o reacionarismo das elites no Brasil.
Ao se tornar desafeto do Veríssimo, parte da direita passou a gostar de Juremir, conforme revela em sua crônica, como se por isso passasse a ser também um reacionário. Contudo, por mais que seus inimigos duvidem, ele se define como não sendo nem de esquerda nem de direita. Se declara um libertário franco-atirador que se guia por sua consciência. Conclui Juremir: "a esquerda brasileira é cheia de defeitos.  A direita consegue ser bem pior. Veríssimo compreendeu isso muito antes de mim, sou mais lento..."
Este é o ponto que eu queria chegar, por também sofrer na pele suas consequências: quem é um libertário franco-atirador, que critica todos os lados, numa época em que a esquerda é que está no poder, acaba dando munição para os reacionários da direita que nos tomam por seus aliados de oposição. Foi o que aconteceu, por exemplo,  com a minha criticada posição (tida como despolitizada) de  declarar o meu “Voto Útil pra não haver o Segundo Turno” na eleição municipal de 2012, por não ter diferenças significativas entre Fortunati (PDT), Manuela (PCdoB) e Villa (PT): “Gostaria muito de ter a pureza de poder acreditar, mas  não tenho mais o dom de me iludir com a política partidária. Contudo, o importante é conseguirmos politizar sem prepotência ou sectarismos ideológicos e, principalmente, polemizarmos sem perdermos a ternura jamais uns com os outros (como dizia o poeta Che Guevara).”

Assim, no meio de  grosso fogo cruzado entre monstros sagrados (Oscar Niemeyer x Ferreira Gullar), e pisando no campo minado da guerra de guerrilhas dos melhores colunistas do jornalismo gaúcho (Veríssimo x Juremir), como um cronista amador que sou, mero blogueiro, como eles também padeço da orfandade das utopias socialistas que ficaram soterradas nos escombros da Queda do Muro de Berlim e foram cremadas com a ascensão do neo-PeTismo ao poder. Ser um libertário franco-atirador é não ser crente nem cético, é ser agnóstico, é continuar acreditando pela perspectiva  de esquerda que “Um outro mundo é possível”, um mundo com justiça social e solidariedade entre os povos. Mas ser um libertário franco-atirador é também assumir a solidão de não pertencer a nenhuma tribo organizada, é tornar-se alvo universal de esculachos vindos de todas correntes de pensamentos políticos que ainda vagueiam como fantasmas da extinta “Cortina de Ferro”, cujas ideologias dividiam o mundo em dois blocos antagônicos com o slogan: Quem não está comigo está contra mim!...
Ser um libertário franco-atirador é como ser um indígena do povo Maia, ser alvo de piadas por quem não entendeu sua profecia de fim do ciclo de consumismo egoísta neste mundo no final de 2012, e continuar acreditando que se inicia em 2013 um novo estilo de vida humana ecologicamente sustentável neste planeta, no que restou do velho mundo apesar de suas ideologias e religiões depredadoras.