LICENÇA PRÊMIO NA COPA DO MANDELA


Sexta-feira – 11/junho

       O bispo Tutu da Igreja Anglicana da África da Sul, prêmio Nobel da paz em 1984 por sua luta contra o Apartheid, disse eu sua manifestação emocionada no show de abertura da Copa do Mundo de Futebol 2010: A África é o berço da humanidade, somos todos africanos; mas eu entendi mal e pensei que ele havia dito que a África é o “gueto” da humanidade, e achei o máximo! Ao lado de Nelson Mandela, Desmond Tutu foi uma das figuras centrais do movimento contra o Apartheid.
        Todos esperávamos ver na TV a figura lendária que é Nelson Mandela, esperávamos vê-lo com radiante expressão de alegria na sua aparição pública prevista no ato de abertura, alegria por estar realizando a Copa do Mundo em seu país. Mas um dia antes da abertura do Mundial da África do Sul, no dia do Concerto, a sua bisneta de 13 anos, que saia do Show de Abertura, morreu num acidente de carro que capotou. O autor deste acidente vinha embriagado. Devido a este terrível acontecimento, Mandela não pode estar presente na abertura do Mundial2010.

        Depois de ter sido condenado a prisão perpétua (e escapado da pena de enforcamento), de ter ficado preso por 28 anos (quando o clamor "Libertem Nelson Mandela" se tornou bandeira de todas as campanhas e grupos antiapartheid ao redor do mundo), de ter recebido o Prêmio Nobel da Paz em 1993 e ter se tornado o primeiro presidente negro da África do Sul em 1994, Mandela chega aos 91 Anos de idade com invejável legado de realizações em benefício da humanidade. É o Gandhi da África!
          Recentemente assisti ao filme Invictus - de Clint Eastwood e que traz Morgan Freeman magistralmente como Mandela. O filme conta parte da trajetória de Nelson Mandela, abrangendo o período imediatamente posterior à sua eleição para presidente da África do Sul. A Copa do Mundo de Rúgbi, pela primeira vez realizada no país, fez com que Mandela resolvesse usar o esporte para unir a população. Mandela usou com muita habilidade, um esporte de origem britânica e popular entre os brancos do país, para promover a união do povo sul africano. Esse é o mote deste trabalho de Clint Eastwood.
        Se o estadista Mandela conseguiu com o Rúgbi (que é uma espécie de futebol americano) promover a união de um povo negro traumatizado pela crueldade da minoria branca do seu país, imagina o que ele não conseguiria em todo o continente Africano com a Copa do Mundo de Futebol...Mas ele está merecidamente aposentado da política e dedicado à família e, agora, lamentavelmente ao seu luto pela netinha.

         O Mandiba, como é conhecido na África do Sul (que é um título honorário recebido dos membros do clã de Mandela), certamente vai torcer muito pelos “Bafana Bafana”, pelos meninos da seleção de futebol amarela e verde da seu país; como nós vamos torcer pelos nossos. Mas se, por milagre, os banfana-bafana ganhassem a copa, acredito que todos ficaríamos contentes, devido ao espírito de compaixão que a África nos inspira. Afinal, como disse o Bispo Tutu, somos todos oriundos da África. É verdade, conta a história contemporânea que a primeira civilização humana a se formar foi a hindu na Índia, formada por povos que emigraram da África e que, posteriormente, se espalharam por toda Europa e Ásia, dando origem a todos os diferentes povos e nações.
        Assim, como somos todos afro-descendentes, o envolvimento com a causa africana de minha parte foi entrar de Licença Prêmio por trinta dias para ficar assistindo aos jogos bons e ouvindo, de cabo-a-rabo do Mundial, aos zumbidos das “vuvuzelas” e torcendo por todas as seis equipes de países da África (África do Sul, Gana, Costa do Marfim, Nigéria, Camarões e Argélia), além da nossa é claro. Essas cornetas africanas, de um metro de comprimento, estão levando as emissoras de televisão européias a se queixarem na FIFA do seu barulho nas transmissões das partidas, o que é a grande fonte de renda da federação organizadora do evento. Todavia, o Comitê Organizador do Mundial2010 de futebol já esclareceu que, por serem cornetas associadas às tradições culturais sul-africanas, as vuvuzelas poderão ser utilizadas nos estádios, salvo algumas exceções por motivos de segurança, caso sejam utilizadas para atacar ou ferir outros torcedores ou lançadas para o gramado.

