Domingo – 02 de maio/2010
Na semana que antecede a mais um GreNal decisivo, as camisetas vermelhas e as azuis se fazem presentes como uniformes de trabalho nas reuniões gerenciais, nas filas do relógio ponto, nos pátios, nas camionetas das equipes de ruas e nas valetas onde operários suam no jogo pesado de fazer diariamente as ligações e consertos nas redes de água e de esgoto do DMAE.
- A cidade parou, o vento parou, a vida parou. É o grande dia. É o dia do grande jogo. O estádio se faz festivo, é um mundo à parte onde todos se amontoam e se confundem, e por isso mesmo, se unem numa irmandade bíblica. Esta é uma transmissão da sua Rádio Guaúcha (Guaiba&Gaúcha), a rádio que desperta os seus ouvintes no dia a dia para a jornada de trabalho e sacrifício, que informa a seus ouvintes tudo o que se passa no Brasil e no mundo, e na hora do lazer está junto aos seus prezados ouvintes, com o mais empolgante esporte e com o melhor futebol do mundo...
- O Estádio dos Eucaliptos está botando gente pelo ladrão, há muitos furões como sempre. Os muros são baixos, facilmente transponíveis. Mas a mamata vai acabar, a campanha “Coopere com um tijolo” vai tornar o Estádio do Beira-Rio uma realidade. Lá, um estádio moderno, um dos maiores da América, não haverá muros nem furões, haverá, isto sim, o melhor futebol do Brasil...
Iº TEMPO:
E atenção, os dois times estão a postos, o juiz no centro do gramado trila o apito, e começa o grande jogo. Alcindo dá o pontapé inicial para Joãozinho, que atrasa a bola para Sérgio Lopes, este passa lateralmente a Cléo... É um jogo nervoso, as duas equipes se estudam. Cléo enfia para Áureo, marcado a distância por Bráulio, Babá é lançado espetacularmente às costas de Sadi. É a primeira investida do jogo, Babá tenta a cruzada e a bola vai morrer no peito do zagueiro Scala, que sai jogando...
O que queres ser quando crescer? Médico ou engenheiro? Quero ser jogador de futebol. Cresça, menino, cresça. Vá vender a tua bola. Cresça, menino, cresça. Não perca tempo em ir à escola... Bráulio, o garoto de ouro, progride pela intermediária, dá um drible sensacional no primeiro, tem Altemir pela frente, encosta a bola para Dorinho e corre para a tabela, Dorinho percebe e corre para a linha de fundo e cruza no miolo da área; aparece Airton Pavilhão e com categoria sai com a bola, tranqüilizando a defensiva tricolor...
O tempo escoa e o jogo continua nervoso, a vida escoa e o mundo continua jogando com nossos nervos, caros ouvintes. Quem vencerá o jogo? Quem vencerá na vida? Quem de nós? Esta imensa torcida alegre, colorida, digna de um grande jogo e de uma grande vitória!... É um contra-ataque rápido, Lubumba lança para Volmir, lá vai ele, corre, corre, tem Laurício pela frente, Volmir deu um drible louco e a cobertura é feita por Pontes, que alivia até Silveira... Quantas cabeças observando as trajetórias da bola de couro no tapete verde. Em cada cabeça um destino, não adianta ignorar, futebol é na bola, é preciso respeitar o adversário...
- Ortunho entrou com deslealdade, entrou por cima da linha da bola e mostrou as travas da chuteira pro Carlitos. Isso não se faz seu Ortunho! O juiz o adverte severamente. Não se pode permitir que o andamento do jogo desande sem um domínio superior. O que seria do espetáculo da vida, caros ouvintes, sem um pulso firme para conter nossos instintos animais. Para isto existe o juiz supremo, é preciso controlar o ser humano, ele é muito corruptível...
- Acalmado os ânimos, o grande jogo continua empolgante, as bandeiras agitam-se, a torcida empurra o time, só a vitória interessa... Rebote para Miranda, não me deixem este homem chutar, ameaçou, abriu um claro, bateu forte, espalma Arlindo sensacional!... Sobra para Baltazar, que volta para buscar o jogo...
- É isto mesmo, tem que vir buscar uma participação efetiva na competição, não adianta esperar tudo de mão beijada, a bola nos pés. Quem almeja a vitória tem que correr muito, chegar junto, chegar antes. Não como um varzeano, mas com técnica, com disciplina, com estratégia tática. Tem que se estar no lugar certo no momento exato da oportunidade. Tem que se ter visão do jogo da vida, não precisa estudo, a vida é a grande escola... Caros ouvintes, é certo que não se pode ganhar sempre. Entretanto é preciso saber discernir quando se pode perder e quando se deve jogar tudo sem admitir derrota. A derrota é o limite dos fracos! Nós todos queremos a vitória pra nós, pros nossos e pro nosso time... O tempo... atenção ao tempo. O tempo não volta atrás, vencê-lo é a arte de saber utilizá-lo como uma arma em nosso favor... A torcida está inquieta ao ver o tempo passar e o escore continuar em branco. A bola rola no meio do gramado até Tovar, domina, olha os companheiros, Carbone está livre de marcação, é pra ele que vai a pelota, tem Sérgio pedindo, preferiu Hermínio. Agora sim, Sérgio Galocha é lançado, encostou para o Tanque Claudiomiro, vai penetrando na marra o homem-gol colorado, vai chutar...corta Everaldo, o tri-campeão sai com categoria para um contra-ataque...
