A Maldição da Insalubridade

Sexta-feira - 29/janeiro

      Durante todo o ano passado acompanhei a tortura angustiante a que foi submetido o colega Jalba enquanto um aposentando. Eu próprio trazia más notícias quentíssimas das reuniões do GMD, pronunciadas diretamente pelo Diretor dos Recursos Humanos, de que a partir do mês de maio seriam revisadas os adicionais de insalubridade. Comentava-se na chamada “rádio-peão” (ou voz-do-povo), que na melhor das hipóteses, dependendo do local de trabalho, pela nova perícia técnica os engenheiros em geral perderiam a metade da gratificação por insalubridade. Foi uma torcida mês a mês, com o Jalba já contando como uma parcela perdida do seu salário da aposentadoria o adicional de insalubridade. E o cara (graças a Deus!) está saindo faceiro, levando tudo a que tem direito. Acabou virando o ano e nada aconteceu... A maldição não se realizou!
      Quando eu retornei das férias na semana passada, havia na minha caixa de correio eletrônico um Comunicado da Direção Geral do DMAE, informando que estava sendo homologado o novo laudo de insalubridade, em substituição ao anterior que é muito antigo. Este aviso funcionou mais como uma ameaça, pois é sobre um tema que naturalmente dispara o alarme do pânico generalizado no departamento.
      O comunicado alegou aquilo que toda a torcida da dupla grenal já sabe de cor e salteado, o blá-blá-blá de que ao longo desse período ocorreram distorções no recebimento do referido adicional de insalubridade, cuja concessão se fundamentaria na “habitualidade do exercício da atividade insalubre”. Acontece que é sabido que, por este critério relativista levado à risca, muitíssimos funcionários perdem o recebimento deste beneficio financeiro. “Inocentemente” o comunicado, assinado pelo Diretor Geral, conclui que vai ser implantado o novo laudo visando corrigir as referidas distorções, para o bem de todos e a felicidade geral da nação dmaeana.
      A cada novo governo municipal eleito, a nova administração ressuscita este assunto, contrata uma nova perícia que produz um novo laudo, mas que, na hora de implantar, recua diante da reação desesperada dos funcionários que encaram a medida como uma redução salarial.
      Este ano, pelo jeito, vai ser a minha vez de conviver com a tortura permanente da ameaça de perder vantagens salariais na véspera de incorporá-las aos vencimentos da aposentadoria e, pelo porte da manifestação inicial oriunda da própria Direção Geral, desta vez eles vão pegar pesado e às pressas, antes que se entre no período eleitoral e tudo se congele na administração municipal. E é tudo o que quero, neste ano de eleição, que se inicie a Era do Gelo, pois sinto-me como o esquilo do filme tentando comer a suculenta noz gigante que sempre lhe escapa...como uma maldição.

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