        Como a seleção brasileira do Dunga não está empolgando ninguém, por enquanto, o que mais me empolgou , como ao mundo todo, foi poder conhecer a realidade e os pitorescos aspectos das culturas africanas através das coberturas televisivas, o que já justificou com méritos a realização pela primeira vez da Copa Mundial na África. Para quem imaginava que na África sempre fazia o calor do deserto de Saara e das Selvas do Tarzan que vivia de tanga entre os leões nos filmes, foi uma surpresa ver os repórteres tiritando de frio e nos anunciando que está fazendo temperaturas em torno de ZeroºC em Joanesburgo à noite, cidade que fica a 1.800 metros de altitude.
         Agora, com a bola começando a rolar no Mundial2010, vou ficar em casa numa breve pré-temporada, ensaiando novas rotinas para a vida de aposentado, além de ler e escrever e ficar torcendo para que vença o melhor de cada jogo...com belos lances e gols.

Engenharia Sociológica nas Vilas

  -Conta aquela!...Pediu-me por e-mail um amigo leitor deste blog, tipo aqueles “bebuns” em boteco com música ao vivo, pedindo para o vocalista cantar uma das antigas:
  - Conta da ASSEC e de como você me deu as primeiras dicas de EXCEL...pediu ele.
         Esta postagem vai, à pedido, para o meu amigo Konrad.

        Quando terminou a grande epopéia da Intervenção postada neste blog como Ocaso do Montepio, encerrou-se também o meu estar à disposição da Comissão de Intervençaõ. Então, feito o personagem Ulisses da Odisséia de Homero que ficou à deriva quando retornava vitorioso da Guerra de Tróia, ao tentar retornar para o DMAE fiquei três dias sobrevoando sem ter teto para pousar, mais precisamente sem um local para trabalhar e nem uma cadeira para sentar. O Nerci, que era o Superintendente de Operações da época, também oriundo da Divisão de Manutenção, autorizou que eu ficasse em casa e que telefonasse diariamente até que ele conseguisse um ancoradouro onde eu pudesse atracar. No quarto dia lancei âncora numa salinha apertadinha com mais três colegas na ASSEC.
       A Assessoria Comunitária (ASSEC) era um apêndice da estrutura operacional do DMAE na Era Petista. Este órgão, na verdade, era extra-oficial, pois nunca existiu no organograma da empresa. A Assessoria Comunitária, porém, vem de antes do PT, foi impalntada pelo primeiro prefeito eleito, Alceu Collares, no início da redemocratização do país, quando a administração pública percebeu a importância de se estabelecer um relacionamento mais sociologicamente profissionalizado com as comunidades carentes da nossa cidade. No início, na gestão pedetista e sob a coordenação da Drª Alpha, este serviço comunitário era denominado de PROSAVI (Programa de Saneamento de Vilas).
       Meus novos colegas de sala eram dois engenheiros civis (Marcos Scharnberg e Weber) e um arquiteto (Konrad), mas em seguida o Weber foi transferido e ficamos em três, por cerca de dois anos. Soube que pouco tempo antes de minha chegada já tinham passado por lá os engenheiros Souto, que hoje é o Superintendente Operacional, e a engenheira Sônia, que posteriormente foi minha diretora quando transitei por breve tempo pela Divisão de Planejamento. Foi um período de intensos aprendizados mútuos através de trocas de experiências profissionais e culturais. Com os meus colegas da sala aprendi a dominar a elaboração de projetos de redes públicas de água e de esgoto cloacal, período em que inclusive cursei disciplinas de saneamento no curso de Engenharia Civil da PUC; em contrapartida, como eu era recém saído da universidade, já estava mais familiarizado com os recentes computadores pessoais (PCs), pois já tinha o meu particular a algum tempo para fazer os trabalhos da faculdade, de forma que pude auxiliar na introdução dos colegas na nova geração de programas da Microsoft, especialmente o Excel. Trocamos muitos disquetes e fitas cassete com músicas da preferência de cada um: eu com MPB, o Konrad com rock da antiga e o sociólogo Jorge Maciel Caputo com o repertório cubano, argentino e, sobretudo, o uruguaio.
 Éramos um grupo técnico de engenharia cercado por sociólogos por todos os lados: tinha a Fátima Silvello, a Antônia, a Lea Maria, a Enid Backes e o figuraço do Roque, um ex-seminarista da velha-guarda, oriundo de movimentos igrejeiros junto aos colonos sem terras, um radical defensor raivoso de soluções imediatas para as comunidades carentes dos serviços de água e esgoto, independente dos estudos de viabilidades técnicas. O “Padre Roque” achava um absurdo o departamento gastar dinheiro com aparelhos de ar condicionado para os seus funcionários, ao invés de gastar este dinheiro com as pessoas carentes da periferia...
