COMENTÁRIOS DO SEGUNDO SEMESTRE DE 2013

Agradeço imensamente a excelente acolhida que o blog continua recebendo junto à categoria dos municipários, sobretudo no quadro funcional do DMAE. Caros leitores, sintam-se todos abraçados por ocasião do final deste quarto ano de existência do DIÁRIO DE UM APOSENTANDO DO DMAE, que já ultrapassou a incrível marca de 25.500 acessos. Em agradecimento especial aos “leitores-comentaristas” das crônicas do blog, os seus comentários enviados neste segundo semestre estão postados a seguir:








Dália –assunto: Meditação
Celso este teu blog é mesmo um delícia. Ele é como aquelas construções sólidas, madeira de lei, sombra gostosa no meio da floresta em dia de sol quente. Me entende? É coisa verdadeira e consistente! Segue em frente. Com um grande abraço. Dália.

Júlio Cesar C. Brum – assunto: Meditação
Bolos e pães e outras comidas fazíamos no subsolo da engenharia da UFRGS na criação da AMPA, onde meu primeiro contato foi com a turma da Convergência, onde quase fui barrado por não ser um trotskista , era mais um "Raulzista" mesmo. Aí, tempos depois, conheci um camarada, até hoje meu amigo, e grande orador, que colocava nossas idéias em ordem, apesar dos tropeços na fala. O novo budista aí comportado na foto. Nunca me dei bem com as tendências e tampouco fiz parte de alguma, apesar de achá-las fundamentais para as discussões de propostas divergentes para o crescimento de todo mundo. No budismo é a mesma coisa: o que muda são os métodos apenas. Eu e o Celso éramos de LINHAGENS distintas, mas budistas. No PT a mesma coisa. E tenho acompanhado sim o blog "Diário de um Aposentando" desde suas criação, pela importância da trajetória do colega e amigo Celso, que no seu caminhar não sugere que caminho devemos percorrer a não ser nosso próprio. Agora, tirar foto trajado de lenço e bombacha com boina de missioneiro usando sapatos de segurança do DMAE ???? Tenha dó do bagual aqui de pé no chão feito Charrua com tiara segurando os cabelos no corrugado da testa. E de brinco na orelha. Abraço meu velho. E pra Magda também.

Paulo Portalet  - assunto: Mandela
Caríssimo amigo Celso.  Li teu último texto. Bom do princípio ao fim. Mais uma vez tentei fazer  este comentário no devido lugar,  como não consigo, segue por esta via , meus cumprimentos e um forte abraço. Nato.

Dália –assunto: Mandela
Celso, o MANDELA é uma benção que recebemos. É um bálsamo para as nossas desesperanças. É ir muito além  e provar que é possível superar a nossa incompetência, pois tem uma pessoa que conseguiu não se enredar nas querelas cotidianas e pensar e agir grande e alto e, ao mesmo tempo, muito chão! Que alívio saber que esta pessoa existiu no nosso tempo e não podemos deixar cair no esquecimento. Grande abraço! Dália

Alvaro Neto – assunto: Fronteiras ao Pensamento
Para participar do fronteiras do pensamento tem que PENSAR uma forma de arrumar a grana e pagar para assistir. Faz uma rifa, por exemplo, para conseguir a grana. Sem PENSAR não se vai a lugar nenhum.

Gil de Oliveira Martins - assunto: OCASO DO MONTEPIO
Realmente Controversa. Alem de destruir uma grande válvula de escape que os servidores possuíam,  deixaram órfãs e desajustadas varias condições financeiras destes servidores. Desabou vários sonhos e esperanças.  Faz parte de qualquer autoritarismo.

Paulo Renato Wabner Portalet – Caminhando num Retropicalismo
Grande  Celso, amigo de vinho e charuto. Já te disse , não sei  colocar meus comentário no teu blog, até é bom, pois  assim sendo, ninguém os lê. Com referência a tua caminhada ao retropicalismo, achei que, exceto alguns excessos apolíneos e dionisíacos, até um pouco irritantes na sequência da leitura, mas quiçá necessários para o desenvolvimento da idéia, muito bom! Como sempre, muito bom. Abraço fraterno e saudoso, Nato.

