REFLEXÕES SOBRE ESTRATÉGIAS DE PRÉ-APOSENTADORIA

(Guilherme (E), Sady Raposão (C) e Paulo Chatinho (D), aposentados da década de 90 e 2000 na DVM)

           Há várias estratégias consagradas de como se migrar da ativa para a aposentadoria, todas desenvolvidas intuitivamente por cada um, conforme suas peculiaridades pessoais.
            Uma estratégia muito comum é a dos que acumulam Licenças Prêmios (LPs) por muitos anos para as usarem no final da carreira. Um caso extremo deste perfil típico foi o do Seu Joãozinho da DVA, que foi trabalhando até o último dia, ao fazer 70 anos caiu na compulsória sem tirar as suas várias LPs acumuladas. Depois, magoado por ser mandado embora por força da lei, solicitou que pelo menos suas LPs fossem “compradas” pela Administração, como uma forma de reconhecimento e compensação à sua vida dedicada quase que integralmente ao DMAE. Não levou nada, suas LPs foram perdidas.

(Com excessão do Jorge Cafú, todos os demais  do time da EME estão aposentados ou mortos)

Há, no meu ver, várias problemáticas nesta estratégia de acumular LPs. A primeira problemática é o próprio perfil de quem não goza LPs por vários anos seguidos, pois é um forte indicativo de se tratar de alguém dependente do meio ambiente profissional e que não encontra o que fazer, quando fica por muito tempo fora do trabalho.
(Engº Valmor, aposentado da década de 80 na DVM)

         Alguns adotam a tática de usufruírem de todas as LPs emendadas  no período imediatamente anterior ao da aposentadoria, como uma forma de antecipá-la. Esta é uma prática bem comum e se constitui numa cultura desenvolvida em função do pessoal ter ficado sempre na expectativa de que num “belo dia” a Prefeitura voltaria a “comprar” as LPs, o que há décadas não acontece. Significa dizer que muitos colegas acumularam várias LPs que podem totalizar até um ano ou mais de licença para gozarem. Uma variável deste procedimento é, ao invés do gozar todas LPs  de forma consecutiva, preferirem a estratégia de usufruí-las em meses alternados: trabalhar um mês e folgar outro, ou folgar dois, etc.
(Engº Nerci, aposentado da década de 90 na DVM)

Uma problemática destas estratégias de “batida em retirada” do trabalho, é que há o risco de se ficar numa situação funcional fragilizada, ficando sujeito inclusive a ser hostilizado por alguns colegas (por não sermos nem uma coisa nem outra – nem se está aposentado e nem se está mais desenvolvendo  plenamente as atividades, as quais passam a sobrecarregar os outros), e risco de ser prejudicado por uma chefia adversa por ter deixado de exercer atividades que garantiam benefícios como gratificações tributárias, insalubridade, incentivo técnico, etc. É, portanto, uma tática de alto risco às vésperas de se levar tudo para sempre no soldo de aposentado!
(Nelci (E) e Ranir (D) se aposentando na década de 90, com o Gato no fundo (E) que morreu em 2009)

Há uma outra variável desta mesma estratégia de LPs acumuladas, que foi a adotada pelo ex-colega Jalba, qual seja, de gozar dois ou três meses consecutivos, ao longo do ano anterior ao da data prevista de “baixa do quartel dos barnabés”, para servir como um ensaio prático da vivência de aposentado; guardando apenas um mês de LP para usar quando entrar efetivamente com o pedido de aposentadoria no PREVIMPA.
(Luiz Antônio, o Boca de Cinzeiro, aposentado em 2009 na DVM)

A minha estratégia, porém, tem sido sempre de gozar as LPs anualmente, gozando-as por trinta ou quinze dias como férias de inverno, de forma que se acabe uma LP quando já vou adquirir a próxima, sem jamais deixar acumular LPs. Assim, por uma lado fiquei limitado, pois não teria como antecipar nem como ensaiar a minha aposentadoria ficando vários meses em casa; porém, por outro lado, fiquei livre para sair a qualquer momento a partir de 28/julho, se alguma situação de “alto risco” surgisse, sem correr o risco de ter que abrir mão de LPs acumuladas, se me deparasse diante da necessidade de uma saída de emergência.

(Rudnei, o Pirata,que se aposentou no final de 2010 na DVM)

É preciso que se registre que estamos vivendo tempos conturbados de desconstrução dos chamados “direitos adquiridos” (Tarso Genro, quando Ministro da Justiça, já disse que não existe direito adquirido!).
O meu planejamento inicial, registrado aqui neste blog, era de que sairia de férias no início de fevereiro de 2011(confirmado dia 03!). Por este cronograma, eu não voltaria mais a trabalhar depois de entrar em férias, por protocolaria o meu pedido de aposentadoria no primeiro dia do retorno das férias e emendaria uma licença prêmio em março, para ficar na Licença Aguardando Aposentadoria. A partir de 1º abril estaria aguardando a oficialização da aposentadoria em casa, definitivamente sem retorno...

(Hélio Azeitona, aposentado da década de 80 na DVM)

Mas o tal Abono Permanência (11% de acréscimo no salário) pesa, é um anzol que está fisgando todo mundo que está meio atrapalhado financeiramente. E quem não está, não é mesmo? Especialmente no retorno das férias, quando sempre volto completamente falido, sem grana, operando no negativo do cartão e pagando juros. Normalmente só consigo me reabilitar com a restituição do Imposto de Renda (no primeiro lote!)...ou com a antecipação da restituição na rede bancária....

(O Hugo  Meleiro  (E), o primeiro da DVM a se aposentar em 2011!) 

Assim, como cada um sabe onde o sapato lhe aperta, não há uma estratégia melhor do que a outra, você é quem decide qual será a sua estratégia pré-aposentadoria e o momento certo de saltar fora. No meu caso, daqui pra frente, após pagar a última parcela do financiamento do carro no contracheque de fevereiro, nada mais está previamente definido, apenas está certo que volto para trabalhar o mês de março inteiro. Pra diante vou avaliar mês a mês: com cuidado para não sair correndo e cambaleando por falta de dinheiro, mas não tão cuidadoso para não cair na cilada de ficar trabalhando 8 horas por dia por menos de 10% do meu salário! Meu “Sonho de Liberdade” é outro...

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