Barnabetismo Dmaeano


















A minha obra sempre foi
fazer a água no cano rolar
isto eu sei de sobra
o que eu não sei é cobrar:
cobrar do usuário-cidadão
respeito pelo meu trabalho
cobrar do prefeito, meu patrão
meus direitos de proletário.

No dia-a-dia de todos os dias
na torcida do "chega cinco e meia!"
a vida escoa nesta monotonia
de bater cartão...
de dar explicação para a chefia
Mas com a compensação de ver o saneamento
chegar às vilas humildes da periferia

Nas fugas drenadas do meu salário
de servidor público municipal
tem AFM, Previmpa e ASDMAE
a mordida do Leão e muito mais
e sempre as perdas salariais!

E no fim do mês
do ano e da vida
sempre é racionada a grana
que em marcha é consumida

Na decantação do tempo
se renovam gerações
no fluxo da captação ao expurgo
através do ralo da aposentadoria
quando, sem o devido tratamento
sofremos o corte de regulares ligações
com colegas, amigos, flertes e amantes

Sem um reservatório de sobras
seremos como flóculos flutuantes
ou como a gota que entrou pelo cano
que talvez por engano cadastral
possa ter entrado em cano cloacal...

Acreditando que, no fim, tudo flui ao mar
e que o mar não vai salgar as nuvens com o seu sal
a água benta do Guaíba vai se preservar
como matéria prima da vida hidrometrada 100% na capital.

Um comentário:

  1. muito bom, celso! adorei!

    boa sorte, bixo da letras! vou lá te dar o trote. hehe

    ResponderExcluir