Jorge Konrad – assunto: Reengenharia Sociológica
Bons tempos amigo Celso. A Fátima foi uma verdadeira lutadora social e a ASSEC uma escola para todos nós, no que me concerne agradeço as tuas palavras. Fiz no DMAE o que era minha obrigação como funcionário público fazer. Agora um vento novo sopra no meu rosto, vejamos o que novos tempos nos reservam. Grande abraço

Rogerio – assunto: Reengenharia Sociológica
Grande Abraço ao colega Celso e agradeço a grande lembrança de Fátima Silvello, minha cunhada. Show de Bola.

Thiago Santos – assunto: Rumo ao Milésimo Poema
Sob pena de passar uma má  imagem de servidor público, te envio um comentário em off, gostei muito da última atualização do blog...1000 poesias é um excelente objetivo para essa tua nova fase de aposentado. Agora estou pensando qual vai ser o meu...apesar de ainda ter mais uns 20 e tantos anos pela frente, quero me planejar cedo para não ser pego de surpresa, porque depois que completei meus 18 anos (e agora já com 35 completos) o tempo parece que acelerou, fazendo um MRUV com derivada positiva (dv/dt > 0).

Paulo Renato Wabner Portalet – Rumo ao Milésimo Poema
Querido amigo Celso, que a Força esteja contigo nesta empreitada poética. Vou me propor a ler pelo menos 10% (dos próximos) o que passou, passou! Beijo, Nato.

Carla Altério – assunto: Pais de nossos pais
Felicidades para o casal e seus "novos filhos". Também sou mãe de minha mãe. Um forte abraço.

Jorge Konrad – assunto: #vemprarua
É Celso, mas não te esqueça que o movimento das ruas abomina a política partidária e aí fica difícil aparecer alguém..  O sistema político partidário dificulta o surgimento de novas lideranças... Por isso estamos sempre engordando as velhas raposas...Tá parecido com o futebol, tudo nivelado por baixo...abraço.

Júlio César C. Brum – assunto: Madrinha da Manutenção
Assim como adotei como madrasta a minha querida Porto Alegre , adotei como madrinha a Engenheira Catarina, que também acho muito querida e generosa.

Margareta - assunto: Madrinha da Manutenção
Muito legal o teu blog Celso parabéns, especialmente, pelo registro dessa homenagem à competente Eng. Catarina, que dedicou quase meio século de labuta pelo DMAE, a nossa querida Colega que respeitamos pelo seu profissionalismo e dedicação! Eu espero em breve estar aposentada assim como tu. Eu já podia sair desde o ano passado, porém aguardo a GDAE mas conto os dias porque a vida continua e saber desfrutar esse momento é também de muita importância!!! Beijão.

Júlio César C. Brum – assunto: O Último Dinossauro
Percebo um certo retraimento nas iniciativas em cumprir com a listagem de mil coisas a realizar pós aposentadoria. E muito saudosismo. Contudo a homenagem a engenheira Catarina é justa e implacável, para essa pessoa querida de todos nós, que terá que partir pra outras andanças. Estou saudoso de tuas idas e vindas. Conte elas pra nós Celso, com a riqueza das palavras de nossa língua.

Paulo Renato Wabner Portalet – assunto: O Quebra-cabeça da vida
Amigo Celso, como sempre, li e gostei. Assustou-me, por já me achar no 3º estágio, a imagem do " Desmanche do quebra-cabeças de nossas vidas". E/T, se sobrar um tempinho, inclui Sidney Sheldon, Maurice Le Blanc e Edgar R. Burrougs (principalmente " Tarzan e os homens-formigas).Beijo fraterno, Nato.

Jorge Konrad - Assunto: Mais Médicos para Todos
Tenho total concordância sobre este artigo. Existe um ponto nesta discussão que não é tocado que tem a ver com o papel social naturalmente inserido na profissão de médico. É certo que os profissionais não podem arcar com o passivo que existe na infra-estrutura em saúde e que não podem ser compelidos a fazê-lo. Mas vamos lá, ninguém começa uma carreira com todas as condições de tempo e temperatura senão isto não seria Brasil, um país com muitas mazelas e tentando deixar de ser terceiro mundo.