        Vivíamos o período de ouro da Orçamento Participativo, cuja implantação e coordenação geral no âmbito de toda a prefeitura foi feita, durante os dois primeiros mandatos petistas, pelo meu irmão Gildo Lima, em cujas noturnas reuniões temáticas nas mais humildes vilas e inimagináveis comunidades, era exigido a presença dos técnicos, para não deixar que os sociólogos viajassem demais na maionese de seus devaneios teóricos de realização das demandas reprimidas dos mais pobres. Éramos os faróis do realizável, por sermos técnicos também petistas ou simpatizantes. Aliás, a princípio, ser no mínimo de esquerda era um perfil necessário para compor a equipe da ASSEC, já que este era o órgão que fazia o corpo-a-corpo com as comunidades em nome da Administração Popular. Mas, por mais contraditório que possa parecer, o coordenador geral da Assessoria Comunitária nesta época era o farmacêutico Alceu, oriundo do PDS do prefeito Dib e que migrou para o PFL quando Wilson Ghignatti assumiu a Direção Geral do Dmae. Estando prestes a se aposentar, o Alceu estava transitando bem até entre os pele-vermelhas petistas que ocupavam territorialmente a ASSEC; e foi coordenador até sair atrás de seu sonho de ficar rico com a venda de produtos da Amway na sua aposentadoria.
        O trabalho da assessoria técnica era o de receber as demandas de extensão de redes de água, captadas pela linha de frente dos assessores infiltrados nas favelas, geralmente de extensões de rede morro acima, devido às novas construções de casebres em alturas topográficas onde a pressão da rede de água não alcança. Pelo menos não como determinam as normas técnicas, qual seja, de ter pressão de 10 metros de coluna d’água nos hidrômetros de entrada das casas (para poder acionar devidamente os chuveiros elétricos). Qual hidrômetros, que nada!...Nossa função “politicamente correta” era a de ter consciência que a água e o esgotamento sanitário são uma necessidade essencial que precisa ser garantida pelo serviço público para as pessoas, mesmo que elas não possam pagar. Assim, contrariando o senso comum do corpo técnico do DMAE, elaborávamos projetos de extensão de rede de água mesmo sem as condições mínimas das normas de abastecimentos, de modo que os usuários ficavam sujeitos a só terem abastecimento durante a noite, quando baixa o consumo de água pela população e a pressão consegue alcançar locais mais altos. Com certeza era infinitamente melhor para estas populações ter um abastecimento com interrupções diárias, de modo que pelo menos pudessem encher os seus reservatórios durante a noite, do que não ter nada dia e noite em respeito às normas técnicas, e ficarem dependendo de caminhões pipas. Era um posicionamento técnico politizado de nossa parte.
        Segundo depoimento do Konrad, que ficou mais tempo por lá juntamente com o Luiz Fernando Albrecht, depois que eu saí em 1997 e vim para ser Diretor da DVM, a ASSEC foi extinta no início do governo Fogaça, sob a alegação que o seu papel poderia ser desempenhado por outros setores da Estrutura do DMAE. Mais tarde se viu que isto não se realizou, pois a ASSEC não era simplesmente uma Assessoria Comunitária, ela agregava outros valores de atuação integrada com educação ambiental e participação comunitária no planejamento das ações do DMAE.
                    Eu sei que durante este meu trabalho na ASSEC, além de comer os suculentos e inigualáveis churrascos de ripa de costela assados pelos colegas Coelho e Paulo Melo da topografia, secretariados que fomos sucessivamente pela colegas  Kátia da Costa,  Lauren Taís e Elizete dos Santos, tive a oportunidade de vistoriar e fazer levantamentos em becos, vielas e vilas que me marcaram muito, que me deram consciência das péssimas condições de vida em que vivem parcelas significativas da população portoalegrense. Vi muitas crianças brincando de barquinho em esgotos à céu aberto, mas pude projetar e determinar também a construção de muitas redes de esgotos...Conforme quantificações que fazíamos na época para justificar o recebimento da Gratificação de Incentivo Técnico (GIT – que foi uma espécie de introdução ao “ganho por performance” dos PGQPs atuais), eu projetei a execução de mais de 5.000 metros de pequenas extensões de rede de água, possibilitando o acesso a esse bem vital a milhares de pessoas:

