REAJUSTES & PORTABILIDADES SALARIAIS

Agora com o monstro da inflação voltando a assustar nas prateleiras dos supermercados, convém lembrar que a gestão anterior, a Administração Petista, matou a bimestralidade dos municipários, benefício que consistia em um reajuste da inflação a cada dois meses (que maravilha!). Benefício este que não resistiu ao congelamento siberiano a que foi submetida no governo Tarso-Verne, período de vacas magras em que ficamos silenciosamente sem reajuste nenhum. De maneira que a administração do Fogaça-Fortunati, que pregava nas promessas de campanha “preservar o que é bom”, achou ótimo encontrar a bimestralidade já defunta, pois só teve o trabalho de ouvir a choradeira do velório e providenciar o enterro, antes que fedesse demais. A choradeira até que fedeu bastante, pois rendeu uma greve capitaneada pelos mesmos que tornaram a bimestralidade uma múmia, ao saírem dos gabinetes e ocuparem novamente o espaço sindical da arena política.
Mas, para um anarquista convertido pelo método da cabeçada contra o muro como eu, nada como um dia após o outro...nada como a alternância no poder para se revelar a mesmice inerente da política partidária em todo o seu espectro de partidos políticos...O prefeito Vilella, nomeado pela ditadura, era mestre em dar reajuste salarial parcelado ao servidores municipais, em plena época de inflação galopante. Esta prática de expropriação voltou a ser moda com a dupla nativista Fogaça&Fortunati no reajuste salarial de maio/2009, que foi parcelado em três vezes. Com esta política salarial os cofres públicos se fortaleceram diminuindo o fluxo de caixa que migraria, por direito, para os salários dos seus servidores. A grana relativa aos 5,53% de reajuste que os funcionários deveriam ter recebido em maio/09, a prefeitura pagou 1% em maio, 2% em setembro e o saldo (2,53%) a partir de janeiro de 2010. Conforme exposição do economista Paulo Muzell célebre na época, a Administração fez uma “economia do arrocho”: 29,2 milhões de reais apropriado como redução de custos  e, ainda por cima, parte foi jogado para o orçamento de 2010, pago em fevereiro, melhorando ainda mais os seus indicadores gerenciais financeiro em busca do troféu de Ouro do PGQP (Pessoal sem Grana é Qualidade Patronal).
 A mesma política de desvalorização de pessoal foi aplicada para a Progressão Funcional: biênio 2002~2004. Somente em meados de 2009 começaram pagar e só a partir de então, sendo que os atrasados de 2005 até 2008, ao invés de vir numa bolada como seria de direito, para compensar o atraso e assim possibilitar que o barnabé adquirisse alguma coisa de valor, tendo um capital mínimo de investimento, que nada...Os atrasados ficaram nos cofres da fazenda qualificando seus indicadores e passaram a ser pagos em trinta  e seis longuíssimas parcelas  irrisórias, que ficaram diluídas em três anos a contar de 2010. Ou seja, os débitos salariais de 2005-2008 foram pagos em conta-gotas até o final de 2012: ainda bem que as previsões do povo Maia não se realizarem e o mundo não terminou antes!
Depois veio o caso da “Venda da Folha de Pagamento” para a Caixa Econômica Federal (CEF), em  que a “gestão de qualidade” gerou lucros para os cofres públicos a partir de 2008, em troca de prejuízos incessantes impostos ao quadro funcional, em especial aos correntistas de outros bancos, como uma novas iniciativa gerencial da administração Fogaça&Fortunati com igual sucesso no PGQP, pois com o mesmo teor de empobrecimento dos servidores municipais.
Isto implicou compulsoriamente no desmonte de toda a organização familiar bancária da vida das pessoas (seus débitos em conta e financiamentos, o crédito pessoal de cada um devido ao seu tempo como correntista de um mesmo banco, etc.), e acabou com a liberdade de opção: a essência de uma democracia foi “amordaçada” pelo “Vento Negro” do então prefeito-poeta.
 A Prefeitura se vangloriava  de ter arrecadado R$ 80 milhões pela venda de seu lote de subjugados à Caixa Econômica Federal (CEF), recursos obtidos às duras custas dos servidores que, para manterem seus compromissos bancários em seus bancos de origem, tiveram que gastar valores exorbitantes com taxas bancárias (para manter as duas contas bancárias e arcar com seus custos, em função de compromissos financeiros de longo prazo assumidos anteriormente).  
Como um lote de escravos vendidos em praça pública, os servidores municipais tiveram que assinar contrato com o seu novo Senhor Banqueiro, imposto ditatorialmente, o qual chegou prometendo mundos e fundos de isenções, mas que já mostrou nos primeiros anos do seu reinado o uso do duro pelourinho de suas taxas a chicotear no lombo dos salários dos servidores municipais.
Esta postagem escrevi originalmente em março/2008, quando da imposição da CEF como monopolista da folha de pagamento da prefeitura. A matéria foi atualizada em 2010, por termos verificado no decorrer do tempo que os nossos prejuízos não foram só financeiros, mas também na perda da qualidade e da quantidade dos serviços prestados.
Além de praticamente não existir terminais de auto-atendimento para pagamentos de contas fora das agências bancárias pela cidade, os terminais instalados no entorno do DMAE estavam sempre com problemas. Quando não estavam com sistema congelado, estavam sem papel ou as máquinas estavam desligadas. O recurso especial que a CEF oferece, que é o uso das lotéricas, tem a grave restrição de funcionar dentro do limite de saques, o que não possibilita o pagamento de muitas contas e, às vezes, nem uma única conta alta, tipo a conta do cartão de crédito da própria CEF.
 Aproveito para fazer aqui uma denúncia de desperdício do dinheiro público: No supermercado Nacional da rua Múcio Teixeira (antigo Moby Center) foi colocado um terminal de auto-atendimento novinho da CEF, isso faz mais de três anos, só que nunca foi ligado, ficou esquecido lá até hoje como um insulto aos correntistas!...
Agora, com o advento da Portabilidade Bancária e da Conta Salário, a partir de 2012, já é possível obtermos a alforria desta imposição patronal e conquistarmos novamente a liberdade de opção democrática de escolha e buscarmos uma desoneração de taxas bancárias.
 A chamada "conta salário" começou a valer para os funcionários públicos em janeiro de 2012. A partir do ano passado, portanto, o servidor público passou a poder optar por transferir seus vencimentos para o banco de sua preferência. O que é preciso fazer? O servidor deve simplesmente protocolar o pedido de portabilidade junto à sua agência na CEF. A portabilidade (transferência do salário) tem caráter automático e permanente, ou seja, o pedido é feito numa única vez. Nos meses seguintes, a transferência ocorrerá automaticamente e os respectivos créditos salariais estarão disponíveis no banco e conta indicados no mesmo dia do pagamento. A conta corrente na CEF passa a ser uma “Conta Salário”, sem cobrança de qualquer tarifa  bancária.
Muitos trabalhadores endividados estão se utilizando deste instrumento para terem acesso novamente aos seus salários, pois muitos estão tão endividados que quando o seu salário é depositado o banco fica com todo o valor para o pagamento das dívidas. Não é o meu caso (ainda!), mas estou providenciando a minha portabilidade bancária, nem que seja só para ter o prazer de romper a corrente que me aprisionava ao lote de trabalhadores vendidos feito escravos,  através da folha de pagamento comprada pela CEF!

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