- Esta maravilhosa torcida que está desde as primeiras horas da manhã neste espetacular estádio que é um orgulho pra todos os gaúchos, o Gigante da Beira-Rio, está vendo um grande espetáculo. Uma lição para todos nós, um ataque aqui e outro lá, um jogo lá e cá, um dia da caça e outro do caçador. Não basta virmos até aqui desabafar nossos gritos contidos e voltarmos para casa para contermos novos gritos. Um dia será o meu, o teu caro ouvinte. Não o deixe escapar, segure-o firme. Tenha visão de jogo, utilize bem o tempo e abra o escore a seu favor. A tática, não esqueça da tática. Uma boa estratégia tática pode significar a vitória. Futebol é bola na rede, vida é comida na barriga. O jogo é tenso, não há bola na rede; espero que haja bastante comida na barriga dos nossos prezados ouvintes... Aqueles que não estão assistindo este show ao vivo, o interior do estado, preparem suas cidades, seus carnavais para celebrarem a vitória, a grande vitória, pois neste microfone será anunciado o grande campeão. A vitória atrai inveja e a derrota atrai lamentos. Lamente sua inveja mas não inveje seu lamento, pois a derrota não é prato pra nos deliciarmos. Derrotados de hoje, campeões de amanhã. Assim é a história, rebeldes de hoje, heróis de amanhã. Siga jogando com dedicação tenaz, com seu estilo próprio, não se deixe influenciar pela torcida, ela não sabe o que se passa no seu coração. Atenda à barriga e à torcida, mas não descuide de seu estilo e do seu coração, prezado ouvinte. Seja torcida, cante com o povo, mas não deixe de ser você mesmo ainda que no anonimato... Relaxe, há muito jogo pela frente...
- Esta maravilhosa torcida que está desde as primeiras horas da manhã neste espetacular estádio que é um orgulho pra todos os gaúchos, o Gigante da Beira-Rio, está vendo um grande espetáculo. Uma lição para todos nós, um ataque aqui e outro lá, um jogo lá e cá, um dia da caça e outro do caçador. Não basta virmos até aqui desabafar nossos gritos contidos e voltarmos para casa para contermos novos gritos. Um dia será o meu, o teu caro ouvinte. Não o deixe escapar, segure-o firme. Tenha visão de jogo, utilize bem o tempo e abra o escore a seu favor. A tática, não esqueça da tática. Uma boa estratégia tática pode significar a vitória. Futebol é bola na rede, vida é comida na barriga. O jogo é tenso, não há bola na rede; espero que haja bastante comida na barriga dos nossos prezados ouvintes... Aqueles que não estão assistindo este show ao vivo, o interior do estado, preparem suas cidades, seus carnavais para celebrarem a vitória, a grande vitória, pois neste microfone será anunciado o grande campeão. A vitória atrai inveja e a derrota atrai lamentos. Lamente sua inveja mas não inveje seu lamento, pois a derrota não é prato pra nos deliciarmos. Derrotados de hoje, campeões de amanhã. Assim é a história, rebeldes de hoje, heróis de amanhã. Siga jogando com dedicação tenaz, com seu estilo próprio, não se deixe influenciar pela torcida, ela não sabe o que se passa no seu coração. Atenda à barriga e à torcida, mas não descuide de seu estilo e do seu coração, prezado ouvinte. Seja torcida, cante com o povo, mas não deixe de ser você mesmo ainda que no anonimato... Relaxe, há muito jogo pela frente...
