BLOGAR OU PUBLICAR LIVROS?

Na crônica “Fim de um Mundo” o jornalista Juremir Machado alardeia que o livro de papel está com os dias contados e que as novas gerações não têm a menor relação afetiva com o suporte papel da escrita. Que este é um modelo de negócio que chega ao fim. Contudo, volta e meia o mesmo cronista fica se lamuriando, em sua coluna diária no Correio do Povo  (da qual sou leitor viciado!), devido à falta de repercussão dos seus livros na crítica midiática, ele  que costuma editar pelo menos um livro por ano.
Naturalmente que toda a pessoa que gosta de escrever almeja ter um livro seu publicado. Eu gosto de escrever e desejo publicar um livro escrito por mim (antes que livro vire raridade feito disco de vinil). Mas também tenho a noção do quanto de fantasioso é este desejo, pois publicar um livro é criar um “elefante branco” de difícil distribuição. Que grande realização pessoal é esta de publicar um livro para ficar encalhado ou para ser distribuído (gratuitamente!) entre os familiares e amigos convocados para a sessão de autógrafos?...
A lamúria recorrente do Juremir é a de quem trabalha num jornal de grande circulação e cuja empresa costuma fazer  promoções no âmbito regional para vender os livros do seu principal cronista. Ainda assim o cara não consegue obter a sua devida projeção nacional como escritor. Compreendi este aparente “pseudo drama” de um bem sucedido jornalista, quando ao comentar na sala de aula do curso de Letras da UFRGS uma crônica da sua briga com o Luís Fernando Veríssimo, a professora me indagou surpresa: O Juremir continua escrevendo? Por onde ele anda depois que saiu da ZH?... Só então percebi que quem não está na Zero Hora da RBS/Globo/VEJA, não existe! São mundos paralelos que se mantêm separados em nível nacional, inclusive na crítica cultural midiática e editorial dominada pela Rede  Globo,  que simplesmente ignora a existência dos talentos do outro segmento. Se o Juremir é um maldito excluído do mercado editorial, o que sobra para nós, obscuros cronistas anônimos?...
Ainda bem que a informática desenvolveu o mundo maravilhoso dos blogs, onde caras como eu (que gostam de escrever sem pretensões de se profissionalizarem nem de se tornarem bem sucedidos cronistas de jornais) podem bater sua bolinha como amadores da várzea das letras, com a possibilidade de alguma galera de internautas acessarem seus escritos. Nos blogs os caras como eu podem publicar seus escritos e ficarmos chuleando possíveis leitores à deriva no ciberespaço, sem precisarmos pagar o mico de ficarmos com milhares de livros encalhados em casa, ou entulhando as estantes (sem ser lidos) pelos coitados dos nossos amigos e parentes.
A propósito, recolhi do professor Luís Fischer  alguns  argumentos favoráveis a se blogar: É bom ter audiência, mesmo sem fazer idéia de quem são os leitores. Você apenas precisa aprender a lidar com essa relação meio íntima com leitores tão anônimos. Com o tempo você percebe que sobrevive sem comentários. Segundo as estatísticas, apenas 1% dos leitores deixa um. Então pare de implorar pelos comentários dos amigos. Blogar ajuda a organizar as ideias, exercitar a escrita e você ainda corre o risco de escrever algo realmente bom. Amigos distantes, ou distanciados, se sentem próximos ao ler o seu blog. Você não precisa de orkut para se relacionar, e só se expõe se, e o quanto, quiser. Você está deixando um registro histórico, da sua vida ou da sua época, embora isso pareça uma grande pretensão agora. O fato de blog não dar dinheiro não é motivo para parar. Pense bem: você realmente não começou porque havia essa possibilidade. No blog você pode (quase) tudo, e nenhum editor vai chamar a sua atenção.
Contudo, publicar um livro com esquema de distribuição e público leitor  garantido é o que todo  o ”escrevinhador” sonha. No último mês este blog bateu o seu próprio recorde de acessos, ultrapassou 1.100 visitas: Uau, público leitor temos! A propósito, aguardem que em breve relatarei o resultado das tratativas que estou articulando junto a diretoria do Dmae, visando a publicação de um Livro dos AposentaNdos da PMPA, contendo uma seleção de crônicas deste blog, para ser distribuído gratuitamente no Kit do Previmpa e pela SMA no Curso de Preparação para Aposentadoria. Não é uma boa idéia? Então, mas vou precisar do apoio de todos vocês nesta cruzada difícil para acessar aos meios de produção, batalha que já dura alguns meses. Depois eu conto timtim por timtim...tomara que com uma boa notícia no final!

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