Memórias de Viagem: LISBOA

         Viajar de Madri até Lisboa num trem noturno com cabines dormitórios, como os vistos no cinema, foi uma experiência muito interessante. 
         Viajamos com mais emoção ainda quando soubemos que, devido à crise e ao desemprego, estavam ocorrendo assaltos nas cabines destes trens: nos sentimos no próprio “Expresso do Oriente” de Agatha Cristie.

Contudo, dormimos sossegadamente a noite toda deitados em beliches e, pela manhã, tomamos café abordo do trem na cabine restaurante, sem medo de virar a xícara, tal a maciez com que deslizávamos nos trilhos.
 Lisboa, mesmo tendo várias linhas de metrô, é a terra dos bondes. Tem de todos os tipos e tamanhos de bondes: antiguíssimos, antigos, modernos e futuristas que circulam nos calçadões.
São todos veículos elétricos que andam sobre trilhos, mas que já não fazem mais a barulheira que faziam os extintos bondes daqui. Soube que o Governo Federal brasileiro vai liberar dinheiro da “farra da copa” não só para o metrô portoalegrense (Ulalá!), mas também para “transportes leves sobre trilhos” (finalmente!).
Como bem captou a minha filha e companheira de viagem, o grande diferencial das cidades européias é a mobilidade urbana, é o transporte público, inclusive o de Lisboa. Qualquer turista se locomove com um bom mapa sem precisar perguntar nada pra ninguém.

Foi lá em Lisboa que descobri que o bacalhau  não é charque, é um peixe fresco e, como tal, é muito mais gostoso, sobretudo com um bom vinho português. Em Lisboa foi o único lugar em que comemos bem, os portugas têm uma alimentação mais parecida com a comida brasileira.
Na Torre de Belém, construída no chamado estilo manuelino, da época em que o Cabral andava singrando os mares do Novo Mundo, fiquei deslumbrado e esqueci do tempo, fui descobrindo caminhos e subindo, subindo...quando voltei o pessoal do ônibus do city tour queria me enforcar nas cordas e nós que caracterizam este estilo arquitetônico lusitano com elementos mouros.
Na histórica cidade velha entramos pela “Fresta”, escadaria estreita em um beco entre dois paredões de prédios, região que sofreu poucos danos no terremoto de 1755 que praticamente destruiu Lisboa, com vielas e sobrados que mantêm  o clima literário dos romances portugueses de Eça de Queiróz.
Naturalmente que de noite fomos assistir a um espetáculo de Fado nativo,  subimos no bonde “Elevador da Glória” para o Bairro Alto e mergulhamos no ambiente de boemia nostálgica de um restaurante folclórico, onde a alma lusitana é exposta aos turistas em troca de suados euros.
Como estudante de Letras, para talvez captar algumas inspirações geniais destes mestres da literatura, não pude deixar de tocar no túmulo de Camões no Mosteiro dos Jerônimos e de sentar junto à árvore em que foram jogadas  as cinzas do Saramago, defronte a Casa de Bicos (de azulejos bicudos), próximo  ao poeticamente “guaibano”  Rio Tejo.
Contudo,  por falta de tempo, deixei pra próxima viagem a visita na casa de Fernando Pessoa e  o  “Caminho de Sintra” (Que Caminho de Santiago de Compostela, que nada!), cantado em versos por ele que é o nosso Neruda, o maior poeta moderno da língua portuguesa e que permanece inigualável.
Depois de visitarmos a capital portuguesa voamos para iniciarmos em Sevilha o roteiro por Andaluzia... Mas Sevilha será vista na próxima postagem, aguarde. 

2 comentários:

  1. Ora, pois, pois, esta simpática cidade eu gostaria de conhecer. Tenho uma amiga da Internet, escritora, cujo marido trabalho na Embaixada e me disse que serviria de guia em minhas noitadas etílicas-literárias.
    Vamos juntar grana e quem sabe...

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  2. Salve companheiro !

    Provaste algo dum cardápio como este ?

    - bacalhau à moda da avó.
    - charuto do nosso avô.
    - mentirosos bem quente.
    - cociguinhas feitas à mão.
    - prego na racha.
    - fodinhas bem quente.
    - prego na racha.
    - chupões de molho verde.
    - mamadeiras bem quente.
    Conte sobre a gastronomia um pouco.

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