RONALDO E EU: A HORA DE PENDURAR AS CHUTEIRAS

Como eu dizia em minhas Reflexões sobre Estratégia de Pré-Aposentadoria, postada aqui em janeiro/2011, cada um sabe onde o sapato lhe aperta, não há uma estratégia melhor do que a outra, você é quem decide qual será a sua estratégia pré-aposentadoria e o momento certo de saltar fora. No meu caso, daqui pra frente, após ter pago a última parcela do financiamento do carro no contracheque de fevereiro, nada mais estava previamente definido. Voltei das férias em fevereiro para trabalhar o mês de março inteiro e, pra diante ir avaliando mês a mês: com cuidado para não sair correndo e cambaleando por falta de dinheiro, mas não tão cuidadoso para não cair na cilada de ficar trabalhando 8 horas por dia de graça por medo da vida no além-Dmae! Meu “Sonho de Liberdade” é outro...
O certo é que na “Hora H” do “Dia D” de pendurar as chuteiras todo mundo fica sujeito a  “amarelar”.  Por falar em amarelar, o exemplo mais emblemático do  momento, de quem pendurou as chuteiras literalmente, sem amarelar desta vez, é o Ronaldo Fenômeno. Ele se declarou faceiro por finalmente ter conquistado os finais de semana livres, mas reconheceu que vai sentir falta até das concentrações que ele odiava tanto e, é  claro, vai sentir falta nas tardes de domingo da adrenalina dos estádios lotados vibrando com seus gols fantásticos.
Assim, é possível que eu também venha a sentir falta até das manhãs de sábados e domingos em que acordava cedo e ficava engaiolado no meu local de trabalho para fazer os plantões de engenheiros, em troca de alguns trocados a mais no salário. A propósito, faz mais de um ano que deixei de fazer esses plantões, seguindo a lógica do Jalba que se aposentou antes de mim, que era preciso ir se desprendendo destes penduricalhos salariais que a gente não vai levar na aposentadoria, visando evitar o a sensação de um rombo financeiro na hora H de pendurar as chuteiras. Registro, para que seja de domínio público, que esta estratégia tem uma vantagem que eu nem havia computado, qual seja, de que se recebe a média das horas extras nos períodos de férias e de licença-prêmio. Portanto, no mole, faturei uma graninha extra sem precisar fazer horas-extras em pelo menos duas férias e duas LPs neste período!
Ronaldo Fenômeno de repente declarou, com lágrimas no rosto: Eu refleti muito em casa e decidi que era o momento de pendurar as chuteiras. Perguntado pela Patrícia Poeta em qual posição, entre os dez maiores jogadores brasileiros de todos os tempos ele se colocaria, Ronaldo Fenômeno respondeu:
- Falando de atacantes, o Pelé foi muito superior. Acho que eu estaria entre o segundo e o terceiro, modéstia à parte...

        Eu também, depois de ter adquirido direito à alforria em julho de 2010 e de  ter planejado sair somente depois de fevereiro de 2011, para não sentir a sensação de rombo financeiro com o corte imediato da grana do Abono Permanência, refleti muito e decidi que era chegado o momento de eu pendurar as  chuteiras. Francamente, sem falsa modéstia, sei que nunca incorporei completamente o capacete branco de engenheiro, não estive entre os melhores (até porque nunca tive este EPI de fato), em toda a minha passagem profissional. As minhas melhores lembranças são do período que eu era técnico de nível méddio, tempo em que botava as mãos nas ferramentas!  Mesmo consciente de que como engenheiro não precisei explorar todo o meu potencial, deu pro gasto, joguei a minha bolinha de meio de campo,  sempre pra equipe e, quando surgia oportunidade, fazia algumas jogadas espetaculosas de efeito na área gerencial de planilhas, gráficos e relatórios!
Concordo plenamente com o agora ex-craque Ronaldo Gordo, que ele está  entre os três melhores do Brasil, mas julgo que talvez o Zico pudesse concorrer na segunda posição, com suas penetrações na área adversária, mas  nada que se compare às emocionantes arrancadas do Ronaldo, entortando os zagueiros. Ele era, como o Romário, um exímio matador de goleiros, porém com mais estética atlética que o baixinho (força, agilidade e beleza nos movimentos, como teoriza a professora de filosofia da arte, Kathrin Rosenfield, sobre a inteligência corporal momentânea que se revela como inspirações artísticas nas jogadas dos craques de futebol, tais como Pelé, Maradona e Garrincha). Ronaldo fez 352 gols em 18 anos de carreira, entre eles muitos golaços de placa: verdadeiras obras de arte!

