Dois dias de folga


(quinta-feira /10-dezembro/09)

     Ontem e anteontem não vim trabalhar, viajei para Navegantes em Santa Catarina, pra participar da solenidade de formatura de ensino fundamental da minha filha Lorena de 15 anos, numa escola pública municipal com a presença do Prefeito, vice e a Secretária de Educação daquele município catarinense. Foram dois dias de folga, tecnicamente chamadas de “compensação”, referentes a um banco de horas em que eu tinha créditos guardados de anos atrás, para um caso de necessidade, horas que foram muito bem utilizadas. Foi um momento de grande emoção de nossas vidas, com lágrimas de alegria, ver a caçulinha pegando o canudo!
     Mas esta minha participação neste evento no meio da semana, indo de avião num dia e voltando no outro, só foi possível porque antigamente os plantões de finais de semana davam direito a um dia de folga. Hoje em dia seria bem complicado conseguir meros dois dias sem bater o maldito cartão-ponto, mesmo para um funcionário com, mal ou bem, quase quarenta anos de serviços prestados. A organização do trabalho na sociedade moderna é um regime escravagista prisional, e nem Marx resolveu este beco sem saída em que os homens se meteram. O trabalho fornece o pão, mas não enobrece, pelo contrário, embrutece a alma.
     A propósito de vida após a aposentadoria, a minha ex-companheira Etel, a mãe das minhas filhas, está vivenciando uma outra existência, numa casa simples de madeira a meia quadra do mar de Navegantes, um local ainda com todo jeito de cidadezinha de interior, de pescadores litorâneos, mas ao lado da cidade de Itajaí, que é de médio porte, e pertinho da grande Camboriú, que é a praia dos muchachos argentinos, e vizinha do parque Beto Carreiro World, a Disneylândia brasileira. Ela, que se aposentou no ano passado, está sempre com a casa cheia de gente, sem tédio, pois a “parentaia” dela mora quase toda por lá, e ela até já compra fiado no mercadinho da esquina. Faz suas caminhadas diárias ao longo da praia e toma o seu chimarrão na areia, sob um guarda-sol, olhando o mar... não quer outra vida. Conquistou a sua alforria do mundo do trabalho!

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