UM ANO SEM CARTÃO PONTO

            No mês de maio/2012 completei um ano de alforria do tirânico relógio ponto, quando adquiri de fato o direito à liberdade plena ao entrar em Licença de Aguardando Aposentadoria (LAA),  apesar de somente em outubro/2011 ter sido publicado legalmente o meu ATO DE APOSENTADORIA INTEGRAL E COM PARIDADE. É, portanto, hora de fazermos algumas reminiscências dos temas e aflições compartilhados neste “Diário de Um AposentaNdo”.
           Como eu já disse aqui, é cedo ainda para se ter domínio de como vai funcionar a longo prazo a vida de aposentado, se em algum momento vai surgir o tal monstro do fundo do lago do tédio para me amedrontar, como quase todo mundo acredita que, mais cedo ou mais tarde, vai acontecer... Penso que o medo da vida a ser vivida só acontece com quem teve medo de viver a vida já vivida antes, que viveu confinado nas rotinas coletivas sem garantir espaço para desenvolver sua individualidade, e que perdeu de vista a criança que foi. Sou daqueles que, como o Saramago, diz: Quando me for deste mundo sairei de mão dada com a criança que fui.
         Por enquanto tenho transcrito aqui neste blog uma boa nova aos aposentaNdos: Não há tempo ocioso na aposentadoria, pelo contrário, falta tempo. Tenho mostrado que os aposentados pós-modernos têm dois mundos para povoar: o cyberespaço da vida virtual no computador e o espaço mundano da vida real. Acreditem, falta tempo! Alguns comentam que é depois de decorrido um ano que o diabo torce o rabo e solta o seu enxofre depressivo nas ventas dos novos aposentados. Pode até ser, não convém contar vantagens antes do tempo, mas o bicho está me parecendo manso, um capeta domesticado...
        Pelo jeito o bicho anda solto mesmo é no Dmae, com a tal da reestruturação, projeto que passou de contrabando no pacote da essencialidade transformada em Gratificação por Desempenho de Atividade Essencial, o GDAE do Star Wars, que está promovendo uma guerra de uns funcionários contra os outros. Tenho visto muito alvoroço, mas estou como todo mundo por lá, esperando baixar a poeira  para entender melhor o que vai resultar de tanto rebuliço.

          Fico só assistindo do camarote VIP dos aposentados. Digo VIP por que devido à paridade dos aposentados com os da ativa, a Gratificação de Alcance de Metas (GAM) conquistada pelos engenheiros também entrou no meu contracheque com 100% das metas alcançadas: Valeu a luta dos capacetes brancos!
        Talvez o pulo do gato da tranquilidade em que se processou a minha transição para a tribo dos chamados “inativos” tenha sido o fato de eu ter iniciado um ano antes, com este blog, o meu processo de luto e despedida prévia das rotinas e colegas servidores do Dmae e da PMPA. Quando chegou o momento eu já estava leve e solto das amarras para voar pela nova vida, livre da tortura do relógio ponto batendo no limite para a tolerância do vermelho no cartão.

          Para quem não lembra (ou chegou depois!) de uma postagem de dezembro de 2010, recordo que no Programa de Preparação Para Aposentadoria (PPA), o qual freqüentei antes de me aposentar e recomendo a todos, foram feitas muitas recomendações, algumas um tanto óbvias para o pós-carreira, tais como: ler livros, viajar, ter uma religião, ter amigos de sua faixa etária, etc. Mas duas recomendações me chamaram a atenção: Escreva uma autobiografia e escreva uma lista de 100 coisas para fazer!
        Escrever é a minha compulsão. A autobiografia eu já estava desenvolvendo através deste blog, mas gostei muito da idéia da lista e elaborei então a minha “Lista de 100 coisas para fazer quando estiver aposentado”.


Hoje, das 100 coisas da minha lista, 21% dos itens já estão realizados e 16% se encontram em andamento. Nada mal para o primeiro ano, sobretudo se considerarmos que a “Minha Viagem dos Sonhos para a Europa” foi realizada neste período, que era o projeto de maior custo financeiro da lista. E a melhor notícia é que, pelo andar da carruagem, esta minha lista vai levar mais alguns anos para ser inteiramente realizada e, melhor do que isso, é que a lista  tende a crescer com “Outras coisas para fazer na aposentadoria”...