- Picasso bate o tiro de meta, Flexa corre como tal pela direita, vai experimentar de longe, bate forte, faz a ponte e segura firme Gainete. Saída de tiro de meta para Cláudio Duarte que domina e passa para Elton, ewte tem Flávio Bicudo pedindo bola na cabeça da área, mas preferiu abrir na direita para Valdomiro. Valdomiro vai para cima do lateral, vai tentar a linha de fundo, cortou pra dentro e chutou de perna esquerda, desviado, subiu, subiu... O que é isso, Valdô? Não inventa que a perna esquerda é só pra subir no bonde!... Mas está certo ”Perna de Rifle”, é preciso inovar, tentar novas armas, tentar o fator surpresa que às vezes é decisivo. Os bens sucedidos são aqueles que nunca se cansaram de voltar à carga, mesmo quando tudo parecia perdido e o tempo parecia esgotar-se. Nunca é tarde, sempre é hora para se tentar novamente, otimismo! A vitória será sua, caro ouvinte. De você depende tudo, grande responsabilidade pesa em seus ombros. Não apenas a suporte, mas orgulhe-se dela. Assuma compromissos e cumpra-os com dignidade, demonstre alegria que o jogo também é psicológico. Transmita ao adversário a sua certeza de vitória, ele intimar-se-á, irritar-se-á, perderá o controle, então vença-o. Quando tudo for rotina, quando não houver o hábito e o vício, renove o plantel...Cejas para Ancheta, este olha os companheiros, Hugo de Leon está marcado... nós olhamos as estrelas e acreditamos que o céu é um só e que o mundo é um país único... Não tem pra quem dar, está cercado por adversários... Se as paredes lhe sufocam, bata a porta atrás de si e siga em frente. Vença as fronteiras imaginárias e erga novas muralhas, seja uma fortaleza. Lembre-se que a melhor fortaleza é aquela que tem seus pontos fracos, senão é muito fria... Beto Fuscão tenta Adilson, interceptação de Paulo César Carpegiani no meio do campo, no centro do mundo o jovem maestro rege com liberdade a sinfonia com breves acordes gloriosos. Em torno há expectativa, a respiração contida, o deleite. Está escrito pelo punho do Criador o destino de cada um. Devemos aceitar o nosso e admirar o brilho da estrela colorida. Devemos agradecer por existirem estrelas coloridas, pois se fôssemos todos iguais, com a mesma sorte, não teríamos tais espetáculos para nos descontrair... Confiram seus cartões da Loteria Esportiva, amigos ouvintes, este é o último jogo. Se você já tem doze pontos, atenção, amanhã sua vida poderá estar mudada. Tudo depende de uma boa ou providencial jogada, que poderá nascer neste momento, quando Carpegiani bate com facilidade a marcação de Baidek e serve Falcão no bico da área grande, tem condições de arremesso, atenção, seus nervos estão a flor da pele, um gol agora poderá furar seu jogo na Loteca, mas não desanime. Na próxima semana, quem sabe? E nem tudo está perdido, tem muito jogo pela frente, tudo pode acontecer... Falcão perdeu o ângulo e deu novas esperanças a você, caro ouvinte, que tem doze pontos. Viu? Tenha fé, tudo vai terminar bem, seus sonhos se realização,seu dia chegou. Os humildes herdarão o reino do céu. Aquela casinha com cerquinha branca, aquele rancho gordo feito no supermercado será uma realidade, chega de comprar fiado na venda ladrona da esquina. Dunga demorou demais e foi desarmado por Arce... Iura enfiou para André Catimba que entrou na área, bateu de canhota e feito! É GOOOOOLLLLLLLLL!!!!!!!!...
- Foi uma bobeira da zaga, com este gol fica interrompida a seqüência de octacampeão do time colorado, mas quantas vezes já nos aconteceu de termos tudo nas mãos e desperdiçarmos a oportunidade de maneira irremediável? Não importa, temos que vaiar nos outros em altos brados àquilo que condenamos em nós mesmos. Os erros humanos são sempre os mesmos, só mudam as ocasiões e os autores; é preciso acabar com este círculo vicioso. Precisamos buscar a perfeição... A bola bem tocada, sem excessos de toques e firulas, sem shows individuais, sem corpo mole e sem sacrifícios extremos, ao natural. Precisamos formar uma verdadeira equipe. O “bixo” tem que ser igual pra todos, a renda tem que ser repartida irmamente, sem vedetes, sem prêmios especiais por feitos pessoais. Afinal, somos uma equipe! Em tudo há a participação de todos, nada se faz isoladamente, somos seres sociais por natureza...
- O “bixo extra” gera a corrupção... É Valdo quem recebe a bola pelo meio, tem pela frente Caçapava, a muralha que precisa ser transposta. Onde quer que se vá, lá está a muralha a obstruir o caminho. Uma vez transposta, a muralha reaparece mais adiante. A muralha é implacável em seu afã de obstruir os nossos caminhos, precisamos ser incansáveis para não nos deixarmos abater... O Tubarão faz o que pode, tem suas limitações fora d’água e mesmo na água, não é como a muralha, imbatível...
- Caros ouvintes, é um contra-ataque perigoso, os refletores precisam ser acesos para que possamos saber quem está com a bola e quem está com a razão. Na razão há sempre alguma verdade, mas a grande verdade onde estará? Renato vacila e alça para Neca, com ele Marinho...
- Precisamos de todos os refletores para distinguirmos entre tantas verdades aquela que é realmente grande a ponto de nos conformar com o escuro... A bola rola, rola até onde está colocado Tarciso, que faz que vai mas não vai e o Mauro Galvão acaba indo, se passando da jogada, como passando está o fim de semana, a segunda-feira já nos espreita lá do fundo do domingo, é a muralha que se ergue para ser transposta novamente..... - A bola sobra pra Paulo Nunes que tenta evitar Figueroa buscando Jardel, mas é inevitável a transparente cotovelada, é inevitável a elegância e a astúcia, a liderança e a garra, o ímpeto e a presença de espírito... Com categoria Don Elias atrasa para Manga.