Camila Fagundes - assunto: Fase pós FEBEM
Que texto bonito, cheio de história, fotografia, paisagem, memória que poderia muito bem ter sido ilustrado com desenhos em lápis grafite quase sem ponta, sem sombra, sem firmeza no traço; mas do contrário foi colorido com capricho, com lápis faber castel de 36 cores, composto de uma linguagem expressiva e uma estética requintada. Belas imagens! Iluminadas de gratidão.

Ruvana - assunto: Fase pós FEBEM
Celso, me emocionei muito ao ler tua postagem. Trabalho com jovens de baixa renda, bolsistas de uma escola particular incrustada em uma das áreas mais conflagradas da cidade. Ler-te me provoca o mesmo questionamento: quantos ainda não migraram da carência para a delinquência? Ou quantos podem desta última escapar, alcançando alguma dignidade na vida? Abraço :)

Camila Fagundes - assunto: O Urso Hibernado
Parabéns colega,
Curso em prosa, fluxo lírico, deságue poético...
Uma travessia lúcida, bonita, e esperançosa
Esse fingido urso hibernado
que não se entrega ao predador
Sabe, sábio, a hora de despertar.

Paulo Portalet - assunto: O Urso Hibernado

Grande amigo, grande Celso, parabéns pela  “Menção Honrosa”. Justa e oportuna e olha, tu nem foi nem és vereador ( Pois  prá ABL a exigência é presidente). Grande abraço.
 PS. Pronto, decidi,vou fumar o cubano “cohiba” em tua homenagem.  Outro grande abraço, Nato. 


Meditação & Pães Quentinhos

         Por não gostar de comer pão dormido, costumava tomar o meu café da manhã na loja de conveniência do posto de gasolina que tem em frente ao meu antigo local de trabalho. Metodicamente chegava antes do horário de pegada do expediente, batia o meu ponto e fazia o caminho mais longo em torno da quadra, aproveitando para dar uma caminhadinha matinal (seiscentos passos contadinhos de ida e volta somados), e tomava uma taça de café com pão prensado com margarina, lendo rapidamente o jornal  Correio do Povo, iniciando sempre pela coluna do Juremir Machado.
            Lembro, por que registrei aqui no blog,  que numa manhã do verão de 2010, uma das manchetes de capa do jornal era: Surpresa na Praça – Budistas meditam no meio da agitação. - A propósito, eu havia recebido no dia anterior um convite, por e-mail do Centro de Estudos Budistas Bodisativa, para participar deste evento de meditar sentado no calçadão da Rua da Praia em frente à Praça da Alfândega. Fiquei fora desta, pois já havia passado a minha fase de hippie, de sentar no chão da calçada, foi há três décadas atrás. Este tema da meditação, aliás, continua com frequência sendo matéria de revistas e documentários de televisão. Reconhecem que a ciência comprova que a técnica milenar de meditação é um poderoso remédio no tratamento de doenças cardíacas, depressão, artrite, câncer e até Aids; e os hospitais já estão usando a nova descoberta com bons resultados.
           Ao que tudo indica, a meditação e o próprio budismo estão em alta não só no Brasil, mas em toda civilização ocidental cristã, que se sente ameaçada pelo islamismo radical. Particularmente eu tenho praticado meditação quase que regularmente em casa, a cerca de cinco anos. Desde o início fiquei impressionado com a psicologia do budismo tibetano e tenho assistido, sempre que possível, às palestras do Lama Padma Santem, que é seguidor do Dalai Lama. O Padma Santem é um lama gaúcho, ex-professor de física quântica da UFRGS, gremista (ninguém é perfeito!) e que fala na linguagem “portoalegrês” e na perspectiva da nossa cultura bem humorada. Concluí aquele trabalho acadêmico, sobre os vínculos entre filosofia & psicologia, estabelecendo pelo viés da psicologia junguiana  o elo dos arquétipos da mente dos ocidentais com os conhecimentos milenares orientais da psicologia tibetana.
            Além da minha mulher e eu, que somos iniciantes fazendo o “caminhos dos ouvintes” desta peculiar religião de ateus, conhecíamos como budista no Dmae apenas o colega Júlio Brum (voraz leitor, comentarista e estimulador deste blog). O Júlio era budista de outra linhagem tibetana, não era da linha do Dalai Lama, pertencia à linha dos Karmapas. Sendo que ambos, o Dalai Lama e o Karmapa, tiveram que abandonar o Tibete, depois da invasão chinesa, e passaram a divulgar seus ensinamentos para os sedentos discípulos ocidentais dos loucos anos 60 e 70 do século passado. Novamente a história se repetia, o Júlio e eu éramos de facções políticas diferentes dentro do Partido dos Trabalhadores e na militância sindical; depois fomos de linhagens diferentes dentro do budismo. O importante é que percorremos os mesmos propósitos e as mesmas doutrinas. Júlio e eu, como pequenos aprendizes da existência humana, vamos surfando e divergindo fraternalmente nas mesmas ondas...
Todavia, a questão que permanece pendente não é do âmbito político nem teológico, é  o problema  do “pão dormido”, problema projetado desde 2011 para a minha rotina de aposentado, uma vez que não há uma padaria próxima ao edifício onde moro. Por mais que eu medite, não consigo encontrar uma solução para que os meus cafés da manhã continuassem sendo acompanhados de pães quentinhos na leitura matinal do jornal.
-Valeu Júlio Brum!

