CURTA: OS SOBREVIVENTES DA GARGANTA DO DIABO

Ontem foi meu dia de celebridade, tive os meus “cinco minutos de fama”, que é o tempo de duração do filme curta metragem que produzi para ser apresentado na programação do Curtas ao meio dia no DMAE. Trata-se de uma iniciativa que convida os funcionários a participarem das comemorações dos 50 anos do DMAE, através da produção de um curta. Aconteceu do nosso curta ter sido o primeiro a se apresentar nesta modalidade para se exibido antes do filme oficial da programação. Foi neste clima de tapete vermelho que, tri-sorridente bati a foto abaixo de “nós, os cineastas”: Pedro Zimmermann, Goida e eu!

         Pedro Zimmermann, premiado roteirista e diretor cinematográfico de longas e curtas metragens gaúchos, prestigiou o evento e propiciou um debate sobre o seu emocionante curta Mapa Mundi, que tem como protagonista nada menos que Walmor Chagas, que é feito vinho, quanto mais velho melhor.
         Também prestigiou o evento o Goida, que é uma figura de contagiante cinefilia, sujeito que fez crítica cinematográfica para várias gerações através das colunas dos jornais portoalegrenses. Durante 36 anos foi o titular de cinema de Zero Hora, no qual ingressou quando era Última Hora. Além de ter atuado no Jornal do Comércio, foi redator na MPM Propaganda, acumulou prêmios regionais e nacionais. Esteve à frente da Comissão Organizadora do Festival de Cinema de Gramado ao longo de 29 anos, entre 1976 e 2005. A marca característica da cinefilia de seus textos está na coletânea Nas primeiras fileiras (UE, 1998), da série Escritos de Cinema da Secretaria Municipal da Cultura de Porto Alegre.

Os Sobreviventes da Garganta do Diabo, é um curta documentário que narra um acontecimento verídico, contado e interpretado pelos próprios sobreviventes, que produzimos amadoramente filmando numa máquina de fotografia Sony de 7.2 megapixels e editado no programa Movie Maker da Microsoft.  Contudo, o filme agradou ao público pela surpreendente naturalidade e realismo quase fantástico com que o ator-narrador (o Walmor Chagas da DVM!) conta  um acidente de trabalho, dos tantos a que estão sujeitos os funcionários da manutenção de equipamentos pelos porões das hidráulicas e pelas subestações do DMAE.
Depois do sucesso desta estréia de sala lotada, com direito a saborearmos mini-baurus à vontade com refrigerantes, você também poderá assistir ao nosso curta  (apenas sem as mesmas mordomias e glamour), clicando no link para o YouTube abaixo:

Curta: Os Sobreviventes da Garganta do Diabo, clic aqui!


Making off do curta Os Sobreviventes da Garganta do Diabo
         Tempos atrás aconteceu mais um acidente de trabalho com o nosso pessoal, dos tantos que já tomei conhecimento durante a minha longa vivência na manutenção de equipamentos do Dmae, alguns até fatais. Mas a forma detalhadamente emocionante como um dos sobreviventes contava o episódio dramático me chamou a atenção e me levou a tomar a iniciativa de gravar em áudio o seu relato. Posteriormente, percebendo o potencial literário do material que tinha nas mãos, pensei em editar esta matéria prima de alguma maneira para aproveitá-la futuramente.
Pois bem, com o advento do blog Diário de Um AposentaNdo,  a idéia que me veio foi de disponibilizar o áudio do sobrevivente Marco Cadela (nome e apelido do protagonista da história) através de um link no blog, a exemplo do que já havia feito com coleções de fotografias e até com os clipes que produzi do show que assisti do Paul McCartney. Todavia, depois de muito pesquisar, não encontrei o procedimento para se postar apenas o áudio, uma coisa simples que, no entanto, não é possível nem no Youtube nem no Picasa.
Diante do impasse, decidi produzir um filmezinho no programa Movie Maker, fazendo rodar as coleções de fotos do DMAE e da DVM enquanto o narrador contava suas peripécias de como sobreviveu na Garganta do Diabo ao acidente de trabalho que quase o matou afogado. Beleza, mas deu um trabalhão imenso, pois a narrativa tinha cerca de meia hora de duração. Depois de semanas trabalhando no projeto durante as noites de folga dos compromissos familiares, finalmente a coisa se aprontou e fiz o upload  para o Youtube, função na qual o computador ficou a noite toda rodando. Na manhã seguinte, ansioso para dispor do link de acesso ao clipe, o Youtube informava na tela que o arquivo tinha sido excluído por ser muito longo, estava com 1GB!
Tudo bem, não desisti. Resolvi editar o arquivo dividido em duas partes, mais um trabalhão medonho, e tentei novamente colocar no Youtube. Mesmo assim o arquivo foi rejeitado por ser muito longo. Então desisti, pois não daria para ir esquartejando infinitamente a gravação do áudio. Já havia me conformado em não disponibilizar na internet o material e apenas fazer uma cópia num DVD do clipe de meia hora com as fotos para o narrador e eu guardarmos de lembrança.

          Mas eis que, inesperadamente, surgiu a convocatória para que os servidores produzissem filmes de curta metragem para serem passados na programação oficial dos “Curtas no Dmae ao 1/2 dia”, como uma atividade especial em comemoração aos 50 anos do Departamento. Não tive dúvidas, era a chance de eu desengavetar aquele projeto dos Sobreviventes da Manutenção.

A solução era gravar novamente, agora com áudio e vídeo, uma versão mais compacta da narrativa, para obedecer o regulamento de que os “curtas” podem ter no máximo  cinco minutos de duração. Pensei em fazer a filmagem seguindo um roteiro mínimo: Somos uns sobreviventes, vem comigo que te mostro o porquê – Deslocamento até o local do acidente (de lambuja o diretor faz uma aparição relâmpago à la Hitchcock) – Ambientação das condições de risco no trabalho de manutenção nos porões do DMAE e o relato do acidente.
        Ocorreu que, sem estar previsto, o roteiro foi muito enriquecido pela coincidência de encontrarmos no local o “anjo da guarda” que salvou os sobreviventes e que completou o relato confirmando a dramaticidade da situação em que se viu envolvido e que,  por instinto  de humanidade, teve os ímpetos adequados para agir como salva-vidas.
O título  inicial do curta no roteiro era Os Sobreviventes da Manutenção, fazendo uma referência a que provavelmente a maioria do pessoal da DVM tenha vivenciado algum episódio grave de  risco de acidente de trabalho, como eu próprio que já relatei aqui meus cagaços mais sérios. No fundo, somos todos veteranos sobreviventes da guerra diária do ofício de manutenção dos equipamentos operacionais do DMAE: o show da água nas torneiras da população não pode parar!
         No final, até o nome do filme foi alterado quando, na edição das cenas gravadas, percebi que o próprio Marco já tinha proposto um título muito mais impactante em seu relato, ao dizer que pretendia escrever com tinta amarela naquele local: Garganta do Diabo!

Valeu Marco Bicca, ator revelação, cada diretor tem o Walmor Chagas que merece!

Um comentário:

  1. foi a mão de Deus que iluminou esse rapaz na hora com sua calma fascinante. pois o momento era de total desespero e surgi alguém com essa calma e esse brio

    ResponderExcluir