- O técnico vai mexer no time, o príncipe Jair está lesionado e dará lugar a Batista, que está no aquecimento. Em time que está ganhando não se mexe, mas em time que não consegue obter a vitória é imprescindível o dedo do técnico Felipão Minelli... Vivemos numa avalanche tecnológica, só seremos homens verdadeiramente contemporâneos se soubermos manusear todos estes novos instrumentos científicos. É preciso que todos sejamos técnicos, caso contrário não seremos competitivos o suficiente para obtermos a vitória... E atenção, caos ouvintes, Taffarel dá para Figueroa que ameaça dar para Lula na extrema esquerda, mas o meia direita não permite tal extremismo, ele prefere Darío Beija-flor, o homem que pára no ar para cabecear, que de primeira serve à cabeça de Escurinho, exímio cabeceador, no miolo da grande área, este de cabeça num toque de primeira tabela com Falcão que penetrava. Falcão devolve a Escurinho que funciona como pivô e atenção! Escurinho coloca Falcão na cara do goleiro... é GOOOOOLLLLLLLLL!!!!!!!!...
- O juiz trila o apito e termina a primeira etapa deste jogão de bola empatado com um gol para cada lado. O bom para cada torcedor é virar para o segundo tempo do jogo ganhando, mas é melhor empatado com gols do que com o placar em branco. O gol é a beleza plástica que dá sentido ao espetáculo com o qual alegramos nossas vidas. Com os nossos ouvintes, os comentários do nosso comentarista exclusivo Rui Quadros:
- Obrigado, Ranzoldo. Como já foi dito, é um jogo nervoso. Esta tensão própria das grandes decisões torna até a torcida inquieta, imaginem os atletas que estão lá dentro da arena, estes gladiadores clubistas. Quem saiu de casa, enfrentou o trânsito, o calor, sacrificou uma verba sagrada do minguado salário e agüentou firme com o traseiro na laje desde cedo para assegurar o lugar, estes heróicos brasileiros estão sendo compensados, pois é um bom jogo. Quem achar o contrário, que são apenas vinte e dois homens correndo como idiotas atrás de uma bola, cercados por uma multidão de imbecis delirando, decididamente não entende nada de brasileiro. O futebol é a premissa do samba. Sem o futebol não haverá motivo para o brasileiro sambar. Sem o futebol não haveria carnaval, e sem o futebol e sem o carnaval o brasileiro seria muito triste e sem graça. Que outro lazer há fora do vício? O futebol influi na economia do país, o futebol substitui juntamente com o carnaval o canto dos escravos antigos para amenizar as injustiças. O povo produz mais às vésperas de um grande jogo, a produção cresce, o sapato aperta, nos resta torcer...
- É um formidável espetáculo! Gostaria de dizer que espero que vença o melhor, mas estaria sendo superficial e o ouvinte é exigente, quer análise aprofundada e, como bom profissional, acho que é um dever de quem se utiliza deste microfone satisfazer este direito do ouvinte que, em última instância é quem nos dá o sustento. Pois bem, é um jogo parelho, as duas equipes se equivalem. Quem vencerá? O mais oportunista? O mais lutador? O mais manhoso? O mais indisciplinado? Às vezes as coisas se definem pelo acaso. O inesperado acontece e a sorte é selada sem que haja uma participação decisiva dos agraciados, o que não desmerece a vitória, pelo contrário, a envolve num mistério místico. Alguns acham que suas rezas e seus despachos influenciaram o acaso, o que fortifica a fé cega no transcendental desconhecido e a fé, convenhamos, é um veículo confortador. O destino traz consigo todas as respostas, é só esperar. Para concluir este meu comentário quero apenas registrar um anúncio de utilidade pública que nos foi solicitado aqui na cabine da Rádio Guaícha: Atenção todos aqueles torcedores que estão do lado de fora do estádio com o ingresso na mão e apanhando dos brigadianos, parem de apanhar e voltem para suas casas pois os portões não serão mais abertos, há excesso de lotação, em compensação foi liberado o televisionamento direto, especialmente para vocês...
- Esteve com vocês o nosso comentarista exclusivo Osterman Agora vamos ouvir o nosso repórter de campo entrevistando um torcedor colorado:
- Muito bem, Haroldo de Souza, o locutor das multidões de torcedores das gerações que se sucedem nas arquibandas dos estádios de futebol. Vamos ouvir aqui um garoto:
-Qual a tua idade e como se chama este jovem colorado? Está sozinho ou se perdeu no meio desta multidão alucinada?
- Meu nome é Celsol, tenho 13 anos e vim sozinho. Eu paro no portão da social e fico pedindo para os “tios” que entram para me deixarem entrar junto com eles como acompanhante de sócio. Antigamente, no tempo dos Eucaliptos, quando eu não conseguia um “tio” pra me botar pra dentro do estádio, eu tinha a opção de pular o muro escapando das espadadas da brigada montada...Mas tudo sempre valeu a pena pra ver o meu time jogar e vencer: Dá-lhe Inter!...
