O ROL DOS MEUS POEMAS FAVORITOS

         A esta altura da vida em que me encontro, conforme a gente vai envelhecendo, vai sentindo a necessidade de dominar, com maior profundidade, as coisas que gosta...vai daí que inaugurei alguns anos atrás uma pasta no meu computador intitulada  “Meus Poetas Preferidos”, e ali pensei em ir reunindo as poesias eleitas como as minhas favoritas.
Castro Alves
Acontece que leio poesia desde jovem, digamos a partir dos 20 anos de idade, quando passei, com um poder aquisitivo mínimo, a ter acesso a livros: nos balaios de oferta dos sebos e da Feira do Livro. Mas a minha leitura de poesia nunca foi sistemática, tipo de cabo a rabo, pelo contrário, gostava de abrir e ler aleatoriamente os poemas de um determinado volume que estivesse fazendo sua temporada como “livro de cabeceira” de minha cama, de modo que ele nunca era dado por lido e arquivado em definitivo na prateleira. Era um sistema de permanente rodízio de poetas na minha mesa de cabeceira, com os mesmos livros podendo retornar de tempos em tempos. Por lá passaram Castro Alves, o modernista Mário de Andrade e, especialmente, o poeta maior do Brasil, Carlos Drummond de Andrade, com várias obras. Depois me descobri em Fernando Pessoa, ainda hoje a minha melhor tradução, e segui como um beija-flor descobrindo e sugando o néctar de outros poetas, tais como Walt Whitman, Maiakóvski e Paulo Leminski. 
DOSAGENS DE POESIA          
Uma das minhas doses diária de poesia
É aplicada na cama, antes de dormir
Direto na veia, para eu entrar em estado de sonho
Querendo desacordar logo para no sono fugir
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Conforme progredia o meu poder aquisitivo, fui ampliando também meus horizontes linguísticos e, com uma visita turística à Cuba, dado os baixíssimos preços dos livros por lá, voltei carregado de Federico Garcia Lorca e Pablo Neruda, este se consolidando como a melhor tradução poética da minha alma latino-americana, com o  privilégio de ter o charme especial de fazer seus cantos gerais em língua espanhola, que me gusta mucho!  Segui assim sempre peregrino, fazendo estadias tanto por infernos, como em Rimbaud, como pelos jardins das Flores do Mal de Baudelaire, e na poética de Eliot: vastos são os campos e muitas as moradas da poesia.
         De maneira que o meu projeto inicial de ir reunindo num arquivo os poemas preferidos teve que sofrer adaptações de percurso. Decidi adotar um novo procedimento de leitura, buscar ler a obra completa de cada poeta preferido e ir assinalando os meus poemas favoritos. Assim, a partir no ano de 2006, em que li o livro Toda Poesia de Ferreira Gullar, passei a selecionar as poesias que constituirão a Coleção dos Meus Poemas Favoritos. Em 2007 passei todo o ano com o Quintana na minha cama, lendo do início ao fim sua obra completa com mais de mil páginas, e absorvendo em doses homeopáticas as pílulas poéticas deste poeta que tem o ponto de vista portoalegrense de percepção do mundo, de forma a levar seus efeitos medicamentosos até o coração e ao espírito. Do Ferreira Gullar selecionei vinte e duas poesias e dos quintanares recolhi noventa e um poemas para entrarem na coleção dos meus favoritos.

QUINTAIS QUINTANEIROS
Captar os tantos sapos e grilos
Que povoam os versos do Quintana
Pressupõe uma experiência de vida
Em que de fato tenha havido banhados
Nas vizinhanças da infância do leitor
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No ano seguinte dei continuidade  ao propósito de mergulhar na obra completa dos grandes poetas, levando-os para a minha cama, mas a partir de então apenas em matinais doses diárias de poesia, uma vez que o outro horário que também era destinado para leituras poéticas, o horário noturno de deitar-se para dormir no final da jornada diária foi ocupado por um novo propósito, igualmente envolvente, que é o de fazer  silenciosa meditação budista  de forma cotidiana, para silenciar a mente e facilitar a conexão com o sono.

         Assim, no ano de 2008 a minha mesa de cabeceira foi ocupada pelo livro Obra Poética – Volume Único de Fernando Pessoa. Após saborosas leituras matinais, resultaram selecionados 122 poemas para o rol dos meus preferidos, mas sabendo que cada leitura que se fizer de um grande mestre como o Fernando Pessoa resultaria uma lista diferente de poemas escolhidos, dependendo de cada momento do próprio leitor. Acato, pois, os comentários do poeta e de seus múltiplos heterônimos: Navegar é preciso; viver não é preciso: Viver não é necessário; o que é necessário é criar.
         Necessariamente, porém, navegar em Fernando Pessoa é preciso, e eu naveguei toda a mensagem de sua travessia poética!...
PESSOA ÍNTIMA
Que Pessoa é esta na minha cama
Que fala do amor e de Deus
E sobre a vida e a morte dos meus “eus”?
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O poeta escolhido para poetizar as manhãs de 2009 foi o Carlos Drummond de Andrade; o volume único de sua “poesia completa” chegou à minha mesa de cabeceira vindo de João Pessoa na Paraíba, via internet na rena do Papai Noel, por estar absolutamente esgotado em todo o país. Com 1.600 páginas, o dobro de Fernando Pessoa, este convívio com o mestre de Itabira, o grande Drummond, como era de se esperar, se prolongou por todo o 2010 e adentrou 2011, e  continua  fornecendo novos títulos de poemas para se integrarem aos meus favoritos, já totalizando até o momento mais de oitenta poesias selecionadas como tal...
O próximo poeta que levarei para a cama já está escolhido, será Pablo Neruda, para cuja vasta obra em língua espanhola poderei dedicar outros espaços diários do meu cotidiano, uma vez que estarei aposentado,  terei mais  tempo para fazer calmamente a colheita de versos nerudianos para o rol dos meus poemas favoritos.
Poeta Celsol
POETEIRO
Não é que eu seja um convencido
Mas relendo meu último livro de poemas
Entrei pro rol dos meus poetas preferidos
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Todos estes poeminhas estão nos meus  livros  de poemas INDAGAÇÕES POÉTICAS e ELOS, que têm link de acesso disponíveis na Minha Lista de Blogs do Menu desta página. Em todo caso, para poupar tanto esforço, disponibilizei aqui mesmo os links para vocês darem uma espiadinha:

Para encerrar com interatividade, passo um tema de casa: leia em tom declamatório o verso abaixo e depois o localize em um dos meus blogs de poemas, comentando qual é o seu título:
O Solitário processo de poetar
É viver a poesia do que se faz
Fazendo poesia do que se vive
É indagar vivendo as indagações!
Valeu!

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