Meditação & Café com Notícias e Pães Quentinhos

      Por não gostar de comer pão dormido, costumo tomar o meu café da manhã na loja de conveniência do posto de gasolina que tem em frente ao meu local de trabalho, onde há o belo aquário da foto com a mesa ao fundo onde eu costumo sentar (quando o colega Natal não ocupa antes). Metodicamente chego antes do horário de pegada do expediente, bato o meu ponto e faço o caminho mais longo em torno da quadra, aproveitando para dar uma caminhadinha matinal (seiscentos passos contadinhos de ida e volta), e tomo uma taça de café com pão prensado com margarina, fazendo uma leitura rápida do jornal Correio do Povo com sua notícias em pílulas e com a crônica do Juremir Machado.
      Uma das chamadas de capa do jornal de hoje era: Surpresa na Praça – Budistas meditam no meio da agitação. - A propósito, eu havia recebido ontem um convite por e-mail do Centro de Estudos Budistas (CEB), para participar deste evento de meditar sentado no calçadão da Rua da Praia em frente à Praça da Alfândega, mas minha fase de hippie já passou, foi há três décadas atrás. Sobre este tema, casualmente eu havia comprado ontem de noite no supermercado a revista Istoé, para ler a matéria da sua manchete da capa que era: A Medicina da Meditação – A ciência comprova que a técnica milenar é um poderoso remédio no tratamento de doenças cardíacas, depressão, artrite, câncer e até Aids; e os hospitais já usam a nova descoberta com bons resultados.
      Ao que tudo indica, a meditação e o próprio budismo estão em alta não só no Brasil, mas em toda civilização ocidental cristã que se sente ameaçada pelo islamismo radical. Particularmente eu tenho praticado meditação quase que regularmente em casa, antes de dormir, a cerca de dois anos. Tenho também procurado estudar o Darma Tibetano e assistido, sempre que possível, às palestras do Lama Padma Santem, seguidor do Dalai Lama. O Padma Santem é um lama gaúcho, ex-professor de física quântica da UFRGS, gremista (ninguém é perfeito) e que fala na linguagem e na perspectiva da nossa cultura portoalegrense.
      Como praticante do budismo no Dmae, por enquanto, além da minha mulher que também é dmaeana (e que, como eu, é ainda uma mera admiradora desta peculiar religião de ateus), conheço apenas o colega Júlio Brum, que é budista de outra linhagem tibetana, não é da linha do Dalai Lama (que é da Escola Gelug), pertence à linha dos Karmapas (que é da Escola Kagyü). Em Porto Alegre a orientação dele é dada pelo Lama Ole Nydahl, o qual foi um dos primeiros alunos ocidentais do 16° Karmapa. Sendo que ambos, o Dalai Lama e o 16º Karmapa, tiveram que abandonar o Tibete depois da invasão chinesa, e passaram a divulgar seus ensinamentos para os seus sedentos alunos ocidentais dos loucos anos 60 e 70 do século passado.
      É como antigamente, a história se repete, o Júlio e eu éramos de correntes políticas diferentes dentro do mesmo Partido dos Trabalhadores; agora somos de linhagens diferentes dentro do budismo. O importante é que mantemos os mesmos propósitos e as mesmas doutrinas, mas não necessariamente os mesmos métodos.
      Todavia, a questão que permanece pendente não é do âmbito político nem teológico, é o problema do “pão dormido” projetado para a minha rotina de aposentado em 2011, uma vez que não há uma padaria próxima ao meu edifício. Por mais que eu medite, não consigo encontrar uma solução para que os meus futuros cafés da manhã continuem sendo acompanhados de pães quentinhos e da leitura do jornal.

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