- E isto aí, meu guri. É assim que se forjam os novos torcedores que darão continuidade eternamente ao flamular das bandeiras dos clubes, torcedores que dedicarão ao longo de suas vidas uma forte paixão com extrema fidelidade ao seu time do coração.
IIº TEMPO:
-Vai ser reiniciada a partida. O segundo tempo, sendo a metade final, tem sempre uma conotação mais metafísica, pois que implica na consciência da proximidade do fim, assume um caráter de decisão mata-mata. É assim para o fim do jogo como o é para o fim do final de semana e também para o fim da própria vida. Tudo tem que ser feito e decidido dentro do tempo regulamentar. Tudo pronto, é dada a saída: Mário Sérgio movimenta a bola no meio do gramado para Chico Spina que de primeira tenta surpreender o goleiro Mazzaropi que estava adiantado, mas pegou com muita força e passou por cima da meta... O elemento surpresa é uma arma importante para quem busca a vitória e o sucesso, tanto na vida profissional quanto afetiva, todavia nem sempre é o suficiente. Sempre é preciso se ter várias armas com diferentes calibres de munições, como também é necessário que se tenha boa habilidade e perspicácia para utilizá-las no momento certo e de maneira talentosa.....Não foi o caso neste lance em que o atacante percebeu a oportunidade mas não soube aproveitá-la. Não teve técnica, mas a determinação de chutar de primeira de longe deve ser orientação do técnico Rubens Minelli, que da casa-mata aplaudiu o atleta...
- O goleiro Danrlei passa com as mãos para o Mauro Galvão, ex-estrela do Inter, agora defendendo a camiseta tricolor, sai jogando e com habilidade como quem domina os dois universos, o azul e o vermelho, rola para Tinga, atletas estes que, junto com o treinador Minelli, simbolizam uma nova fase menos bairrista e provinciana da vida dos gaúchos. Este trio de profissionais já foi idolatrado tanto pela torcida gremista quanto pela galera colorada. Emerson recupera a posse de bola e estabelece novas metas que agora não mais se restringem ao título de campeão gaúcho, como nós no segundo tempo de nossas vidas, não nos contentamos mais apenas com um mero emprego, queremos qualidade de vida, queremos viajar além das nossas fronteiras, queremos ganhar projeção em nível nacional e continental, queremos ser cidadãos do mundo, queremos ser campões mundiais, não só com a seleção brasileira, mas também com nossos clubes do coração. Queremos ser Libertadores! Queremos ir a Tóquio! A bola rola no meio para Dinho que tem Arilson pedindo o passe, mas preferiu Ronaldinho que aplica um sensacional “balãozinho” desmoralizante no Dunga...E os ponteiros girando, girando, girando, torcedores gaúchos. Olha o tempo passando, e aquele garoto que entrava de penetra nos jogos já deve ser um homem adulto que assiste aos jogos das sociais com sua própria carteira de sócio, e continua torcendo pela conquista de cada momento, pela vitória do aqui e agora. Ronaldinho gaúcho sonha em se projetar mundialmente, de ser eleito o melhor jogador do mundo, mas pisa na bola e deixa a sua equipe desarmada com o contrataque armado por Jorge Wagner. Este lança a bola para o domínio de Rafael Sobis que penetra com perigo na área pequena, porém sofre a carga de Lucas que sai esvoaçando seus cabelos loiros com a bola dominada, sabendo que a melhor defesa é um ataque...
- Assim, entre ataques e defesas, acertos e erros, as coisas vão mudando em nossas vidas e no mundo futebolístico, mudam mas não muito, mudam pela metade ou mais ou menos. Enquanto o garoto Celsol virou adulto, o radinho de pilha ao seu ouvido deixou de ser aquele tijolo com som de abelheiro, evoluiu para um rádio em celular com fones de ouvidos; mas as rádios que fazem a crônica do futebol no seu ouvido continuam sendo a Guaíba e a Gaúcha, apesar de já não sermos mais as únicas no mercado. Hoje, mesmo com as imagens das partidas de futebol estarem sendo distribuídas ao vivo pelas redes pagas de televisão, em paper-view, e na Internet pelo mundo todo, o mundo mudou muito, mas o velho e bom parelho de rádio continua garantindo a sua fatia cativa de mercado: nos automóveis e nos estádios, onde inclusive podem ser jogados no juiz!. Nós, cronistas narradores do espetáculo, também mudamos pela metade, tem ainda o estilo popular do Haroldo de Souza, mas já sem a concorrência do estilo clássico do Ranzolin, contra-ponto que agora fazemos através do estilo fanfarrão do Pedro Ernesto; o Lauro Quadros tomou outro rumo profissional mas o professor Rui Carlos Osterman “continua comandando a massa e continua dando as ordens no terreiro: Alô, alô Velho Filósofo!”...E continua também o tipo “Velho Palhaço” da versão passional de crônica futebolística assumidamente gremista do Paulo Santana que, de tanto escrever uma coluna no jornal Zero-Hora, as vezes se revela um bom cronista da vida real.
