Memórias da Viagem: SEVILHA

Depois de visitarmos a capital portuguesa voamos para iniciarmos em Sevilha o roteiro por Andaluzia, região da Espanha ocupada pelos mouros por mais de 500 anos. De Sevilha para baixo já predomina o verde nos campos ainda montanhosos e sempre rochosos  da Espanha, onde raramente aparece um gado e coelhos marrons percorrem a monocultura das oliveiras que parecem ser a única coisa que se plantando dá naquelas terras.
 Os árabes deixaram fortes influências culturais no sul da Espanha, como o legado arquitetônico  do Palácio de  Alcázar Real, com o qual ficamos fascinados.
Trata-se de uma construção do último século do primeiro milênio, da época dos Califas, uma genuína obra em estilo mudéjar (de mouros) com sua delicadeza exótica indescritível, só vendo pra crer! Desde sua criação tem sido a residência oficial dos mandatários da Espanha, hoje em dia é o Palácio Real mais antigo da Europa.
Em Granada tem outro patrimônio mundial semelhante, a Alhambra, que dizem ser até mais fascinante, mas onde lamentavelmente não conseguimos entrar, a exemplo da Igreja Sagrada Família em Barcelona e o elevador da Torre Eiffel, por estarem com excesso de turistas  (isso na baixa temporada!).
           Este foi um amargo aprendizado da viagem: as visitações dos lugares muito badalados estão monopolizadas pelas agências de turismo, não tem choro, tem que se comprar antecipadamente o “tour panorâmico” mais a visita. Caso contrário se fica, como nós ficamos, numa fila enorme por horas pra ser informado na bilheteria que não tem mais lugar...
                                    

 Em Sevilha também fizemos turismo pedalando sobre duas rodas. Com bicicletas alugadas no próprio hotel passeamos pela antiga muralha romana de La Macarena.
A propósito, La Macarena é a santa padroeira dos ciganos e protetora dos toureiros, e é o foco da procissão da Quinta-feira Santa que assistimos em Barcelona, em que desfilam homens mascarados com assustadores capuzes semelhantes aos da malígna Kukuxklan americana. Depois circulamos pelas várias igrejas existentes nesta trilha, obras em estilo gótico  mudéjar e com relíquias de artes seculares.
A catedral de Sevilha, onde tem o túmulo do Cristóvão Colombo,  é descrita apenas com superlativos: é a mais bela e mais alta catedral da Espanha, o maior edifício em estilo gótico e a terceira maior igreja do mundo!
Na catedral foi mantida a torre de uma antiga mesquita, conhecida como Giralda, que por dominar o horizonte e poder ser vista de quase toda a cidade é o símbolo de Sevilha. Internamente a Giralda não tem escadas, é dotada de uma rampa helicoidal em que o rei subia a cavalo para observar a cidade.
A ciclovia transita pelos pontos turisticamente interessantes, acompanha a margem do estreito rio Guadalquivir que corta Sevilha...
passa pela Torre de Oro (do ano de 1220) em que os islâmicos estendiam uma corrente até a outra margem do rio para proteger a cidade dos barcos invasores, e leva os ciclistas por um anel viário em torno de todo o centro histórico.

A ciclovia de Sevilha não é como o brete ciclístico que a prefeitura da Porto Alegre fez numa quadra da Av. Ipiranga, que leva do nada a lugar nenhum, e que por enquanto só tem servido pro pessoal levar seus cães pra fazerem suas necessidades fisiológicas. Sinceramente, eu que passo por ali no mínimo duas vezes por dia, nunca vi nenhuma bicicleta utilizando a pista, exceto no dia da inauguração com o prefeito candidato a reeleição e seus assessores.  

Sevilha é o berço das manifestações culturais mais expressivas da Espanha, lá assistimos a um espetáculo de Flamenco com seu canto árabe e dança cigana sapateada. Cada país tem o CTG que merece historicamente, pra nós tocou o sapateado chulo da chula e a Ramilonga, nada mal.
Foi em Sevilha que acendi um charuto cubano puro especial em comemoração ao meu 58º aniversário, que era naquele dia,  fumado na estação de trem...
antes de embarcarmos no trem de primeira classe (com direito a jantar com champanhe servido nas poltronas aos moldes dos serviços de bordo dos aviões) até Córdoba, onde pegamos a conexão com outro trem rumo à cidade de Algeciras.
 Foi um aniversário atípico, convenhamos, deverá influir positivamente no meu mapa astral deste ano, quiçá chamando outras viagens destas.
 Mas ir pra Algeciras, onde diabo fica isso?...A etapa seguinte da viagem consistia no ponto nevrálgico do roteiro, queríamos atravessar o Mar Mediterrâneo e pisar em território do continente africano.  Mas Marrocos será o tema da próxima postagem, vamos nessa!

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