Lula é indicado ao Oscar de Hollywood...
O filme Lula, o Filho do Brasil, de Fábio Barreto, foi o escolhido ontem para representar o Brasil na disputa pela vaga ao Oscar de melhor estrangeiro em 2011, vai concorrer com 95 outros paises para se classificar entre os cinco indicados para o prêmio.
Ao assistir ao polêmico filme “Lula, o filho do Brasil”, patrocinado por grandes empreiteiras e que foi lançado em ano eleitoral prometendo ser uma peça chave da campanha política na sucessão presidencial nos sertões sem fim irrigados pela distribuição de renda do “Bolsa Família”, não pude evitar de me comover às lágrimas. Assim como eu, milhares de brasileirinhos por estes brasis a fora vão se identificar com esta história pessoal como sendo, em parte, a filmagem de suas próprias vidas. Mas, no meu caso, acho que vale explorar este tema como uma crônica literária sobre as semelhanças de trajetórias e as grandes diferenças de desfechos.
Como o Lula eu também tive um professor que, por me julgar inteligente e diferenciado dos demais colegas de internato público estadual (Secretaria Estadual do Menor - futura FEBEM), se interessou em me adotar. Eu próprio esclareci a ele que não estava interessado em ter outra família, que preferia continuar vivenciando com a minha família apenas durante as férias de verão, com todas as penúrias de sua pobreza, do que usufruir do conforto de uma família adotiva.
Assim como para o Lula, que o primeiro vislumbre da política teria ocorrido numa assembléia esvaziada do sindicato, quando sentiu que a militância da agitação político-sindical era um ímpeto forte e inevitável na sua vida; para mim foi numa assembléia tensa dos estudantes da UFRGS em greve no início da década de 80.
Como o Lula, eu também me envolvi com militância político-partidária e sindical, nesta ordem, portanto na ordem contrária dele que foi do sindicalismo para a construção do partido. Foi seguindo suas pegadas, após acatar seu chamado para a construção de uma ferramenta política para a classe trabalhadora, o PT, é que me joguei de corpo e alma, por cerca de dez anos, na construção de uma consciência de classe sindicalista na minha categoria funcional. Lula era o nosso grande ícone nacional que pregava a unidade sindical apartidária e não ideológica!
Como ocorreu com o Lula, do meu primeiro casamento não ficou nenhum filho. Apenas que para mim o seu fim foi menos trágico, não fiquei viúvo e sim divorciado no litigioso.
Como o Lula, eu também percorri uma trajetória de ascensão como liderança e dirigente sindical, no meu caso como presidente fundador da associação pré-sindical dos municipários portoalegrenses, a AMPA (naquela época funcionário público ainda não podia constituir sindicato!).
Como o Lula, eu também tive um período de grande consumo alcoólico (o que foi uma omissão dos marqueteiros do filme). Juntamente com outras lideranças e militantes, costumávamos ficar até altas horas de beberagem nos bares fazendo análises e comentários políticos das disputas internas e externas do partido e do sindicato. Inclusive até tomei umas cervejas e cachaças com o próprio Lula na casa do meu falecido irmão Gildo Lima, na campanha eleitoral de 1982 (sem fotos!).
A neta do Lula, minha filha Luiza e o meu irmão Gildo de papagaio de pirata do Lula e do Governador Olívio Dutra.
Mais do que o Lula, que no seu segundo relacionamento conjugal teve só uma filha, a Lurian (que os marqueteiros estrategicamente omitiram a sua existência no filme), no meu segundo relacionamento eu tive duas filhas.
Assim como o Lula vivenciou a experiência de convencer a categoria em greve de que é hora de voltar sem a vitória, para não ter que voltar depois derrotados e humilhados; eu também experienciei o engolir sapo de uma negociação tensa e matreira com o prefeito Collares, onde tive que defender o retorno ao trabalho em uma assembléia com milhares de colegas, mesmo sendo chamado de “traíra”, como no filme, pelos porra-loucas radicais; eu também obtive o voto de confiança da categoria.
Assim como o Lula, o meu terceiro relacionamento conjugal também está sendo com uma mulher que já tinha um filho (junto ao qual assumimos a função de pai como uma realização), mulher com quem eu também continuo a minha humilde caminhada por esta vida.
Como o Lula, eu também tenho um diploma do SENAI, apenas que não é de torneiro-mecânico, é de tipógrafo, ofício praticamente extinto, mas que também envolvia o risco da perda de dedos nas guilhotinas motorizadas de cortar papel. Felizmente, embora tantas semelhanças de trajetórias, aqui começam as grandes diferenças de desfechos.
Assim como o Lula dedicou postumamente à sua mãe o seu diploma de presidente do Brasil ao colocar o PT no poder (naquela maravilhosa celebração da democracia que foram as cenas de sua posse, cenas que faltaram no encerramento do filme), eu também dediquei à minha mãe o meu diploma de engenheiro pela UFRGS e, ao contrário do Lula, me desvinculei do PT e do engajamento partidário.
Talvez a grande diferença dos desfechos de nossas trajetórias, é de que o Lula, sendo hoje órfão de mãe e pai, esteja mais para “Pai e Mãe do Brasil” por sua imensa projeção, adquirindo uma envergadura histórica do porte de Getúlio Vargas, enquanto eu, que por sorte de desígnios do destino ainda usufruo da convivência com a minha velhinha mãe, estou verdadeiramente mais para filho do Brasil do Lula.
Lula é indicado ao Nobel da Paz...Lula é o Cara!
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