COPA DO MUNDO SEM MANDELA

Todos esperávamos ver na TV a figura lendária que era  Nelson Mandela, esperávamos vê-lo com radiante expressão de alegria na sua aparição pública prevista no ato de abertura da Copa do Mundo de 2010 em seu país. A Copa da África do Sul foi praticamente sem Mandela, pois somente no encerramento a lendária figura envelhecida pelo sofrimento pôde ser observada e devidamente ovacionada no estádio e nas telas das televisões pelo planeta inteiro em sua última aparição em público. Ocorreu que um dia antes da abertura do Mundial a sua bisneta de 13 anos, que saía do Show de Abertura da Copa, morreu num acidente de carro que capotou. Devido a este terrível acontecimento, Mandela não pode estar presente na abertura do Mundial de 2010 no seu país. Coube ao bispo Tutu da Igreja Anglicana da África da Sul, prêmio Nobel da paz em 1984 por sua luta contra o Apartheid enquanto Mandela estava na prisão,  fazer as honras da casa. Tutu  disse em sua manifestação emocionada no show de abertura da Copa do Mundo de Futebol 2010: A África é o berço da humanidade, somos todos africanos! 
 Em 2010 assisti ao filme Invictus - de Clint Eastwood , que traz o ator Morgan Freeman magistralmente como Mandela. O filme passa como sabido alguns flashes do fato de Mandela ter sido condenado à prisão perpétua (e escapado da pena de enforcamento), de ter ficado preso por 28 anos e de ter recebido o Prêmio Nobel da Paz em 1993 com o fim do Apartheid, e ter se tornado o primeiro presidente negro da África do Sul em 1994. O filme foca a parte da trajetória de Nelson Mandela que abrange parte do seu mandato como  presidente da África do Sul (1994-1999). A Copa do Mundo de Rúgbi, pela primeira vez realizada no país, fez com que o Presidente Mandela resolvesse usar o esporte de origem britânica e popular entre os brancos para unir a população do país.  Esse é o mote deste trabalho de Clint Eastwood: O estadista Mandela que conseguiu com o Rúgbi (que é uma espécie de futebol americano) promover a união  e o orgulho nacional de um povo, de maioria negra traumatizada pela crueldade da minoria branca do seu país, ao se consagrarem Campeões do Mundo naquela modalidade esportiva.

