Fatalidades, Realizações, Retrocessos & Predestinações

        Um jovem morreu ao perder o controle da motocicleta após passar por uma grande quantidade de brita que tinha na pista, em virtude de um buraco mal tapado na Rua Wenceslau Escobar, no bairro Tristeza. Em entrevista à Rádio Gaúcha o diretor do DMAE, o engenheiro Flávio Presser, lamentou o acidente que vitimou o motoqueiro e assumiu que a responsabilidade é do DMAE sobre a falha no asfalto provisório que pode ter causado a morte.
        No Comunicado Interno aos Servidores, o DG relatou que no dia de hoje (16/04/2010), ocorreu um acidente fatal provocado por material de repavimentação que se soltou da área de reparo. O DMAE atende a mais de seis mil solicitações de reparos por mês. Bastou um com problema para causar a morte de um jovem. Bastou um para colocar em cheque todo o nosso serviço. Mesmo que seja uma fatalidade, temos que tirar do episódio alguns ensinamentos...
        Com esta morte pesando nas costas da Repavimentação, eu que fui o chefe do “tapa-buracos” por dois anos como engenheiro em Cargo em Comissão, e onde fui nomeado como efetivo por concurso público, senti um calafrio ao imaginar o drama do colega que atualmente comanda este serviço.

        Naquele biênio 1992-1993, em que eu estava “com todo o leite pra dar” como engenheiro recém-formado, foi o período em que talvez tenha realizado o meu melhor trabalho gerencial, onde melhor tenha contribuído para a “melhoria contínua” dos procedimentos operacionais, visando a otimização dos tempos e custos da repavimentação executada pelo DMAE. Assumi a função com uma equipe improvisada de fiscalização dos tapa-buracos, composta de meia dúzia de esforçados instaladores hidrosanitários (Kiko, Paulo, Everton, Ronaldo, Inocêncio e o falecido Carlinhos) chefiados pelo Lidson.

 
        Tive a sorte que, imediatamente após a minha posse, foram nomeados por concurso público cinco auxiliares de serviços técnicos, todos estudantes ou formados em engenharia (Tânia, Dayse, Magda, Gil e o Flávio que hoje é o Diretor da Divisão de Água) para se somarem na função de fiscais de repavimentação, sendo disponibilizada também uma frota de veículos para a prestação desse serviço de 24 horas por dia, inclusive nos sábados, domingos e feriados. Estávamos todos nas pontas dos cascos pra mostrar serviço, com a cabeça aberta para inovar, justamente na época em que se iniciava a informatização dos procedimentos gerenciais. Em conjunto com os técnicos programadores da Procempa (Antônio e Paulo Lopes) simulamos e desenvolvemos, dentro do “Sistema-195” de atendimento ao público, uma rotina que envolvia desde a pré-medição do capataz na abertura do buraco, passando pela fiscalização e medição “antes-durante-e-depois” da execução da repavimentação, até possibilitar a emissão totalmente automatizada do relatório mensal dos quantitativos e valores a serem pagos para os respectivos empreiteiros, devidamente autorizado pelos fiscais de cada distrital.

        Conseguimos, então, inverter um processo histórico: ao invés das empreiteiras apresentarem os pontos a faturar para submeter à fiscalização (o que era praticamente impossível conferir milhares de buracos sem o recurso da informatização), o DMAE é que passou a fornecer a relação de pontos concluídos satisfatoriamente, com os custos calculados pelo sistema de acordo com o tipo de pavimento, determinando o total a ser faturado no mês, para que a empreiteira apresentasse possíveis contestações em tempo hábil para revisão.
        Lembro, inclusive, de termos feito uma grande campanha denominada de “Caça Buracos” (claro que em ano eleitoral!), onde tapávamos tudo que é buraco encontrado que fora provocado pelos órgãos de Prefeitura, especialmente os do “primo pobre” DEP. Também desenvolvemos um programa conjunto com a SMOV, órgão que acaba sempre herdando as cicatrizes que fazemos nas vias públicas, e que por ser a secretaria responsável pela ruas da cidade, lhe compete reclamar da morosidade, da qualidade e sobretudo por não possuir controle nenhum sobre a buraqueira que o Dmae faz diariamente. Abrimos, então, um escritório da Repavimentação do DMAE na SMOV do Beco do Salso, onde disponibilizávamos diariamente todos os pontos em aberto, os em execução e os concluídos para submetê-los à fiscalização dos especialistas em “obras e viação”. Evidentemente que a SMOV não teve pernas para fiscalizar tamanha carga diária, e o tal escritório avançado da Repavimentação do DMAE foi desativado em poucos meses. A Repavimentação, naquela época, era um mero setor da Divisão de Água, então sob a direção do  colega Adinaldo, apesar de atender não só aos serviços gerados pela DVA, mas também aos das instalações (DVI), aos do esgoto (DVE) e aos das obras (DVO); já propúnhamos desde então a elevação deste setor para o nível de Serviço, com status de Divisão, a exemplo do SVP e SVG, o que acabará inexoravelmente acontecendo.
- VALEU PESSOAL DA REPAVIMENTAÇÃO DA VELHA GUARDA!

        Mas, como tudo na vida anda em círculos, com altos e baixos, fiquei muito chocado quando tomei conhecimento, há dois anos atrás, que o serviço de repavimentação havia regredido aos tempos das cavernas pré-informatizada-em-redes, que havia retornado para o controle manual digitado em planilhas de Excel. Esse cataclisma, semelhante àquele que extinguiu com os dinossauros, ocorreu desde que o Sistema-195 foi substituído pelo Sistema-115, no qual não foram contempladas aquelas funções de gerenciamento em rede dos tapa-buracos.
        Ainda bem que nem tudo daquela época foi perdido, pois foi nesta atividade de chefiar o tapa buracos que, de tanto dar em cima dos fiscais exigindo desempenho e eficiência, acabei “assediando” a ruiva fiscal da Distrital Centro, por ela me divorciei e apaixonadamente a tomei por minha mulher, e desde então temos sido felizes para sempre!
        Esta foi uma repavimentação bem feita, não deu refazer. Foi uma predestinação. Como nós, Celso e Magda, há dezenas de casais predestinados que se formaram e juramentaram nos altares, confessionários e sacristias do “São Dmae Casamenteiro”: Elizete e Roberto, Valdir e Magda, Milton e Maria, Rosana e Luiz, Aloma e Darci, Mello e Cláudia, Marcos e Jovanes, Marisa e Alexandre, Edison e Paula, Ester e Prado, Ana e André, Mainieri e Geneci, Tupi e Vera, Leontina e Antônio, Carla Altério e André, Carla Rodrigues e Jorge, Marjorie e Henrique, Tavanielo e Fantinel...(complemente você esta lista nos comentários do blog com outros bem sucedidos casais dmaeanos que conheces).

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