- Assim, entre ataques e defesas, acertos e erros, as coisas vão mudando em nossas vidas e no mundo futebolístico, mudam mas não muito, mudam pela metade ou mais ou menos. Enquanto o garoto Celsol virou adulto, o radinho de pilha ao seu ouvido deixou de ser aquele tijolo com som de abelheiro, evoluiu para um rádio em celular com fones de ouvidos; mas as rádios que fazem a crônica do futebol no seu ouvido continuam sendo a Guaíba e a Gaúcha, apesar de já não sermos mais as únicas no mercado. Hoje, mesmo com as imagens das partidas de futebol estarem sendo distribuídas ao vivo pelas redes pagas de televisão, em paper-view, e na Internet pelo mundo todo, o mundo mudou muito, mas o velho e bom parelho de rádio continua garantindo a sua fatia cativa de mercado: nos automóveis e nos estádios, onde inclusive podem ser jogados no juiz!. Nós, cronistas narradores do espetáculo, também mudamos pela metade, tem ainda o estilo popular do Haroldo de Souza, mas já sem a concorrência do estilo clássico do Ranzolin, contra-ponto que agora fazemos através do estilo fanfarrão do Pedro Ernesto; o Lauro Quadros tomou outro rumo profissional mas o professor Rui Carlos Osterman “continua comandando a massa e continua dando as ordens no terreiro: Alô, alô Velho Filósofo!”...E continua também o tipo “Velho Palhaço” da versão passional de crônica futebolística assumidamente gremista do Paulo Santana que, de tanto escrever uma coluna no jornal Zero-Hora, as vezes se revela um bom cronista da vida real.
- A armação da jogada está nos pés do meia armador Tcheco, jogador que já foi jogar no exterior e que voltou a jogar no Grêmio com sucesso, mostrando que nem sempre trilhar caminhos já trilhados se constitui um atraso na vida; muitas vezes voltar atrás pode significar um avanço, especialmente quando praticamos um ato precipitado e, em algumas, precisamos até voltar e pedir perdão. Como, talvez seja o caso do Ronaldinho e do caro ouvinte que se perder nas comemorações de depois do jogo, da grande conquista do campeonato, quando chegar em casa na madrugada e, pior ainda, quando chegar atrasado perante a chefia no trabalho na segunda-feira. A armação da jogada procurava Anderson, símbolo da capacidade de superação que sempre é possível em nossas vidas enquanto tivermos determinação e muita sorte, mesmo quando se tratar de uma “batalha dos aflitos” onde tudo parece estar conspirando contra as nossas aspirações, com dois pênaltis contra e quatro jogadores expulsos. Nesses momentos extremos é que se consagram os heróis que terão seus feitos contados em versos nas nuvens do paraíso para rememorar as nossas passagens pelos infernos do rebaixamento...
- Todos queremos ser campeões de tudo! Mas existem os impedimentos da vida; no futebol os impedimentos têm regras humanamente impraticáveis, pois é impraticável que ao mesmo tempo o trio de arbitragem olhe para o momento exato em que a bola é lançada, lá no meio de campo, e olhe para a posição do atacante mais avançado em relação ao último atleta do time adversário, sem contar o goleiro. São as cartolagens e os capitalistas inventado regras para oprimirem as classes pobres...Anderson passa para Souza pela esquerda do campo, mas Bolívar interceptou atrasando para Clemer que sai jogando com o Sandro que serve Gabiru, nome consagrado como herói instantâneo por ter sido autor de um gol histórico que deu o título que voltou a igualar a dupla grenal, por agora serem ambos Campeões do Mundo, que corre, corre, se atrapalha com as pernas e perde perigosamente na intermediária a bola para o Roger que, esperto, enfia para Max nas costas de Cléber. Bola nas costas todo mundo leva, faz parte da competitividade da sociedade contemporânea, faz parte da essência do capitalismo selvagem no qual é cada um por si e Deus por todos. A sabedoria está em perceber a bola nas costas a tempo de ter recuperação, buscando o atalho para interceptar aonde o adversário vai correr ou chutar. A sapiência está em se ter inteligência emocional, frieza para não ser enganado pelo pique da bola e pra não perder a cabeça e acabar cometendo faltas pelas quais poderemos ser expulsos das competições às quais nos propomos vencer. Não devemos confundir estas virtudes com as “espertezas e malandragens”, que são qualidades da ordem da Razão Prática, e não da ordem da Crítica do Juízo e da Razão Pura. Constituem, portanto, a Metafísica dos Costumes, esta prática das simulações para induzir o juiz ao erro por condicionamento da lógica newtoniana de ação-reação: um toque corporal do zagueiro com projeção espetacular do atacante ao chão, com teatrais expressões de dor, dentro da área é pênalti na certa, e a torcida pressiona exigindo a marcação da penalidade máxima.