-Valeu companheirada da ASSEC!

RISCOS DE VIDA E OS MORTOS DA DVM

  
        Hoje, dia oito de julho, cerca de três meses depois que o jovem Vavá morreu eletrocutado na parada de ônibus, o inquérito policial remetido à justiça indiciou por homicídio culposo oito pessoas. O indiciamento envolve três engenheiros e um eletricista de uma empresa terceirizada, contratada para a manutenção da rede pública de iluminação, e dois engenheiros e dois técnicos da prefeitura (SMOV e EPTC). Segundo a perícia do Departamento de Criminalística houve falta de fiscalização do serviço de manutenção, e houve omissão de providências após o recebimento de denúncias dos usuários sobre a ocorrência de choques elétricos na parada de ônibus. Segundo o laudo do delegado, Vavá não teria morrido se não ocorresse negligência
        Em nota oficial o Prefeito afirmou que não afastará os servidores indiciados, e que aguardará até a conclusão do inquérito da Comissão de Sindicância que avalia o caso para as tomadas de providências administrativas cabíveis.
        Os pais de Vavá receberam bem o resultado do inquérito policial e acreditam que a justiça está sendo feita.
        Esta tensão apreensiva decorrente da responsabilidade técnica dos engenheiros (e técnicos de grau médio) diante de acidentes fatais, me remonta para o caso do acidente de trabalho do jovem eletricista Ubirajara Teixeira, o Bira, lá pelos anos oitenta e poucos. Não se trata aqui de responsabilidade técnica, mas de riscos técnicos de acidentes fatais no trabalho, sem que recaia sobre ninguém a responsabilidade sobre os nossos mortos. Na ocasião do acidente, eu era o técnico industrial de plantão da DVM durante o final de semana, quando fui acionado em casa, no turno da noite, pela Central de Informações do DMAE, tendo em vista que a Estação de Bombeamento de Água Bruta da Hidráulica do Menino Deus estava parada. Ao chegar ao local, fiquei sabendo pelo operador da estação que a equipe da manutenção tinha se retirado do local para levar um dos colegas ao Pronto Socorro, o qual tinha sofrido uma descarga elétrica. Sem maiores informações técnicas de qual defeito estava ocorrendo na estação, tomei os procedimentos para tentar colocar em funcionamento os grupos de bombeamento de água; de modo que sozinho resolvi fechar as chaves seccionadoras de alta tensão no poste de entrada de energia. Quando bati o último elo-fusível pude ter a dimensão da gravidade do acidente de trabalho que vitimou o Bira, pois o prédio ficou parecendo um dragão agitado, cuspindo fogo e soltando baforadas de fumaças pelas portas e janelas, até que novamente queimassem os fusíveis de alta tensão do poste onde eu estava trepado na escada e apavorado com o “cagaço”.
       Na minha prática profissional de manutenção eletro-mecânica levei muitos cagaços com altos riscos de morte, em alguns salvo pela sorte e pelo acaso, para poder estar aqui contando causos. Como o que ocorreu certa feita, quando eu e o Seu Oswaldo (vulgo Cerração, falecido pai do colega Neblina), capataz de equipe e meu primeiro mestre no trabalho de campo da manutenção, estávamos consertando uma chave de partida de um motor de grande porte da antiga USINA (quando ainda era a Estação de Bombeamento de Água Bruta unitária da Hidráulica São João e da Moinhos de Vento). Por sorte, no momento em que fomos testar o funcionamento do quadro de comando elétrico, ao invés de ficarmos com a portinhola aberta para observarmos o acionamento dos dispositivos internos, resolvemos fechar a portinhola para observamos os aparelhos de medição que estavam fixados nelas (amperímetros e voltímetros). Ao apertarmos o botão de liga, ouvimos um grande estrondo dentro do quadro e automaticamente desarmou toda a estação. Depois de corrermos até a rua no cagaço e voltarmos cautelosamente, quando abrimos a tal portinhola, diante da qual estávamos os dois com a cara exposta, vimos que pelo lado de dentro escorria metal derretido que foi projetado em decorrência do curto-circuito que ocorreu, de modo que se estivéssemos com a portinhola aberta, estaríamos fritos!...

        Naquela noite do acidente de trabalho do Bira, logo em seguida chegou o colega Barradas (já falecido), que era o engenheiro plantonista, e juntos colocamos em funcionamento a EBAB Menino Deus. Depois acompanhamos o caso, junto com a capataz Jorjão (que era uma fofura de negão de 180 Kg com “barriga de avental” - também já falecido), então chefe imediato do acidentado. Bira ficou sobre observação médica por vários dias no HPS, por apresentar queimaduras internas, devido aos gases quentes que inspirou na hora que acidentalmente provocou um curto-circuito com as ponteiras do multímetro manual, aparelho com que efetuava medições elétricas e que estava muito próximo do seu rosto. Em decorrência destas queimaduras internas o Bira faleceu, creio que poucos dias depois do acidente, sem ter chegado a sair do hospital.
        A sindicância administrativa interna do DMAE apurou que houve falha humana no manuseio das ponteiras do multímetro que provocou o curto circuito.
-Valeu Bira!

          Valeu! – Também para tantos outros colegas que partiram na ativa, sem chegarem à aposentaria, por morte causada por doença ou “de susto, de bala ou vício - num precipício de luzes entre saudades e soluços” ( Parafraseando o Caetano Veloso - Soy Loco Por Ti DVM!):


-Valeu Wander (Louquinho), Paulo Ricardo de Freitas (Pé de Vento), Araújo Fofinho), Juarez da Silva (Lagartixa), Gilberto Santos (João do Pulo), Paulo Rogério (Gato).
                                   
-Valeu Gelson Barros (Barrinho), Eduardo Calesso: mortos por doenças.
-Valeu Fábio Mentz (Scooby Doo), Roberto Garcia (Poste), Paulo Ricardo Gonçalves (Ratão): mortos por acidentes de automóveis e afogado no mar;

- Mortos por acidentes de trabalho (por choque elétrico e afogamento, respectivamente):
       Valeu Ubirajara (Bira), Cláudio Martins (Careca - que morreu afogado na EBAB Ilha da Pintada).

