Os BiXos do Listão da UFRGS

28/janeiro/2010

      Ontem o meu turno da manhã foi todo de tensas expectativas, pois de meia em meia hora eu entrava no site da UFRGS para espiar se já tinham publicado antecipadamente o Listão dos Aprovados no Vestibular 2010, o qual estava prometido para as 11 horas. Mas foi mesmo na hora marcada que conferi, primeiro que a minha filha estava no listão (Uau!), e depois que eu também estava (ufa!). Chamar de dupla alegria é pouco, pois a aprovação dela vale muito, muito mais, não tem múltiplo para quantificar.
      Com este resultado, modéstia à parte, é o quinto vestibular que consigo aprovação na UFRGS. Primeiro foi em Engenharia de Minas (1979) escolhido ao acaso por apresentar maior facilidade de acesso dentro das engenharias; casualmente depois foi justamente em Letras (1981) em que eu pretendia estudar, em um segundo curso, uma língua estrangeira, mas no qual nem me matriculei quando soube que as aulas eram lá no Campos do Vale (eu não tinha carro na época). O seguinte foi em Engenharia Elétrica, faculdade que era desde o início o meu projeto profissional, já que havia feito o curso técnico de eletrônica no Parobé. Mas acabei enchendo o saco da elétrica e retornei em 1988 para o curso de Engenharia de Minas que estava trancado, o qual se revelou muito bom de ser cursado pelos seus fundamento geológicos. Assim, finalmente consegui me formar como engenheiro de minas em 1991, treze anos após ter ingressado na faculdade, atraso que é devido ao fato de coincidir com este período o meu intenso envolvimento com a militância política, sindical e partidária.
      Depois veio a minha fase de estudante da PUCRS, beneficiado pela vantagem de estudar sem custo algum pelo convênio do DMAE-PUC, primeiro em Engenharia Civil (de 1993 até 1999) para fazer disciplinas de saneamento e língua inglesa; depois fazendo Jornalismo de 200 até 2001, até que o departamento baixou nova diretriz vetando o acesso às bolsas aos funcionários que já fossem formados em algum curso superior.
      Foi então que, após passar um ano cumprindo o horário integral de 8 horas diárias em 5 dias pos semana, sentindo falta da regalia de usufruir do “direito de estudante” de sair para assistir aulas durante o expediente, é que voltei a fazer vestibular na UFRGS em 2003 e passei a frequentar o curso de Filosofia. O meu objetivo nunca foi o de me formar, de ser um filósofo, e sim de ter a oportunidade de fazer uma leitura orientada dos principais filósofos e escolas filosóficas, visando adquirir autonomia neste gênero de leitura. Esta meta foi satisfatoriamente concluída com a disciplina de Estética II no último semestre de 2009. A partir de agora passaria a ser difícil achar novas disciplinas interessantes disponíveis no curso de filosofia, mas eis que surgiu esta oportunidade da preparação do vestibular da minha filha.
      Desta vez decidi ouvir a voz da minha própria experiência e assumir que a coisa que eu mais gostei de fazer durante toda a minha vida foi escrever. Como escrever é literatura, logo o curso é Letras! Pelo aristotélico silogismo filosófico concluo, com fundamentos lógicos, que já sei o que quero ser quando crescer: escritor.
      Espero que a guria acerte de primeira na UFRGS o quer ser quando crescer, pois ela abandonou no primeiro semestre o curso de artes plásticas que havia iniciado na UDESC em Florianópolis no ano passado.
      Mantendo a tradição, mandei fazer uma faixa de dois metros de comprimento dizendo “Valeu Luiza – Ciências Sociais e Celso – Letras – BiXos 2010 - UFRGS”, comprei um conjunto de vidros coloridos de têmperas e vamos fazer a Festa das Tintas hoje lá em casa depois do expediente, com direito a comes-e-bebes e, claro, cobertura fotográfica para a posteridade familiar.

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