MONTEPIO: UMA POLÊMICA INFINDÁVEL

Sede do Montepio:
       Sobre a postagem anterior, A Hora de Pendurar as Chuteiras, recebi um comentário de um colega (pelo qual tenho alta estima e admiração por sempre ter estado envolvido, mesmo após aposentado, com a sua militância qualificada, nas mais variadas entidades de classe dos municipários), em que ele destaca o seguinte trecho do meu texto do blog para fazer as suas críticas que reproduzo a seguir:
        Considero que também fiz alguns poucos golaços nos meus 36 anos de carreira de servidor público, tais como a fundação da entidade pré-sindical dos servidores municipais denominada Associação dos Municipários de Porto Alegre (AMPA), a Intervenção no Montepio para desmantelar a quadrilha que atuava por lá, ?????.....


Em 8 de maio de 2011 21:39, Ari Krasner escreveu:
Assunto: A Hora de Pendurar as Chuteiras e o Montepio
       Celso, esse teu comentário não condiz com a verdade, pois no momento da desastrada intervenção feita pelo então pref. Tarso Genro o Montepio era presidido pelo Eng. Joel Almada Emmer, eleito democraticamente, que é uma pessoa honesta e idônea. Essa intervenção foi truculenta e ilegal, tanto que considerada ilegal pela Justiça. Como consequência dessa intervenção, após a devolução conforme determinação judicial, é que ali se instalou um grupo que pode ser nominado como dizes uma quadrilha, tendo em vista que o presidente desgostoso pelos acontecimentos não mais quis assumir. De repente face ao passar dos anos meus neurônios podem já estar falhando, mas ao que me consta a verdade sobre a intervenção é essa. O motivo foi político e ilegal, a quadrilha veio depois como consequência.

Em 9 de maio de 2011 10:59, Celso Lima escreveu:
        Ari, o conceito de verdade é relativo ao entendimento de quem conta ou participou da história com suas crenças e valores. Por exemplo, os islâmicos tem outra versão para a morte do (mártir) Bin Laden, diferente da ocidental. Respeito a tua visão, pois sei que, como o Joel e o Barradas e tantos outros colegas de boa fé, participavas do Conselho do Montepio. Gostaria que desse uma lida em outra postagem deste blog, de maio/2010, em que conto este episódio da intervenção e o meu encontro posterior com o meu mestre que foi o Joel Emer:
Valeu a crítica, mas podemos seguir debatendo sem paixões os fatos daquela época.
Abraço, Celso.

---------- Mensagem encaminhada ----------
De: Ari Krasner
Data: 9 de maio de 2011 12:06
Assunto: Re: : montepio
Para: Celso Lima celsol1954@gmail.com
          Celso, continuo entendendo que o teu atual comentário é tendencioso, pois afirmas que uma das boas coisas que fizeste foi participar da intervenção no Montepio para tirar de lá a quadrilha que tinha lá se instalado, quando a verdade (que quando se trata de fatos não é relativa) e o fato é que não tinha nenhuma quadrilha no Montepio, tanto é que os interventores nada encontraram que justificasse a intervenção; o fato é que a intervenção foi ilegal é que a Justiça determinou a devolução do comando.
        Não pretendo continuar a discutir o assunto, mas acho que, como muita gente lê o teu blog, deverias também, já que escrevestes sobre o assunto, esclarecer que os interventores nada encontraram e que a Justiça determinou a devolução por ser a intervenção ilegal. O que aconteceu depois foi depois. Um abraço. Ari.

