Depois de toda aquela
“rasgação de seda” sincera que
fiz na postagem anterior para o
coordenador do PISA, do tal projeto de resgate da balneabilidade do
Guaíba, aproveito para fazer um gancho e
resgatar um episódio pitoresco, em que o mesmo Valdir Flores mostrou toda a sua versatilidade e conquistou de vez
a minha terna consideração. Trata-se do Causo das Bolsas de
Estudo do DMAE ocorrido no ano de 2001, quando os funcionários foram
surpreendidos, às vésperas do período de
matrícula das escolas de Ensino
Fundamental e Médio, ao receberem grampeado ao contra-cheque de outubro um comunicado
da Administração Petista (lá pelo seu
terceiro mandato consecutivo). Dizia que havia um pacote de alterações dos
critérios de concessão do Auxílio de Bolsas de Estudos através da Instrução DG
295/01. Naturalmente, os colegas pais e também os estudantes, que viam suas
vidas serem desorganizadas sem a menor parcimônia e consideração, se
organizaram num movimento legítimo e espontâneo de reação e tentativa
desesperada de reverter a decisão decretada.
-A
precipitação truculenta de implantação de modificações radicais sem o mínimo
prazo de preparação psicológica e material das pessoas, que possivelmente
teriam que mudar imediatamente de colégio seus filhos;
-A
limitação de inscrição de apenas dois filhos como beneficiários (os pais teriam
que escolher quais dos seus filhos seriam excluídos);
-
O Critério de Sorteio de Bolsas Integrais até o final do curso do dependente, foi
o ponto no qual a assembléia dos servidores decidiu concentrar a sua rejeição,
por considerá-lo excludente, uma vez que reduzia em mais de 50% o número de
beneficiários por ser um critério que dava tudo para poucos e nada para muitos,
além do sistema de sorteios se constituir na sistematização de uma tortura
psicológica anual sobre as crianças e familiares (pois todos os anos haveria
novos sorteios e a ameaça de perder a bolsa e ter que trocar de escola).
Por ocasião dessa assembléia, da qual a Administração
se retirou depois de se ver veementemente contestada, os servidores assumiram o
comando da reunião e constituíram uma Comissão de Representantes dos
Funcionários (composta por Valdir Flores/DVO, Silvia Fabbrin/COJ, Antônio
Coelho/DVI, Magda Granata/DVO, Dione Borges/DVR, Denise Regina/DVR, Maria de
Fátima Rodrigues/DVH, Mara Lúcia Diel/SVG, Eduardo Dias/COJ, Iara Morandi/DVP e
Marco Guimarães e eu pela DVM). A Comissão buscou, inutilmente, por vários dias
estabelecer um canal de comunicação, até
conseguir arrombar uma brecha diretamente no Gabinete do Diretor Geral,
através de um ”Ato Público” (com cartazes e pirulitos) realizado nos Jardins da
ETA Moinhos de Vento.
Durante a evolução deste movimento foi se destacando a
liderança carismática do colega Valdir Flores, e se revelando a sua talentosa
capacidade oratória de se comunicar com a multidão reunida, o qual acabou
assumindo naturalmente a coordenação
daquela luta; enquanto eu passei a funcionar como uma espécie de consultor de
estratégias de ação do movimento, devido à minha larga experiência sindical.
Em reuniões manipuladas pela Administração,
em vão a Comissão de Representantes sugeria a discussão de um “Rateio
Escalonado por faixas salariais” (dando mais pra quem mais precisa), até que a
Administração publicou o Regulamento do Sorteio com ostensiva prepotência, incluindo
alterações (para pior) dos critérios após o período de inscrições dos
candidatos ao benefício, e restringindo para apenas a “faixa 1” a concessão de
bolsa integral até a conclusão do respectivo nível de ensino (Infantil, Fundamental ou Médio).
O pitoresco é que no famigerado sorteio, justamente
nós que éramos radicalmente contra ele, por ser um critério que “dava tudo para
poucos e nada para muitos”, fomos sorteados: o Valdir com uma e eu com duas bolsas, e as nossas mulheres, as
Magdas (Rolim e Granata), também foram sorteadas com uma bolsa cada
uma...Provamos que estávamos certos e eles errados: ficando com tudo entre
poucos! A minha filha menor entrou na primeira série e a maior na quinta série,
ambas na nova escola por força do fatídico sorteio. A batalha não acabou por
aí, pois foi preciso que recorrêssemos à
justiça para garantir o que estava determinado na IDG295/01, ou seja, que a
bolsa seria integral até o final do Curso de Ensino Fundamental para os
servidores de todas as faixas salariais. O fato é que somente através da IDG301,
publicada em outubro/2002 (um ano depois!), é que foi modificada a redação da
instrução anterior, restringindo para apenas a “faixa 1” a bolsa integral até a
conclusão do respectivo nível de ensino (portanto, legalmente válida somente para
os futuros sorteados!).
A primeira vitória foi a conquista de uma “liminar
judicial” e, por fim, a sentença nos dando ganho pelo mérito da causa, com a
qual garantimos o benefício do “grande prêmio” que ganhamos no sorteio e que
tentaram nos surrupiar. O importante é que os nossos filhos, como os de tantos
outros funcionários, tiveram literalmente a “sorte” de estudarem em boas
escolas, que muitos não teriam acesso, com ou sem sorteio, se não fosse através
das bolsas de estudo que DMAE propicia aos seus servidores e dependentes.
-Valeu
DMAE!
COMENTÁRIOS DA POSTAGEM
ORIGINAL EM 2010:
-----Mensagem
original-----
De:
Valdir Flores
Enviada
em: 13 de dezembro de 2010
Para:
Celso Afonso Machado Lima
Assunto:
RES: Balneabilidade e Bolsas de Estudo
Celso, como tenho feito regularmente, li tua matéria
no blog e tua “rasgação de seda” como dito por ti. É bom lembrar nossas
conquistas do passado, que sirvam de exemplo. Sabes que aquele movimento surgiu
do ânimo das pessoas então envolvidas, sem outra conotação senão a de buscarmos
resgatar o cumprimento das regras estabelecidas, evitando o atropelamento de
nossa dignidade. Obrigado pelas lembranças, Valdir.
----Mensagem
original-----
De:
Magda Cristina Granata
Enviada
em: 13 de dezembro de 2010
Para:
Celso Afonso Machado Lima;
Assunto:
RES: Balneabilidade e Bolsas de Estudo
Caro
colega Celso,
Só para registro e colaborar com tua retrospectiva, eu
fazia parte deste movimento contra este tipo de "distribuição " para
filhos de funcionários e também fui contemplada. Na época eram bolsas
integrais, escalonadas por salários . Era uma única vaga no Colégio IPA, a ser
disputada por mim e nossa colega Miriam Perin. Combinamos que, independente de
quem fosse a "felizarda", dividiríamos os créditos. E assim
aconteceu. Fui a feliz ganhadora de uma Bolsa Integral para minha filha, e todo
o mês repassava 50% deste valor a minha amiga Miriam. Tenho certeza absoluta,
de que se fosse o contrário ela tb. teria cumprido nosso acordo. Fica como
exemplo de como podemos amenizar distorções para a tão famosa "Justiça
Social". E um beijo a minha amiga Miriam, abraço a todos, Magda Cristina
Granata.
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