A QUESTÃO DA SOCIALIZAÇÃO NO TRABALHO

        A minha mulher manifestou, outro dia desses, numa conversa com um colega nosso de DMAE, que a sua preocupação sobre a minha aposentadoria não era com relação ao que eu faria com o tempo, pois o tempo certamente iria continuar faltando pela infinidade de coisas que eu permanentemente estou interessado em fazer, a preocupação dela é com a falta que possa me fazer a socialização com as pessoas no ambiente de trabalho.
        Como um engenheiro típico que a tudo quantifica, faz planilhas, calcula percentuais e produz gráficos, tratei de dissecar esta questão da socialização no trabalho. Rotineiramente, quer dizer, praticamente todos os dias, dou um “Oi!” e um “Tchau!” para as balconistas da Loja de Conveniência em que tomo o meu café da manhã, depois faço um contato com o pessoal da minha sala. Costumo dar uns palpites nos bate-papos na sala de cafezinho com os demais engenheiros (Rogério, Adriano, Virineu e Álvaro), mas sou dos menos participativos dessa mesa redonda. Há também a socialização com os frequentadores da nossa sala, como o Jorge-Cafú e especialmente o Mattos, que vem religiosamente comer a tradicional “frutinha” que a colega Catarina parte e reparte todas as manhãs entre nós, sem ficar com a melhor parte.

        Outros pólos importantes de socialização na DVM são a secretária Elizete (Lili), boa de papo, com a sua discípula estagiária do momento, e a Roda de Chimarrão que se forma na Sala dos Engenheiros (Fernando e o Maiocchi que não mateia) e dos Técnicos Industriais (Oliveira e Erasmo), onde se achegam os chefes de equipes de rua ao retornarem ao final da manhã (Roberto e Marco); além de outros frenquentadores mais eventuais do que eu, tais como o Pedro e o Ciro da Ferramentaria. Nas minhas andanças pelo Administrativo, onde fica depositada no cofre a máquina fotográfica, faço discussões políticas com o Vanderlei; e no pátio converso sobre aposentadoria com alguns contemporâneos de cabelos grisalhos como os meus, como o colega Hugo que também é o nosso fornecedor de mel e própolis.

        Assim, ainda como um engenheiro típico, a conclusão quantitativa do laudo é de que a minha socialização no trabalho se resume ao contato diário com cerca de 20 colegas, muitos por poucos minutos e poucos por muitas horas. Qualitativamente, porém, no âmbito afetivo e espiritual, como todo laudo de engenheiro, nada consta de conclusivo, só o tempo vivido no ostracismo da aposentadoria revelará a real dimensão desta questão...

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