Hotel Praia Torres:
       Esta polêmica levantada pelo Ari é pertinente para que se possa dar a devida dimensão a este episódio que se constituiu num divisor da comunidade municipária feito o Muro de Berlim, entre os prós e os contras a intervenção no Montepio. Reafirmo aqui a importância pessoal que dou ao tema, e pela oportunidade de reabrir e esmiuçar um pouco mais o relato de alguns aspectos deste episódio ocorrido a partir de maio de 1994, que talvez tenha sido o mais controverso em que me envolvi em toda a minha vida. Por reconhecer que se trata de um assunto polêmico, acato como legítima e pertinente o questionamento do colega.
        Se o colega  pretendesse continuar discutindo o assunto, eu poderia rebater os argumentos dele de que “nada foi encontrado de irregular” e de que “a  Justiça decretou  a intervenção ilegal”, repetindo o que alardeamos na época, mas que muita gente não quis ouvir ou acreditar: houve ações irregulares na compra de 48 apartamentos de um hotel de Torres pelo Montepio, estava havendo repasses ilegais para o Projeto SISA de milhões de reais dos cofres do Montepio para o delírio suicida de construírem um hospital, e uma auditoria na obra do Centro Comercial Olaria, que o Montepio estava  realizando na época, avaliou que havia um superfaturamento da ordem de 30% do valor de todo o patrimônio acumulado ao longo dos 30 anos de existência da entidade (dava para fazer mais de dois Olarias!). A obra foi embargada, e estas e outras irregularidades foram ajuizadas no Ministério Público.

         O comentário de que a “quadrilha” se formou depois da retomada da entidade na justiça não condiz com a verdade, pois me lembro muito bem que na época publiquei no Boletim Informativo do Montepio uma matéria intitulada “Quem é Quem?”, onde mostrava o histórico dos principais componentes da diretoria que, apesar de mudarem de cargos a cada novo mandato, o núcleo mafioso permanecia sempre o mesmo desde sempre, há décadas. Depois que caiu a máscara, eles só tiveram que mostrar as caras e as garras!
         A Justiça determinou a devolução por ser a Intervenção ilegal? Sim, mas paradoxalmente por considerar que o Montepio seria estatutariamente uma “associação de natureza privada”, apesar de ter sido criado por lei municipal e da metade da contribuição advir do erário público. Essa vitória na justiça acabou por configurar a ruína do Montepio, pois o caracterizou como de propriedade particular deste grupo que o dominava e acabou com a esperança dos municipários de transformarem esta entidade no seu Instituto de Previdência (e não apenas de pensionistas, como sempre foi!). Abriu-se assim o espaço para a criação de um novo órgão para a previdência, o PREVIMPA.
        Total, a fila andou...e o patrimônio do MFMPA se tornou de "direito privado"!
Comissão Eleitoral eComissão de Intervenção

       Todavia, não é mais o caso de se fazer réplicas e tréplicas argumentativas, são águas passadas que não movem mais moinhos!
       Mesmo assim, repito que esta polêmica levantada pelo colega Ari é pertinente, pois este muro divisor da compreensão dos fatos, dependendo do lado que se esteja participando deles, é o mesmo que produzem as diferentes percepções que levamos por toda a vida, tais como as que levam algumas pessoas de boa fé a acreditarem que o “escândalo do Mensalão no governo Lula” foi realmente pura invenção da imprensa oposicionista; e outros a não acreditarem que o homem esteve na lua.
A farra do SISAcontinou depois...

Não se provou nada até hoje de maneira condenatória dos antigos dirigentes do Montepio? Não, e pelas mesmas razões que a justiça brasileira garante impunidade ao  Maluf e que permite que o Collor também diga que o motivo do impecheament foi meramente político, e que nada foi provado contra ele que hoje é Senador da República.
Balcão de emprésimos do MFMPA: 

        É a vida como ela é, caro Ari Krasner e demais colegas que partilham essa mesma leitura desta página da nossa história de servidores públicos municipais: mesmo os fatos são sociologicamente relativos às crenças, ideais e dogmas de cada um. Tudo depende de que lado da trincheira se está! Por isso, creio que a Intervenção no Montepio é uma polêmica infindável, mas eu não podia deixar de responder ao questionamento e pedido explícito para que me manifestasse novamente sobre o tema no blog, em respeito aos meus leitores e, especialmente, aos que nos prestigiam com seus comentários pessoais. Reitero, mesmo envolto em tanta controvérsia se foi um gol contra ou a favor, que participar da Comissão de Intervenção no MFMPA consta para mim como sendo um dos meus raros golaços como barnabé municipal!

Valeu Ari, nada como uma boa polêmica para nos aguçar os neurônios!

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