- Todos queremos ser campeões de tudo! Mas existem os impedimentos da vida; no futebol os impedimentos têm regras humanamente impraticáveis, pois é impraticável que ao mesmo tempo o trio de arbitragem olhe para o momento exato em que a bola é lançada, lá no meio de campo, e olhe para a posição do atacante mais avançado em relação ao último atleta do time adversário, sem contar o goleiro. São as cartolagens e os capitalistas inventado regras para oprimirem as classes pobres...Anderson passa para Souza pela esquerda do campo, mas Bolívar interceptou atrasando para Clemer que sai jogando com o Sandro que serve Gabiru, nome consagrado como herói instantâneo por ter sido autor de um gol histórico que deu o título que voltou a igualar a dupla grenal, por agora serem ambos Campeões do Mundo, que corre, corre, se atrapalha com as pernas e perde perigosamente na intermediária a bola para o Roger que, esperto, enfia para Max nas costas de Cléber. Bola nas costas todo mundo leva, faz parte da competitividade da sociedade contemporânea, faz parte da essência do capitalismo selvagem no qual é cada um por si e Deus por todos. A sabedoria está em perceber a bola nas costas a tempo de ter recuperação, buscando o atalho para interceptar aonde o adversário vai correr ou chutar. A sapiência está em se ter inteligência emocional, frieza para não ser enganado pelo pique da bola e pra não perder a cabeça e acabar cometendo faltas pelas quais poderemos ser expulsos das competições às quais nos propomos vencer. Não devemos confundir estas virtudes com as “espertezas e malandragens”, que são qualidades da ordem da Razão Prática, e não da ordem da Crítica do Juízo e da Razão Pura. Constituem, portanto, a Metafísica dos Costumes, esta prática das simulações para induzir o juiz ao erro por condicionamento da lógica newtoniana de ação-reação: um toque corporal do zagueiro com projeção espetacular do atacante ao chão, com teatrais expressões de dor, dentro da área é pênalti na certa, e a torcida pressiona exigindo a marcação da penalidade máxima.
-É neste limiar entre o fato e a simulação do fato que o Guiñazu, com seus infidáveis carrinhos perigosos, se ergue como uma nova muralha vermelha, desarmando o ataque do seu conterrâneo Max e despachando para o também argentino D’Alessandro que, com seu drible “La loca”, abre um corredor para acionar um contra-ataque. Os muchachos estão invadindo nossas praias e tomando os nossos empregos bem remunerados de jogadores de futebol, e agora até os de treinadores com o Fossati, estão se infiltrando no futebol gaúcho que serve de Cavalo de Tróia para a invasão deles nos mercado esportivo brasileiro. Nas equipes da dupla grenal já é tradição importarmos a raça do futebol argentino juntamente com o vinho Malbec da região de Mendoza, fora isso, de bom (além das maçãs e da literatura de Jorge Luis Borges) só vem de lá o saudoso e melancólico tango com a sua insuperável dança erótica; no mais vem o El niño, chuvas e muito frio de encarangar cusco! Mas há quem goste, tem gosto pra tudo neste mundo...
- No corredor penetra o capitão Fernandão que domina no peito e faz parede para entrada em velocidade do Alex que bate torneado de peito-de-pé, o chamado “de três dedos” ou “ de trivela”, chute que pega com os dedos do lado de fora do pé, fazendo com que a bola tome efeito e voe endereçada para o ângulo esquerdo de Victor que voa mais espetacularmente ainda e espalma a pelota com as pontinhas dos dedos. A torcida presente no estádio, caros ouvintes, que já soltava o grito de gol que está atravessado na garganta teve que engolir em seco e sentar novamente, de novo e outra vez, nesse eterno senta-levanta das vibrações próprias do futebol. Nesse grita e engole o grito de cada entra e sai dos times em campo, tanto os jogadores como os torcedores vão envelhecendo e vão sendo substituídos, se renova tanto o plantel da equipe quanto o público com novos talentos e paixões cada vez mais intensas. O mundo dos espetáculos futebolístico se transformou num mercado multimilionário de fabricação de “novo ricos”, peneirados tanto nas favelas quanto na alta burguesia da cidade, para serem produzidos em série na indústria das escolinhas de futebol dos clubes profissionais. Este filão de arrecadação, a venda de jovens talentos promissores para o exterior, já supera as bilheterias e só perde para as verbas de televisionamentos, as tais verbas de venda de imagens que agora mandam até nos horários de realização dos jogos: devem ser antes ou depois das telenovelas.
