A Luta de Classes: ASTEC X SIMPA

segunda-feira – 01/março
      Esta semana haverá uma solenidade promovida pelo Prefeito com a ASTEC (Assoc. dos Técnicos Científicos), para a assinatura de concessão da chamada “Integralidade da GIT” - Gratificação de Incentivo Técnico - que até agora atingia o valor de 90% do salário básico do cargo inicial de Nível Superior. A partir de fevereiro será dado a integralidade (mais 10% para integrar os 100%) como um “cala a boca” para não chiarmos contra os 2,5 salários básicos ganhos recentemente pela classe dos advogados da Prefeitura. É como diz o velho ditado: de penduricalho em penduricalho vamos engordando o nosso salário!
     Não vou poder acompanhar esse evento, pois estou saindo de quinze dias de férias rumo a Maceió. Mas não posso deixar de comentar que esta política de dividir a categoria dos municipários em classes, para poder manipular separadamente cada segmento com a concessão de “penduricalhos salariais”, é uma escrita do Velho Testamento da administração municipal, que já foi objeto de combate do movimento sindical nos seus primórdios, quando se buscava a unidade respeitando a pluralidade no sindicato.
      O surgimento da ASTEC (com todo o respeito aos seus mentores, na época liderados pelo cara que eu considero a mais importante liderança sindical da nossa geração de barnabés municipais, o Luis Fernando Rigotti, bom orador carismático e construtor da AMPA, do SIMPA, da ASTEC e do PREVIMPA – este mesmo que como presidente do PREVIMPA é hoje hostilizado pelo sindicato) foi a chancela de que “o sonho de unidade no SIMPA acabou”. Eu não aderi à ASTEC na época, e nunca me associei, mais por que a partir daí começou a prevalecer a minha índole anarquista, de desacreditar em absolutamente todas as instituições humanas, depois do desencanto com tantas que eu já havia ajudado a construir (isso que eu nem imaginava que os meus desencantos seriam ainda muito maiores!).
      Mas, como técnico científico, ainda que tardiamente preciso reconhecer que as leis de Newton continuam vigorando, e que toda reação ainda é causada por uma ação, ou seja, a orientação partidarizada que o nosso sindicalismo assumiu, após a transição do movimento plural da AMPA para o do sectarismo ideológico semeado no SIMPA, fez com que o surgimento da ASTEC (e o refortalecimento político das demais associações) fosse uma reação divisionista natural da física dos movimentos.
      Mas, a bem da verdade, também ainda que tardiamente, é preciso reconhecer que as jovens lideranças que surgiram no andar do movimento, oriundos em grande maioria do movimento estudantil, forjados numa época de abertura do regime da ditadura militar e redemocratização do pais, apesar de sectariamente partidarizadas, ajudaram a enraizar o movimento dos municipários no setor operário, dando-lhe uma consistência e uma dinâmica de verdadeiro movimento de massa.
      Depois veio o Collor, o Sarney...e na dialética histórica a democracia perdeu o seu poder mágico de mobilizar as pessoas em causas institucionais do bem coletivo baseado na consciência de classe. Como o Muro de Berlim, caiu por terra a esperança de uma sociedade mais justa e igualitária. Como dizia a canção do Gilberto Gil: O sonho acabou, e foi pesado o sono pra quem não sonhou.

Hoje dou o braço a torcer: Valeu ASTEC! (Valeu antiga gurizada da Convergência Socialista!)

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