Mas afinal, o que foi esse tal de “apartheid”? - Dá para iniciar a história quando os ingleses ocuparam a Cidade do Cabo a partir de 1795, após a guerra  com a Holanda que colonizava a região. Com a descoberta de diamantes e ouro em 1886,  os ingleses fundaram a União da África do Sul como domínio colonial do Império Britânico e  tornaram a língua inglesa oficial na colônia; deixando os negros sem direitos políticos e sociais. A segregação racial na África do Sul teve início ainda neste período colonial, mas o apartheid foi introduzido como política oficial de governo após as eleições gerais de 1948 na África do Sul. Então os brancos sul-africanos implementaram uma política de segregação racial rigorosa, rotulando o novo sistema de governo como "apartheid" (separação de negros e brancos). Em 1961 a União da África do Sul conquistou a independência da Inglaterra, formando a República da África do Sul, mas o governo manteve o regime do apartheid,  e os negros continuaram privados de sua cidadania. Uma série de revoltas populares e protestos causaram o banimento da oposição e a prisão de líderes antiapartheid, bem como um longo embargo comercial contra a África do Sul.  Em 1990 Mandela finalmente é solto e iniciam-se negociações para acabar com o apartheid, o que culminou com a realização de eleições multirraciais e democráticas em 1994, vencidas pelo Congresso Nacional Africano, sob a liderança de Nelson Mandela.
O Madiba, já aposentado da política em 2010, certamente torceu muito pelos “Bafana Bafana”, pelos meninos da seleção de futebol amarela e verde da seu país; como nós torcemos pela nossa camiseta também amarela e verde. Acredito que todos os países ficariam contentes, devido ao espírito de compaixão que a África nos inspira, se o time da casa levantasse o caneco. Afinal, como disse o Bispo Tutu, somos todos oriundos da África. Conta a história contemporânea que a primeira civilização humana a se formar foi a hindu na Índia, formada por povos que emigraram da África do Sul e que, posteriormente, se espalharam por toda Europa e Ásia, dando origem a todos os diferentes povos e nações. Mas o milagre não aconteceu, nem os garotos da “Bafana Bafana” ganharam a copa, tampouco nós... La Fúria espanhola fez espetáculo com a bola, com a elegância de um toureiro, e levantou a taça de 2010!
 Para quem imaginava que na África sempre fazia o calor do deserto de Saara e das Selvas do Tarzan que vivia de tanga entre os leões nos filmes, foi uma surpresa vermos os repórteres tiritando de frio e nos anunciando que fazia temperaturas em torno de ZeroºC em Joanesburgo à noite. Quem não lembra dos zumbidos das “vuvuzelas” torcendo por todas as seis equipes de países da Mãe África (África do Sul, Gana, Costa do Marfim, Nigéria, Camarões e Argélia)? Aquelas cornetas africanas, de um metro de comprimento, que levaram as emissoras de televisão européias a se queixarem na FIFA do seu  barulho nas transmissões das partidas.

Aqui, silenciaram sumariamente as “caxirolas”, o chocalho de plástico clonado por Carlinhos Brown do Caxixi (instrumento nativo da capoeira), numa jogada milionária autoral do cantor que fracassou. Toda a publicidade e os símbolos da Copa no Brasil foram um fracasso: o tal tatu-bola  Fuleco foi alvo de protestos e teve que sumir  das ruas; a logomarca das mãos formando a taça não apareceu em lugar nenhum. Só as notícias sobre falcatruas de empreiteiros nas obras dos mega estádios “padrão-fifa” (em lugares onde não há público o ano inteiro) divulgaram a Copa para a nossa indignação. Já imaginaram que impacto as vuvuzelas causariam se fossem adotadas pelos movimentos de protestos brasileiros que estão se mobilizando para fazer muito barulho contra os gastos públicos “padrão Fifa” na Copa do Brasil em 2014?
 Agora, com a definição das chaves e grupos, começa a rolar o clima do Mundial do Brasil pra valer.  Assim como a seleção brasileira do Dunga & Kaká não empolgou, também a do Felipão & Neymar não está empolgando ninguém, pelo menos por enquanto. Mas, mesmo assim, seria altamente empolgante vermos jogar aqui no estádio Beira Rio a França, a Holanda e a  Argentina com o Messi. Quem não gostaria de assistir uma só delas que seja, uma única partida de Copa do Mundo? A hora é agora, pois nós (pós-cinquentões) não teremos outra chance igual a esta, o que só deverá se repetir no Brasil daqui há 60 anos... Dinheiro não é o problema, o problema é o acesso ao procedimento de compra de ingressos que é por sorteio. Pelo jeito eu vou ficar mesmo olhando os jogos pela TV, da mesma forma como se eles estivessem ocorrendo lá na África, apenas que ouvindo os sons das torcidas entrando pela minha janela que fica próxima do campo. Acho que vamos mesmo é  ficar vendo os turistas estrangeiros curtirem a copa feita para eles com o nosso dinheiro e, pelo jeito, ainda vão levar o caneco!!!...
Na realidade a Copa do Mundo no Brasil é um  barril de pólvora que o povo procurou mostrar nos #protestos de rua de junho, e que o governo ainda insiste em ignorar! Com ou sem Black-blocs, e com os nossos líderes da esquerda na prisão por justa causa, a Copa 2014 vai ser sem a presença da África do Sul e também sem o Mandela, pois dias atrás morreu aos 95 anos de idade o homem que, como Gandhi, fez história. Mas, dias atrás nasceu para a posteridade o mito Nélson Mandela que, como Gandhi, deixou um legado de luta pela liberdade e em benefício da cultura da não-violência e da paz com justiça social e sem ódios. Seja quem for que vença a Copa do Mundo 2014 no Brasil, Mandela é o campeão invictus forever!