Valeu! – Também para o outro lado, o dos aposentados da DVM, de onde nos chegou a notícia que neste mês de julho morreu o pastor Tio Pedro (o Amiguinho), assim como tantos outros que chegaram a usufruir algum tempo da aposentadoria, mas que já partiram desta vida:

         Valeu Seu Oswaldo (Cerração), Jorjão, Tio Pedro, Bulbós (conterrâneo de Herval), Fernando (Manjerona), Alonço (Ratinho-Miau!), Iracema, Vera (Dona Flor), Hartmut, Joreci (Jacaré), Eny (Pinóquio), Noel Lucas (Mazzaropi), Ciríaco (Mangona), Carlinhos (Pai herói), James (Mão Pelada), Mário Bernardes (Pantera Cor de Rosa)!
...........................................
        Participe caro leitor do meu blog, se estiver faltando algum nome ou apelido complemente a lista com o seu comentário. Ajude a reconstruir esta pequena parte da história do Dmae.

O FILÓSOFO DO AMOR & OS EVENTOS PAPO-CABEÇA


22/05/2010

        O filósofo e ex-ministro da Educação da França, Luc Ferry, encerrou ontem o 6º Fórum Político Unimed/RS, apontando que o amor e a sustentabilidade mudarão a política e constituirão uma nova revolução mundial. O jornalista Juremir Machado, que fez a mediação da palestra do filósofo com a participação do crítico literário Antônio Hoffeldt, em sua coluna do Correio do Povo forneceu mais informações sobre o palestrante ilustre: Luc Ferry ficou conhecido por ter feito aprovar a lei que proíbe o uso de símbolos religiosos em escolas públicas de ensino fundamental e médio. Luc foi namorado de Carla Bruni, e trocou-a por outra mais jovem e mais bonita. Foi ele quem apresentou Carla Bruni ao presidente da França Nicolas Sarkozi. Luc tem seus livros publicados em 40 países, sendo que o "Aprender a Viver" já vendeu mais de 700 mil exemplares.

         Destes grandes eventos “papo-cabeça” que se realizam em Porto Alegre, a exemplo do “Fronteiras do Pensamento”, pouco ficamos sabendo, só respinga pela imprensa frases prontas para nós, o grande público submetido ao jugo do trabalho e monitorados pelo relógio ponto, os excluídos deste mundo seleto dos intelectuais. Assim como há quem pague vultosas granas para assistir shows noturnos de mega-estrelas do pop-rock, há também quem (como eu) gostaria de ouvir as palestras diurnas dos grandes pensadores vivos contemporâneos, se tivesse disponibilidades...
         No ano passado, ainda como estudante de filosofia, tive a oportunidade de ler o livro Aprender a Viver – Filosofia para os Novos Tempos do Luc Ferry. Nele o autor afirma que precisamos ultrapassar o materialismo filosófico e desenvolvermos, para quem não crê na salvação proposta pelas doutrinas religiosas, a aceitação de uma espiritualidade pós-nietzschiana. Precisamos superar o conceito materialista de que a esperança é mais uma desgraça do que uma virtude benéfica. Precisamos contornar a noção de que a esperança é um desejo sem poder e sem saber realizar, cujas principais características são a frustração, a ignorância e a impotência; mas o que não deixa de ser um raciocínio impecável, pondera o filósofo.

          Daí vem a questão fundamental do humanismo contemporâneo: como desembaraçar o humanismo das ilusões metafísicas que traz consigo desde as suas origens no nascimento da filosofia moderna? Os quatro valores fundamentais da existência humana, quais sejam, verdade, beleza, justiça e amor, são essencialmente valores transcendentes e imanentemente reais em cada indivíduo. Não são uma ficção metafísica em forma de um ídolo como um “Deus”, o “paraíso”, a “república democrática” ou o “socialismo”.
          A beleza de uma paisagem ou de uma música nos arrebatam quer queiramos ou não, da mesma forma “caímos de amores” por alguém e não é por escolha deliberada. O humanismo não metafísico quer assumir que há uma real transcendência dos valores fundamentais dos seres humanos, e que eles são imanentes, ou seja, não são impostos a nós em nome de argumentos deduzidos de alguma ficção metafísica ou em prol de uma autoridade. Estes valores transcendentes são imanentes em cada um de nós.
          O humanismo contemporâneo surge após a Segunda Guerra Mundial, quando percebemos os malefícios potenciais da ciência que se torna responsável por terríveis crimes (como Hiroshima e Nagasaki), notadamente no campo da ecologia e da bioética. A ciência deixa de ser dogmática e os cientistas passam a fazer auto-críticas e reflexões sobre os perigos da fusão dos átomos, do efeito estufa, dos organismos geneticamente modificados e das técnicas de clonagens, etc. A ciência não tem mais certeza de si mesma, e a história se torna a rainha das ciências humanas; tomando a psicanálise como modelo de auto-reflexão, a disciplina da história nos permite compreender melhor o presente para podermos orientar o futuro.
        Como o próprio Nietzsche percebeu, a problemática moral aparece quando um ser humano propõe valores que sejam superiores ao valor da vida, valores sacrificiais. Para Luc Ferry, a moral se estabelece quando princípios nos parecem (com ou sem razão) tão elevados que valeria a pena arriscar ou mesmo sacrificar a vida para defendê-los. Alguns valores, como assistir a atos de injustiça e covardia contra crianças ou pessoas indefesas, ou contra alguém a quem amamos, poderiam nos levar a assumir um risco de morte. Isto implica que existem valores transcendentes, já que são superiores à vida.
        O que acontece é que nos homens modernos os motivos tradicionais de sacrifícios falharam. Ninguém mais está disposto a sacrificar a vida pela glória de Deus, da pátria ou da revolução proletária, mas pela sua própria liberdade e pela vida dos que eles amam é possível que se aceitem desafios para combates com risco de morte. Em resumo, as transcendências de outrora não foram exterminadas pelo materialismo, e sim foram substituídas por formas horizontais de transcendências e não mais verticais, enraizadas em seres que estão no mesmo plano que nós: o amor familiar.
        O humanismo não metafísico de Luc Ferry propõe que se reflita sobre três elementos antes de repensarmos a questão da salvação (elaboração da inquietude devida à finitude da vida): a exigência do pensamento alargado, a sabedoria do amor e a experiência do luto.
        Nos raros momentos que conseguimos viver um amor intenso, conseguimos nos libertar da tirania do passado e do futuro, como sugeriam os gregos e os hindus, para habitarmos o presente sem culpa e serenamente. O amor, via de regra, germina da admiração de qualidades abstratas particulares no outro, tais como beleza, força e inteligência. No entanto, estas qualidades não pertencem essencialmente a um determinado ser, são abstratas, podem ser encontradas em qualquer outra pessoa, bem como podem desaparecer de um indivíduo que ficou feio, fraco e idiota. Estes atributos não constituem a singularidade de alguém, e só a singularidade, que ultrapassa o particular e o universal, pode ser objeto de nosso amor. Pascal tinha razão quando afirmava: “Se nos prendemos às qualidades particulares, nunca amamos verdadeiramente ninguém”.
        O que amamos nele, não é nem a particularidade nem as qualidades abstratas universais, mas a singularidade que o distingue e o torna sem igual. Essa singularidade não é dada no nascimento, ela se forja sem que tenhamos consciência, ao longo da existência, e que se constitui numa experiência individual que é insubstituível e inigualável em suas relações próprias com os outros.
        Com o pensamento alargado e com a singularidade podemos reinvestir no ideal estóico grego desse “instante eterno” que é o presente, que liberta-nos das angústias de morte ligadas à finitude e ao tempo. Evidentemente que nada pode concorrer com a doutrina cristã de salvação, de ressurreição dos corpos e de reencontro após a morte com aqueles que amamos...desde que acreditemos. Mas se não somos crentes - e não podemos nos forçar a sê-lo, nem fingir – precisamos ter outra abordagem desta questão da salvação e do luto do ser amado que nunca mais encontraremos após a morte.
         O Luto do Ser Amado tem tido até então dois modos de enfrentamento. O modo dos budistas que é praticamente igual ao dos estóicos, recomenda o “não apego”, apesar de pregar a compaixão e a amizade. Se cairmos nas armadilhas dos apegos do amor, nos privamos da felicidade, da serenidade e da própria liberdade, uma vez que a vida é mudança permanente e todos são perecíveis. Apego significa estar ligado, não livre. Para se libertar dos laços que o amor tece, estas doutrinas adotam a sabedoria do não apego. O outro modo de enfrentar o luto do ser amado é o do amor a Deus dos cristãos, com direito à ressurreição e reencontro.
        Mas Luc Ferry considera que nenhuma destas atitudes é conveniente para o humanismo pós-moderno, pois não podemos e nem queremos não nos apegar. Segundo o autor,   o Dalai-lama reconhece que o único meio de viver o “não-apego” é a vida monástica, sendo preciso viver sozinho para se evitar laços e ser livre. Como não é esta a nossa opção de vida, por não conseguirmos praticar a sabedoria budista precisamos adotar a sabedoria do amor que deve ser elaborada por cada um de nós e em silêncio. Precisamos aprender a viver e amar como adultos, pensando na morte, não por fascinação mórbida, mas para ficarmos atentos de fazer aqui e agora, na alegria, com aqueles que amamos e dos quais, mais cedo ou mais tarde, vamos nos perder. Esta sabedoria constitui o coroamento do humanismo contemporâneo, enfim, desembaraçado das ilusões da metafísica e da religião.
.......................

        A vida cultural portoalegrense é altamente instigante e variada. Eu vivo olhando as programações e prometendo para mim mesmo que quando eu estiver aposentado eu vou cumprir todas estas agendas do “segundo caderno” Cult. Vou assistir desde estes fóruns internacionais de “alargamento do pensar como um ato político”, que são pagos e caros, mas especialmente os eventos artísticos de baixo custo e gratuitos, que são muitos e também de alta qualidade. De tanto eu ficar repetindo para diferentes coisas que surgem que “isso eu vou fazer quando estiver aposentado”, que as pessoas da minha intimidade ironizam que vai faltar tempo pra realizar tantos projetos na minha aposentadoria. Esta é a ideia!...

GUERRA DE TITÃS PELO SENTIDO DA VIDA

        O Álvaro, o meu colega de “cela”, e o Rogério, o meu atual Diretor, chegaram empolgados com a palestra empresarial de neurolinguística motivacional do tipo “auto-ajuda” promovido pelo Escritório de Qualidade, prática que agora busca promover o trabalho ao status de “sentido da vida” das pessoas modernas, já que a vida perdeu o seu sentido transcendental na sociedade contemporânea e este lugar está vago.
        Após também a ciência perder o seu status de potencial candidata a ser o sentido da vida, por não ter conseguido propiciar a construção de uma sociedade justa e fraterna, a tendência gerencial pós-moderna é de fazer do trabalho uma espécie de religião. Com a globalização, as antigas motivações de vantagens salariais e sociais são coisas do século passado, e como só resta a perspectiva de perdas e desempregos, os mega-empresários multinacionais (aqueles que no budismo se diz que vivem no mundo dos deuses, que têm tudo para serem felizes, como o mexicano Carlo Slim, dono do trio Claro-Net-Embratel, que é tido como o homem mais rico do mundo) estão querendo canalizar para o trabalho toda a energia devocional com que os crentes se dedicam voluntariamente aos seus cultos, com custo zero. Neste sentido, os grandes executivos/políticos (que no budismo se diz que vivem no mundo dos semi-deuses, seres que vivem guerreando entre si e com os deuses – Guerra de Titãs - para aumentar cada vez mais a sua própria riqueza, querendo também ele vir a ser mais um do mundo dos deuses) estão catequizando as massas de assalariados com estas palestras motivacionais através da seita dos Programas de Qualidades, como o PGQP do Sr. Gerdau no território gaúcho.

Lama Padma Samten
        A propósito de religião, com a sua sabedoria peculiar o Dalai-lama diz que “os cientistas são crentes e os budistas são céticos”, e não o contrário, como se poderia imaginar. A ciência é crente em suas teorias e hipóteses, já os budistas são ateus.
       O Lama budista Padma Samten, ex-professor de Física quântica da UFRGS, comenta na Revista Bodsatva de março/2010 que está participando de grupos de estudos multidisciplinares, promovido por corporações empresariais globalizadas, grupos estes que reúnem com cientistas toda a gama de religiosos, desde o judeu ao espiritismo e ao candomblé. Referencia o Lama que no ano passado 86 bancos (de propriedade dos deuses) quebraram nos EUA nas mãos dos executivos (semi-deuses) que não perceberam a bolha que se formou e os engoliu. Deuses, semideuses e humanos (trabalhadores assalariados e autônomos) entendem agora, avalia o Lama, que precisam formar uma aliança para estabilizar a biosfera com sustentabilidade e pacificar as pessoas através da harmonia.
        Os deuses e semideuses precisam repensar este modelo de civilização motivada pelo consumismo desenfreado de “supérfluos” tecnológicos que, além de terem alto custo de danos ao meio ambiente em sua produção, rapidamente ficam obsoletos e se transformam em lixos não degradáveis e altamente poluentes. O paradoxo fatal é que se houvesse uma inclusão social mundial das populações que hoje vivem em condições sub-humanas, inclusão em que todos os seres humanos tivessem um padrão classe média de consumo europeu ou americano (que é a felicidade que todos almejam), precisaríamos de dois ou mais planetas para sustentar tais demandas; logo neste modelo vigente o bem estar de alguns precisa da miséria degradante de muitos.

        Todavia, as mudanças de perspectivas dos donos do mundo e seus executivos/políticos ainda não são suficientes para que eles possam assumir tratados internacionais com metas de redução do efeito estufa, do buraco de ozônio e da fome & sede no planeta; ainda não se convenceram que este modelo de progresso civilizatório que produz como se a matéria prima da natureza fosse inesgotável é ecologicamente insustentável. Mas já estão discutindo estas possibilidades e estão buscando incorporar a metodologia da pregação teológica sobre o pessoal que vende sua mão de obra, visando neutralizar a surrada dialética ideológica da mais valia do senhor-escravo e patrão-empregado e, é claro, sempre visando aumentar a produtividade e o lucro e diminuir o custo.
       Assim, vendo a empolgação dos meus colegas com estas palestras motivacionais de promover o trabalho para ser o sentido da vida de cada trabalhador, me sinto triplamente cético sobre a mistificação do trabalho nesta Guerra de Titãs: por eu ser ateu, ser anarquista e ser um aposentando!...