-O rebote é do Internacional com Índio que, como uma flecha certeira, fez a bola buscar o peito do estreante garoto Alexandre Pato, colocado na vitrine visando a sua exportação. O menino com personalidade de gente grande, com pinta de quem vai conquistar a Europa e se candidatar ao título de melhor jogador do mundo “logo-logo”, penetra pela meia esquerda e rolou com merengue a gorduchinha para o bico da área grande onde entrava Nilmar. O centroavante matador driblou espetacularmente o primeiro, o segundo, o terceiro e o quarto juntos e mais o quinto e o sexto jogador adversário, atravessando a área de um lado para o outro e, com exuberante categoria, atenção, vai chutar: É GOOOOOOOOOLLLLLLL
- A vitória é o que todos perseguem, em campo, nas arquibancadas, nas ruas, em nossas casas, no nosso trabalho; todos perseguimos a felicidade, mesmo que ela seja instantânea, que tenha a duração de um grito apenas, desde que seja um uivo poderoso que bote todos os demônios pra fora, e nada faz isto com mais intensidade do que o grito de gol pela alegria contagiante que ele espalha. O grito de gol é como uma onda de tsunami envolvendo as pessoas do mesmo time e as arrastando para a comemoração grupal. Porém, nada na vida é permanente, nem mesmo a própria vida; e esta verdade concreta e objetiva parece que se dissolve em nebulosas teologias e filosofias modernas de vida, fazendo com que todos se agarrem nas realizações dos outros, dos seus jogadores ou artistas preferidos, como sendo suas próprias ações e, portanto, motivos para grandes felicidades! O importante não é jogar, é torcer; o que vale não é escrever, é ler o que os outros escreveram...
- Enquanto a torcida ainda vibra, a partida é reiniciada com Douglas que avança com a bola dominada nos pés, puxando a marcação para a direita e abrindo a defesa, de calcanhar dá um fantástico toque para Borges que penetra na área tabelando com Jonas (o mesmo que a um ano atrás ficou conhecido nacionalmente como “o pior centroavante do mundo”, por ter perdido um gol prontíssimo) que agora, em nova fase, é o matador gremista que não perdoa e, esbanjando categoria, chuta e faz balançar os barbantes: É GOOOLLLLLLLLLLL!!!!!!!...
- A torcida tricolor vibra, a multidão faz a sua catarse futebolística e usufrui do momento mágico do gol. Treme o estádio Olímpico que já foi o orgulho do Rio Grande do Sul, mas que teve o seu glamour depreciado depois da construção do Complexo da Beira Rio e que já está com os dias contados para a sua extinção, pois agora vai mesmo sair do papel a construção do Complexo da Arena Gremista no bairro Humaitá, o novo estádio na zona norte da cidade, prometido para treinos da Copa do Mundo de 2014 em Porto Alegre. Não há maior demonstração do que esta de que tudo é impermanente, pois até as obras monumentais materiais deixam de existir, tudo cumpre o seu ciclo no mundo com o tempo. Até mesmo aquele garoto penetra dos Eucalipítos que já se fez adulto e que, as estas alturas do jogo, o Celsol já deve estar ficando envelhecido, já deve estar até se aposentando e rumando a passos largos para a linha de escanteio, para o fim de sua existência de torcedor dos eternos grenais, competições que se sucedem e sempre se sucederão, assim como extintos já estão muitos torcedores das gerações anteriores que vibraram com jogadores como Tesourinha e Eurico Lara...Mas sempre pode ocorrer o gol de ouro, até os últimos segundos do jogo da vida é preciso acreditar, pois a glória buscada durante toda a vida pode surgir na prorrogação por morte súbita.
-Há quem diga que todos os gols são iguais, que quem viu uma partida de futebol viu todas; há gente que não entende como multidões se dirigem todos os domingos para assistir à mesma peça teatral encenada dentro das quatro linhas do gramado, trocando apenas os atores; há pessoas que não entendem como o futebol conseguiu dominar toda a indústria cultural e a mídia universal; enfim tem gente que não está entendendo nada dessa nossa sociedade pós-moderna. Mas a torcida no fundo sabe que toda vantagem obtida no placar ou na tabela de pontos ou na lista de títulos é sempre transitória e passageira, como dizia o Vinicius de Moraes: felicidade é como uma gota de orvalho. É sempre e permanentemente preciso matar um leão a cada dia para manter acesa a chama olímpica do circo do entretenimento público da felicidade, chama esta que vem desde os gladiadores levando ao delírio as arquibancadas das arenas romanas. O povo precisa de pão e circo. Ao menos os atletas contemporâneos não precisam mais matar nem são mais comidos pelos leões, apesar do circo continuar eternamente o mesmo em seus diferentes formatos, como nos grenais da vida da gente.
-E o juiz trila o apito apontando para o centro do gramado!...
Na semana após o Grenal do Gauchão, predominam as camisetas azuis entre os funcionários do DMAE, pois o Grêmio se consagrou o grande campeão do ano de 2010 e quebrou a sequência do Inter que já era Bicampeão. Mas outros grenais haverão ainda este ano em nível nacional, a gangorra do sobe-desce nunca pára. O foco de todos passa a ser a Taça Libertadores das Américas, mas mesmo este título também é tido como um mero trampolim para o predomínio mundial, a felicidade absoluta. Gaúcho nenhum deixa por menos do que querer ser campeão do mundo novamente, especialmente antes que a equipe adversária o seja, o que é a suprema felicidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário