O PEDAGÓGICO SALVE DO PT

A expressão “Salve Geral” ficou popularmente conhecida pela divulgação alarmista da mídia como sendo uma ordem emitida de dentro dos presídios para a bandidagem que está solta executar determinadas ações criminosas de horror-show. O último “salve” que está pegando no país, especialmente em São Paulo, é o de “matança de policiais”, dezenas já foram mortos em execuções relâmpagos.

Enquanto isso, o Salve do PT, emitido pelo comando executivo partidário, por dentro do governo federal, diz que é para o seu povo condenar os “capas pretas” do Supremo Tribunal.  Acusa o STF de fazer política ao coincidir o julgamento com as eleições municipais, e toca o alarme dizendo que a condenação pela suposta compra de votos no Congresso Nacional pode tornar inconstitucional a reforma da previdência que aumentou para 60 anos a idade de aposentadoria. Cá entre nós, saiu barato para o PT, muito mais estragos faria se o julgamento ocorresse na próxima eleição presidencial, onde o tema da ética teria maior repercussão; vamos combinar que os trabalhadores agradeceriam se a reforma da previdência fosse anulada.
O julgamento do Mensalão tem sido pedagógico, uma vez que é feito por juízes majoritariamente indicados pelos réus para o cargo na suprema corte, e que mesmo assim são acusados de lesa-pátria por não transformarem em pizza, como sempre foi feito, justamente o caso de quem lhes deu o emprego vitalício. O aposentaNdo presidente da STF, Ayres Britto, já foi candidato a deputado pelo PT, antes de ser guindado pelo Lula para o cargo de algoz de alguns membros da companheirada  que, deslumbrados pelo poder, se desviaram do caminho da ética que tanto pregávamos no início do partido.
O Salve do PT é pedagógico por se rebelar contra a “teoria do domínio do fato”, adotada no tribunal, segundo a qual quem comanda pode ser responsabilizado por ações que ele não tenha executado pessoalmente. A impossibilidade de desconhecimento do crime é considerada suficiente para a condenação da figura do “mandante” que fica por atrás do serviço sujo, com a ficha limpa.
O pacato cidadão que convive com este jogo de desinformação midiático e governamental, quer é ver o circo pegar fogo. Espera que o julgamento do Mensalão desencadeie um “Salve Geral” de guerra entre as facções dos partidos políticos comprometidos com maracutaias. Quer ver uns denunciando as falcatruas dos outros (PT versus PSDB) no tribunal, agora sobre a presidência do cotista Joaquim Barbosa, para que ele possa sentenciar impiedosamente  os crimes com sua capa de Batman, feito um justiceiro negro investido no poder da toga.
O "Salve-se quem puder" do PT acaba conclamando sua militância para a defesa de sua inocência,  sugerindo que recursos contra as injustiças  condenatórias poderão ser buscados em fóruns internacionais de direitos humanos. Diante de penas financeiras brandas e condenações superiores a dez anos de reclusão, que implicam em necessariamente cumprir prisão de regime fechado, um juiz diz que “Pedagógico não é prender, é recuperar o dinheiro surrupiado dos cofres públicos”, enquanto o Ministro da Justiça declara pedagogicamente que preferiria morrer do que cumprir pena nos calabouços dos presídios medievais brasileiros.
O julgamento, acompanhado em rede nacional quase que diariamente (feito uma telenovela ou bigbrother), tem sido pedagógico por abrir a caixa preta e dar transparência aos procedimentos do rito processual da justiça contra os crimes de colarinho branco. A peça de acusação da Promotoria, a defesa de figurões da política e do sistema financeiro feita por advogados notórios, a longa conclusão do relator e os contrapontos do revisor, os bate-bocas e chiliques entre juízes, as condenações e absolvições de cada caso e a dosimetria das penas...
Tudo muito bonito, mas daí resultar alguém cumprindo pena atrás das grades, feito um ladrão de galinha pé de chinelo, só vendo pra crer. O juiz Barbosinha foi pedagógico ao fazer uma revelação surpreendente, disse que não existe direito à cela especial para portadores de curso superior que tiverem sido condenados, que isso é uma lenda, que a cela especial é prevista só para quem ainda aguarda a sentença final. Como assim?...Sempre me disseram que eu teria cela especial, quer dizer que estudei em vão?...Dizem que todo mundo tem o seu preço, ainda bem que nunca chegaram no meu pra me corromper na minha carreira de servidor público, consegui me aposeNtar a tempo de não ficar com o rabo preso...Ufa!...
15/novembro/2012 – Dia da Proclamação da República
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