FAROESTE MATUNGO

13 de maio/Zumbi

      Tem vivente que é contador de história nato, que sabe levar o suspense e manter o ouvinte atento, mas geralmente estes proseadores têm o defeito de alongarem e enfeitarem com detalhes demais o causo. E, pior do que isto, costumam emendar uma história na outra, num prosear sem fim. Este é o caso do Gervásio, mais conhecido como o Matungo, colega eletro-mecânico da DVM e morador do topo da Vila São José, criado no alto do Morro da Cruz, que é um conhecido ponto de tráfico em que nem a polícia entra, onde o faroeste corre solto, e que se tornou célebre por ser o tradicional local da crucificação do Cristo na encenação da via-sacra da procissão da Semana Santa.
       Quando o Gervásio puxa conversa e engrena, eu costumo delimitar de antemão: um causo por dia! Hoje ele me contou rapidinho um dos seus infindáveis causos inéditos. Relatou o causo de um tal Fulano (a fonte solicitou que omitisse nomes), sujeito que morava na vizinhança e que teve a sua mãe agredida durante um assalto por um vagabundo cheirador de crack do morro. Conta o Matungo que, conforme o próprio Fulano lhe contou, uma vez localizado o malandro num boteco das redondezas, enfiou o cano do seu revólver calibre 38 na boca do ladrãozinho agressor de sua mãe e detonou, sem dó nem piedade, depois virou as costa para ir embora quando foi questionado pelo seu irmão, que ajudava na vingança: E se o danado não morrer do tiro? - O Fulano não teve dúvida, voltou e degolou a agonizante vítima, depois virou-se respondendo ao seu mano: esse vai morrer com certeza! Depois saíram a passo... – E o corpo, eu perguntei? - O defunto foi dado como queima de arquivo pela polícia, pois o cara tinha longa ficha corrida, complementou o Matungo narrador.
Matungo, o Sombra do Jalba.

         O Gervásio também é um aposentando, fechou recentemente as condições para se aposentar, mas não consegue se decidir, por não saber o que vai fazer depois. Concluiu que os seus antigos biscates de consertar refrigeradores e televisores estão em baixa no mercado. O cara era do tempo dos aparelhos de rádios e TVs valvulados e, como eu também fui “fuçador” em eletrônica, denominei de “vulcão” o monte de peças e sucatas de chassis que ele tinha no pátio de casa, o qual funcionava como um depósito a céu aberto, para serem aproveitadas em seus consertos. Conta que ficou “engatado” com tantos refrigeradores e televisões, de clientes que mandaram consertar e que não foram buscar, que estava pensando em abrir um brique em casa; mas que nem pra isso dá mais, pois os eletrodomésticos se tornaram descartáveis, com o incentivo do governo para que as pessoas troquem os aparelhos velhos por modernos com menor consumo de energia elétrica, reconhece ele próprio.
         A exemplo dos “coiotes” que servem de guia aos “cucarachos” que tentam imigrar clandestinamente nas fronteiras do Tio SAM, o Matungo também nos serviu de “coiote” quando recorremos, em desespero de causa pela enxaqueca crônica da Magda, a um tratamento espírita com o Dr. Queirós, médium incorporado que atende justamente no “olho do furacão” do Morro da Cruz. Somente acompanhado de um nativo da vila para nos arriscarmos a subir à noite até o centro espírita do renomado médium, onde sempre tem fila de pessoas para serem atendidas, feito o SUS. As enxaquecas da minha mulher continuam até hoje, mas para nos valeu muito a experiência vivida no território de faroeste do Matungo.

        Atualmente, num dia ele arruma novos argumentos para continuar na ativa e, no dia seguinte, arranja novos motivos para sair como inativo; mas em todos os dias sempre tem mais uma tragédia pessoal ou de terceiros para contar.
        Mas o causo mais pitoresco, que ele não se cansa de contar, é o susto que ele deu num guri no banheiro de um camping da Barra do Ribeiro, onde costumava passar as férias pescando. Percebendo que o garoto ficou assustado com o lance dele retirar a chapa dentária da boca para escovar os dentes na pia, só de sacanagem, ele retirou também o seu olho de vidro (prótese que usa no seu imperceptível olho cego), e pediu para que o guri o ajudasse segurando o seu olho um pouquinho; o menino saiu correndo apavorado!...
- Valeu Matungo, exímio narrador da “realidade fora da lei” que viu de perto, enriquecida pela sua oralidade dramática, sem nunca se deixar amedrontar ou envolver pela bandidagem!

-Valeu Negão Gervásio!