           Como eu disse, escrever é a minha compulsão. Por isso preciso reconhecer que grande parte desta sensação de felicidade plena que a vida de aposentado tem me proporcionado se deve ao êxito do blog Diário de um AponsetaNdo, se deve à sua carinhosa acolhida pela categoria dos municipários, especialmente pelo quadro funcional do DMAE. No blog ultrapassamos aos 14.900 acessos em dois anos e meio de existência e realizamos a incrível façanha de mais de 1.100 visitas num único mês!!!
         Então, com este grande potencial de possíveis leitores, andei sonhando com a publicação de um “Livro do Diário do AposentaNdo da PMPA”, contendo uma seleção de crônicas deste blog, para ser distribuído gratuitamente no Kit do Previmpa, para os novos aposentados, e pela SMA no Curso de Preparação para Aposentadoria.
          Naturalmente que toda a pessoa que gosta de escrever almeja ter um livro seu publicado. Eu gosto de escrever e desejo publicar um livro escrito por mim (antes que livro vire raridade feito disco de vinil). Mas também tenho a noção do quanto de fantasioso é este desejo, pois publicar um livro é criar um “elefante branco” de difícil distribuição. Que grande realização pessoal é esta de publicar um livro para ficar encalhado ou para ser distribuído gratuitamente e nem ser lido, entre os familiares e amigos convocados para a sessão de autógrafos?
         Contudo, publicar um livro com esquema de distribuição e público leitor garantido é o que todo o ”escrevinhador” sonha... Não era uma boa idéia a publicação do livro "Diário de Um AposentaNdo do DMAE”? Eu acreditei que era, e travei uma cruzada insana para tentar acessar aos meios de produção, foi uma batalha que durou vários meses, da qual revelarei os detalhes sórdidos na próxima postagem. Não percam!

        Caro leitor do Diário, acompanhe também o meu blog BRECHÓ DE POEMAS, consuma em dose homeopática um poema semanal, é Vapt-vupt!


2 comentários:

  1. Assim não dá Celso.
    Escrevi um texto extenso para postar, que tinha gostado, e quando da senha, puf, tudo se foi pro etéreo não lugar algum. Não está na RAM, nem no hard disk e muito menos no buffer. Deu tilt.

    E claro, ano que vem, vou fazer com muito gosto o curso de preparação para a aposentadoria, quando estarão me faltando apenas 2 anos e meio, mais ou menos, para tanto. Considerando que tenho 6 meses de licença prêmio pela frente e mais 60 de férias, o processo de descompressão se dará com muita tranquilidade. Ainda mais acompanhando teu bologui.

    E digo a vocês que a implantação do Sistema de Gestão do DMAE era necessário e urgente, bem como uma reestruturação, apesar dos pesares. Não dava mais para continuarmos fazendo de conta sem detalhar e escrever os procedimentos bem como de buscar as certificações ISO 9001, na OSHAS, acreditação na 14075, e implantação do Sistema 5Ss.
    O que é a metodologia do 5Ss que não uma grande irmã siamesa do que foi o Orçamento Participativo ? É pura participaçÃo. Só que há gestores que nÃo se deram conta disso, ou não têm comprometimento com com a gestÃo, que é do DMAE, por desconhecimento, ignorância ou por corpo mole mesmo. Possuem ferramentas que não sabem ou não querem usar. Dispõem de espaços que não querem ocupar ou nele fazer a boa disputa, saudável, geradora de crescimento das pessoas e da empresa. Criticar nos corredores à boca pequena e não fazer enfrentamento, fraterno (será que isso ainda existe?) ou não é covardia, é acomodação. É o comportamento do passivo agressivo, muito comum nas empresas.
    Eu me sinto muito a vontade em poder contribuir como membro do Comitê Gestor das Frentes 5Ss no departamento, bem como ser auditor desse e da ISO 9001. Muito do meu conhecimento está sendo aplicado em algo importante e profícuo a todos em termos de utilização de metodologias de gestão consagradas à semelhança do OP. É uma questão de "adaptar" e saber dar conseqüência e transmissão dos conhecimentos para o maior número de pessoas. Nos igualarmos com sabedoria e inteligência sem que isso nos faça menor. Ao contrário, e tu sabes disso, só nos engrandece.
    Um abraço a todas e a todos da lista mesmo não sabendo quem são.

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  2. Celso, tens razão quando dizes que uma das dificuldades das pessoas com a aposentadoria e não ter uma vida pessoal autônoma do trabalho e interesses outros além da rotina diária.
    Para quem, como nós, aprecia o imenso manancial de arte e cultura que rola pelo ciberespaço, ainda grátis por enquanto, os programas livres que rolam nas tardes ociosas da cidade,as viagens e o enriquecimento espiritual, a aposentadoria é, mesmo, uma carta de alforria.
    A citada reestruturação que, acredito, não foi suficientemente discutida com quem vai fazer o processo andar, é algo que no momento parece instável, como certos dias de inverno de outrora.
    Ao invés da democracia participativa, nos moldes do OP, a apropriação de teses do PGQP, algo que se vale dos ensinamentos made in Japan da Toyota Motors.
    O DMAE é Serviço Público, não indústria produtora de água, competindo num mercado formal, na busca de lucro e outras coisas, incompatíveis com sua função social.
    A modernização é necessária e esta se dá através do treinamento continuado da mão-de-obra, com cursos, atividades culturais, formação técnica.
    Ensinar o operariado a manter suas coisas limpas, zelar pelo patrimônio do DMAE, organizar seu local de trabalho são coisas importantes, no entanto mais importante é dar voz e participação a este pessoal que faz a linha de frente de nossa autarquia.
    Pois eles são nossa imagem externa, diária e principal. Sem eles, o DMAE não anda.
    Aproveite a aposentadoria e festeje novos aniversários neste entusiasmo.

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