Considero que também fiz alguns poucos golaços nos meus 36 anos de carreira de servidor público, tais como a fundação da entidade pré-sindical dos servidores municipais denominada  Associação dos Municipários de Porto Alegre (AMPA), a Intervenção no Montepio para desmantelar a quadrilha que atuava por lá, a implantação dos sistemas de poços artesianos na Pitinga e nas Quirinas, a  informatização dos controles dos serviços de repavimentação do DMAE na década de 90 e a gestão por indicadores de eficiência na DVM....
        A minha hora de pendurar  as chuteiras também chegou, em verdade eu já  estava jogando no tempo complementar da prorrogação do prazo. Sei, é claro, que eu também vou sentir falta até do relógio-ponto que eu tanto odeio e, nas tardes de domingo, vou sentir falta da indesejada proximidade da manhã de segunda-feira que retoma a eterna rotina semanal do mundo do trabalho... Mas, chegou a Hora H do Dia D  e eu  também estou declarando, sem ter sido nenhum fenômeno (mas dando pro gasto da sobrevivência): Eu Fui, Dmae!...
          Fui ao Previmpa protocolar o meu pedido de aposentadoria e não volto mais, pois estarei gozando os meus últimos 30 dias de licença prêmio!...

-VALLLLLEEEEUUUUUUUUUUUU!!!!!!!!!!!!!!

Nota de Rodapé
Como este blog é um pequeno retrospecto da minha carreira profissional, apresento a seguir,  no link de Comentários, um  Pequeno Retrospecto da Carreira do Ronaldo Fenômeno, como uma homenagem a este ídolo que foi realmente o maior fenômeno  futebolístico brasileiro dos últimos tempos: 

Um comentário:

  1. Pequeno Retrospecto da Carreira do Ronaldo Fenômeno
    Ronaldo foi revelado pelo Cruzeiro em 1993 e, garoto ainda, foi jogar no exterior: PSV, Barcelona, Internazionali, Real Madrid e Milan: é mole?
    Ronaldo recebeu a primeira chance na seleção em março de 1994, às vésperas da Copa do Mundo e foi incluído pelo treinador Parreira entre os 22 convocados. Foi aos Estados Unidos, onde era o mais jovem daquele mundial, mas não jogou. Sendo campeão do mundo sem jogar em 1994 no EUA, que foi a Copa do Romário, o mundial da França de 1998 prometia ser a consagração de Ronaldo, que foi ao torneio tendo sido eleito por duas vezes o melhor jogador do mundo pela FIFA. Porém, horas antes da decisão contra a anfitriã França, o atleta foi abatido por uma misteriosa convulsão que até hoje ele só sabe que teve por ouvir contar, e que já foi diagnosticada desde estresse até ataque epilético. Deixou o hospital onde foi levado apenas 75 minutos antes da partida e se auto-escalou para jogar a partida, na qual mal andou em campo, apenas assistindo aos franceses ganharem por 3 x 0 e levarem pela primeira vez a Copa do Mundo.
    Seguidas lesões no joelho, a partir de 1999 afastaram o Ronaldo do Fenômeno que ele tinha sido e também da Seleção por dois anos. Sem ritmo de jogo e com uma imensa cicatriz no joelho direito, foi ainda assim chamado para a Copa do Mundo de 2002 por Luiz Felipe Scolari. Nessa Copa realizada em dois países, Coréia e Japão, o Fenômeno ressurgiu, marcando oito vezes. A campanha na Copa da qual o Brasil saiu como Pentacampeão foi determinante para que ele recebesse pela terceira vez o prêmio de melhor jogador do mundo pela FIFA.
    Na Copa do Mundo de 2006 na Alemanha, ele já não era a maior estrela do Brasil, e sim seu xará e fã Ronaldinho Gaúcho, com quem compunha o "Quadrado Mágico", ao lado de Kaká e Adriano.
    Nessa, que foi a quarta Copa do Mundo que ele participou, o Brasil apresentou um futebol decepcionante. Ronaldo foi ao torneio longe da melhor forma física. Ainda assim, demonstrou lampejos de craque, marcando três vezes. O terceiro deles, que o fez ultrapassar o alemão Gerd Müller e tornar-se, com a soma de quinze gols, o maior artilheiro das Copas do Mundo. O Brasil terminou eliminado ali e o Fenômeno foi um dos crucificados (com toda a geração de Cafu e Roberto Carlos que assistiu ao gol francês enquanto ajeitava as meias) pela interrupção do sonhado hexacampeonato, não sendo mais chamado desde então pela Seleção.
    Fora da Copa de 2010 na África com Dunga, saindo de lesão, Ronaldo acertou com o Corinthians a sua volta ao Brasil, depois de 14 anos, fazendo o seu retorno ao futebol em março de 2009. Nesta campanha do Corinthians no Campeonato Paulista, Ronaldo mostrou-se um dos principais jogadores da equipe, mesmo muito acima do seu peso ideal, marcou oito gols nas dez partidas que disputou. Finalizou sua primeira temporada no Timão com um total de 23 gols!

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