Síndrome da Caixa de Emails Vazia


A propósito de emails, um pouco antes de me aposentar recebi um e-mail de um amigo aposentado, que é um gaúcho que vive num casarão quitado na praia do Campeche na ilha de Florianópolis (que invejável tédio!) e que se divertia me assustando com a sua “experiência” no assunto dizendo:
-Daí, meu amigo Xirú, quase aposentado, como está a espera do DJ (Día de la Jubilación)? Enquanto não chega este dia tão longínquo leia mais este e-mail, porque, certamente você não vai ter tantos na sua caixa de mensagens como tens agora que trabalha em uma companhia pública! É, sim, os aposentados são vítimas, às vezes ou quase sempre, de um esquecimento por parte das "pessoas ativas economicamente". Digo estas verdades para que você possa estar  te preparando para tal fato, porque vais passar por isto certamente. 
Por estas e por outras, por via das dúvidas, para não entrar em pânico na “hora H”, é que passei a montar algumas armadilhas para manter contatos, através dos meus blogs pessoais, que partindo deste “Diário de Um AposentaNdo”, que tem um público alvo e tema específico, remete também para outras temáticas tipo poesias, crônicas literárias e fotografias de minha autoria.
            Esta foi a minha estratégia durante o meu último ano na “ativa”: trabalhar intensamente neste propósito de estabelecer tentáculos na rede para manter contato com o mundo externo. Agora, cerca de dois anos após ter me retirado para a minha caverna de aposentado nas montanhas da Cidade Baixa, feito um Zaratustra, igual ao meu amigo Samurai do Campeche que eu tanto invejava, posso dizer que o propósito foi executado com sucesso.
Porém, esta semana aconteceram duas coisas que me fizeram voltar a refletir sobre emails e a “Síndrome da Caixa Vazia dos Aposentados”. Primeiro uma colega de aula da faculdade  me enviou um arquivo sobre Estética de Hegel, não por email como eu esperava, mas pelo Facebook. Fiquei surpreso. E ontem, depois de passar mais de uma semana correndo atrás do próprio rabo e sem abrir meus emails, ao acessar a caixa de correio eletrônico fiquei sabendo que anteontem “haveria” a reunião que eu próprio havia solicitado da Diretoria da associação AEAPOPPA (como de fato houve sem mim). Moral da história, a ferramenta do email não é mais aquele instrumento poderoso de comunicação  de tempos atrás. Fora do mundo corporativo do trabalho, onde se acessa diariamente por força das rotinas funcionais, os emails já estão anacrônicos e, por desuso, se tornaram um serviço ineficiente de correio eletrônico.
Contudo, abro aqui um parênteses para um desabafo que estou por fazer desde antes de me aposentar: Já vai longe o tempo em que o Dmae era vanguarda em informática, quando os seus servidores eram os primeiros a receber os novos modelos de computadores e os pacotes mais recentes de programas do Office Windows. Hoje, pelo o que sei, ainda não se pode enviar para o Departamento arquivos de textos do Word.docx, pois os colegas da ativa estão congelados há uma década na mesma versão caduca do software, a qual não abre os arquivos de versões mais recentes. É chocante!
Com o advento das redes sociais, os jovens abandonaram radicalmente o uso de emails entre eles e, na onda deles que determinam as tendências tecnológicas, vamos todos migrando para a plataforma de relacionamentos por redes. No Facebook é possível  visualizarmos seletivamente o que interessa e passar mais lenta ou rapidamente  por cima (rolando a tela) do que pouco ou nada nos atrai nas postagens dos nossos amigos...Mais prático, não fica acumulando as mensagens “não lidas” que tanto nos angustiam, é como um rio de informações, o que passou sem ser visto vai desaparecendo na linha do horizonte do tempo...
Emails são como os sinais de fumaça, objetos para estudos antropológicos de tribos em extinção. Assim, pessoal da ativa, se quiserem convidar ou mesmo convocar um aposentado para algum evento, sem terem a opção do Facebook no Dmae (que fica bloqueado no horário de expediente), não fique achando que o recado está dado apenas enviando um email, use o velho e bom telefone ou uma mensagem de texto para o celular, isso não falha nunca!

Tem Voyeur de Olho Mágico no Brechó de Poemas, espie aqui!




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