Plano anti-tédio da aposentadoria

       Segunda-feira com cara de sexta. Passei as tardes de sábado e domingo fazendo provas do ENEM (Exame Nacional de Ensino Médio), a grande inovação que promete acabar com os monstruosos concursos vestibulares para as universidades brasileiras. Algumas grandes universidades, como as públicas federais, que oferecem os cursos mais disputados do país, a partir desta 12ª edição passaram a adotar o ENEM como único processo de seleção. Este exame do ENEM também é critério de avaliação para o fornecimento de bolsas de estudos em universidades particulares através do ProUni - Programa Universidade para Todos, destinadas aos egressos do ensino médio de escolas públicas, com renda familiar de até três salários mínimos.
      Ocorre que a UFRGS adotou a nota do exame de ENEM como sendo mais uma nota (com peso 1) somada à média das noves provas tradicionais do seu vestibular (com peso 15), para compor o argumento de concorrência que é dado pelo escore padronizado da média harmônica ponderada destas duas parcelas. Assim, meio sem querer-querendo, condicionado pela necessidade de estudar junto com a minha filha que está batendo às portas da universidade, de preferência pública e gratuita, e motivado pelo fato estar às vésperas de me aposentar e de estar se esgotando o prazo de validade do meu vestibular anterior, que é de 2003 para Filosofia, estou novamente envolvido nesta torturante loucura que é fazer uma bateria de provas de vestibular, agora ampliada da pré-temporada do ENEM.
     O meu plano, quando resolvi voltar a conquistar uma vaga na UFRGS em 2003, na época em tinha 49 anos e pretendia me aposentar aos 53 anos (já pagando o pedágio de 1 ano e cumprindo a idade mínima de 53 anos do FHC, pois pela lei antiga eu sairia aos 52 anos de idade), era de que estaria cursando filosofia ao me aposentar e, portanto, estaria devidamente ocupado, espantando de antemão o fantasma da síndrome do tédio própria dos aposentados recentes.
     Agora, novamente às vésperas de me aposentar (se nenhuma outra Reforma da Previdência ocorrer) e de simultaneamente ser jubilado da UFRGS por decurso de prazo, vale dizer, ser excluído como aluno de filosofia, defenestrado, vou aproveitar para tentar re-editar o plano anti-tédio da aposentadoria, apenas que agora buscando vaga no curso de Letras-Espanhol.

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