VERGONHA: DMAE NÃO SEPARA O SEU LIXO SECO!

          Nos últimos 50 anos a população mundial duplicou e o consumo de água quadruplicou. Há um crescimento exponencial da população e a demanda de água cresce ainda mais devido ao aumento de consumo.
          É altamente meritória a campanha publicitária do Dmae com a frase “Eu bebo água da torneira”. Água servida direto das hidráulicas de tratamento, como a distribuída nos copinhos plásticos envasados pelo próprio DMAE, é beleza, sem problemas. Pelo menos em Porto Alegre não resta dúvida sobre a qualidade da água potável produzida. Todavia, nós todos sabemos que pode haver problemas na distribuição e no armazenamento da água nos reservatórios coletivos de condomínios e de residências particulares.

           A QUESTÃO DA ÁGUA ENGARRAFADA – que teve grande repercussão na internet  com a divulgação da “história da água engarrafada” ( link do vídeo legendado no youtube: http://www.youtube.com/watch?v=AM9G7RtXlFQ ) – se tornou um monstro contaminador do planeta a partir da demanda gerada em conseqüência da possibilidade de poder haver problemas de contaminação da água durante a distribuição e no seu armazenamento antes de chegar na torneira. A questão, em última análise, se tornou crucial devido a destinação inadequada do lixo plástico gerado pelas garrafas descartáveis de água mineral que assumiu volumes catastróficos.
        A propósito, deu nos jornais na primeira quinzena de março de 2011 que a Coleta de lixo será monitorada pelos moradores da Capital que poderão controlar em casa os caminhões pela Internet e evitar que os detritos permaneçam nas ruas. O prefeito José Fortunati apresentou o novo sistema de rastreamento dos caminhões coletores na Capital, produzido pela Procempa, com o qual o DMLU poderá monitorar o andamento e informar a comunidade que poderá observar as rotas pelo mapa do Google.
       Fortunati lamentou o fato de a cidade ainda não separar bem seus resíduos. Apenas 100 quilos de lixo seco são separados entre 1,1 mil toneladas de resíduos domiciliares recolhidos ao dia em média. "Isso quer dizer que a maior parte das pessoas não faz o seu dever de casa. Temos que fazer mais", convocou o prefeito.

Que feio, senhor prefeito, pois nem a própria prefeitura  faz o seu dever de casa! Este é um tema que estava na minha pauta desde o início deste blog, aguardando um “gancho” para manifestar a minha indignação pelo fato do DMAE até hoje não ter implantado uma infra-estrutura para a separação do lixo seco. Um órgão de saneamento público, que busca a qualificação dos seus processos gerenciais, não se comprometer com a destinação dos lixos que produz, é como  dar uma declaração pública que não está minimamente comprometido com  proteção do meio ambiente e com o combate à degradação do planeta. Todo o esforço de reestruturação por processos do DMAE resulta como a velha e surrada pregação demagógica: façam o que digo mas não façam o que faço!
       Seguidamente sofro ironias dos meus colegas, que me chamam de Rodrigo (referente ao mendigo que coleciona garrafas plásticas no bairro Santana) por causa do meu hábito de recolher as garrafas plásticas que trago diariamente com a sobra de água mineral que compramos (minha mulher e eu) em nossos almoços pelos restaurantes da cidade (onde não bebemos refrigerantes!), a fim de levá-las vazias para poder dar em casa o devido encaminhamento como lixo seco reciclável na coleta seletiva.
       Lamentavelmente já estivemos mais próximos do que agora de adotarmos uma cultura de consciência ecológica junto ao quadro funcional do Departamento. No final da década de 90, época em que eu era Diretor da DVM, lembro que chegamos a implantar tonéis de lixo diferenciados para lixo seco e lixo orgânico nas dependências da Divisão. Todavia, como não havia coleta de lixo seco no bairro, dependíamos da DVE disponibilizar o caminhão de carregar container para transportar o lixo seco até um centro de triagem. Como um dia não tinha caminhão disponível e no outro faltava motorista, tanto furou o esquema, que regredimos todos à estaca zero do descrédito e da irresponsabilidade ecológica.
Mais de dez anos se passaram e nada foi feito. Outro dia, em outubro de 2010, vibrei de contente ao ver um comunicado na Intranet, anunciando que o “DMAE começa campanha para separação de resíduos”. Busquei saber mais sobre o assunto, como seria o processo  e de que forma poderíamos nos integrar e contribuir...Que nada, tomei um banho de água fria: era balela! Ainda não existe a chamada vontade política, por parte da atual administração (como também não houve das anteriores!), de realmente fazer a coisa acontecer, o que é um absurdo.
       Sei que há elogiáveis iniciativas isoladas de colegas em algumas divisões tentando fazer o que é possível, sem o apoio logístico institucional necessário. Calculo que cerca de 90% dos resíduos sólidos produzidos no DMAE sejam caracterizados como lixo seco, entretanto, contribuímos com todo este volume de material para entulhar por centenas de anos os aterros sanitários e os lixões, ao invés de estarmos fazendo o dever de casa que o prefeito cobrou dos cidadãos portoalegrenses.
      De minha parte, vou continuar fazendo o meu tema de casa em relação ao lixo gerado por mim, vou ter que carregar lixo seco pra casa até me aposentar.
       Como diria o caricato jornalista Boris Casoy:
- Isso é uma vergonha!

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