FRONTEIRAS AO PENSAMENTO & ARTE

O filósofo e ex-ministro da Educação da França, Luc Ferry, andou palestrando em Porto Alegre em maio de 2010, apontando que o amor e a sustentabilidade mudarão a política e constituirão uma nova revolução mundial. Conforme Nietzsche percebeu, a problemática moral aparece quando um ser humano propõe valores que sejam superiores ao valor da vida, valores sacrificiais. Para Luc Ferry, a moral se estabelece quando princípios nos parecem (com ou sem razão) tão elevados  que valeria a pena arriscar ou mesmo sacrificar a vida para defendê-los. Alguns valores, como assistir a atos de injustiça e covardia contra crianças ou pessoas indefesas, ou contra alguém a quem amamos, poderiam nos levar a assumir um risco de morte. Isto implica que existem valores transcendentes, já que são superiores à vida.
O que acontece é que nos homens modernos os motivos tradicionais de sacrifícios falharam. Ninguém mais está disposto a sacrificar a vida pela glória de Deus, da pátria ou da revolução proletária, mas pela sua própria liberdade e pela vida dos que eles amam é possível que se aceitem desafios para combates com risco de morte. Em resumo, as transcendências de outrora não foram exterminadas pelo materialismo, e sim foram substituídas por formas horizontais de transcendências e não mais verticais, enraizadas agora em seres que estão no mesmo plano que nós: o amor  familiar!
Dos tantos grandes eventos “papo-cabeça” que se realizam em Porto Alegre, a exemplo do “Fronteiras do Pensamento” (que também acontece em várias capitais), pouco ficamos sabendo, só respinga pela imprensa algumas entrevistas e frases prontas para nós, os excluídos deste seleto mundo dos intelectuais abonados. Assim como há quem pague com gosto altos preços para assistir a shows de mega-estrelas do pop-rock, há também quem (como eu) gostaria de ouvir as palestras dos grandes pensadores vivos contemporâneos, se tivesse disponibilidades...
Mia Couto, escritor de Moçambique.
 Porém, como há vendas casadas (tem que se comprar um pacote de passaporte de ingressos para todas as palestras programadas para o ano inteiro, ou seja, tem que se desembolsar cerca de R$ 1,5 salário mínimo na bucha!), naturalmente que não pude captar ao vivo às energias de cabeções como Vargas Llosa, Michel Maffesoli, Mia Couto, nem Luc Ferry.

A vida cultural portoalegrense é altamente instigante e variada. Eu vivia olhando as programações e prometendo para mim mesmo que quando eu estivesse aposentado eu iria cumprir todas estas agendas do “segundo caderno Cult” dos jornais. Pensava  em assistir a estes fóruns internacionais de “alargamento do pensar como um ato político”, que são pagos e caros, mas especialmente assistir os eventos artísticos de baixo custo e gratuitos, que são muitos e também de alta qualidade. De tanto que eu ficava repetindo para diferentes coisas que surgiam que “isso eu vou fazer quando estiver aposentado”, que as pessoas da minha intimidade ironizavam que ia faltar tempo para eu realizar na minha aposentadoria tantos projetos de ler, assistir e escrever...
Acertaram, falta mesmo tempo (e grana)! Mas, conforme Luc Ferry, falta “Aprender a viver com uma filosofia para os novos tempos”, apontando que o amor e a consciência em prol da sustentabilidade do planeta mudarão a política e constituirão uma nova revolução mundial. Será?!...