O PAULO BUGIO FEZ 60 ANOS

           Quando eu soube que o Paulo da Rosa, mais conhecido como o Bugio, estava de aniversário e se tornando sexagenário, logo tratei de telefonar pra casa dele para lhe felicitar pela chegada da velhice. O Paulo Bugio se aposentou  às vésperas da reforma da previdência do Governo Lula, creio que no finalzinho de 2003; lembro que foi uma “chuliada” e que ele escapou por alguns dias da exigência de 60 anos como idade mínima para os funcionários públicos se aposentarem.
             Depois das felicitações de praxe, lhe falei do meu “blog de aposentando”, pedi o email dele para enviar o link do blog e tratei de fazer com que me lembrasse detalhes de sua história pessoal entre nós na DVM:      
- Mas e aí negão, como é que foi mesmo esta bosta que deu nas tuas pernas?
-Então, um dia eu estava com o Ciríaco (o Mangona) pintando a cancha do pátio aí da DVM, quando eu senti que a minha perna ficou dormente.
- E tu soube do triste fim do Ciriaco?
- Pois é, soube que depois que perdeu a filhinha ele pirou e se enforcou!
-É, o Mangona entrou em depressão, não agüentou a aposentadoria; ele que era o xerife do páteo! Mas e daí, quando deu a bobeira na perna tu fostes no médico?
- No dia seguinte fui até o Gabinete Médico do DMAE e consultei com o médico Ivoi (o AAS , apelido referente à aspirina que ele sempre receitava para tudo)...
-E doía a perna? – Perguntei ao telefone.
- Eu senti uma dor tipo do ciático, mas depois de medicado com analgésico até voltei a jogar bola no time do pessoal da manutenção. Mas um dia, no início de 1982, fui levantar da cama e a perna esquerda bobeou total, depois foi a direita também. Daí em diante deixei de ter dores, perdi a sensibilidade; a não ser a dor das realizações de punções na medula para exames médicos.
- Chegaram a algum diagnóstico conclusivo?
- Não, o laudo final falava em “lesão medular sem causa determinada”, e o médico falou que pode ter sido um choque anafilático nos nervos que tenha tirado  a sensibilidade das minhas pernas.
- O pior foi aquela fase  em que ficastes de cadeira de roda, não é mesmo?
- Pois é cara, foram muitos meses de fisioterapia até que a perna direita voltou praticamente ao normal. Então eu comecei a andar de muletas e me livrei da condição de cadeirante. Depois que eu dominei as “muletas tipo canadense”, usadas com o apoio nas duas mãos para não forçar a coluna, é que eu consegui voltar a trabalhar aí com vocês, até me aposentar por tempo de serviço e não por invalidez!.
- É verdade, foi uma passagem interessante aquele período que viestes trabalhar por cerca de 20 anos de muleta, quando deixastes de sair com as equipes de rua e ficastes fazendo os serviços de retaguarda técnica no escritório...E aquelas consultas a centros espíritas que o Danilo (o Sebinho) te levava de um lado para o outro?
- É, todo o pessoal da DVM me deu muita força, no trabalho e com as caronas diárias para eu ir trabalhar sem precisar pegar ônibus de muletas; o Sebinho me deu o maior apoio me levando nas sessões de terapia e nos centros espíritas em busca de um milagre que acabou não acontecendo...
 - E hoje, qual é a situação do velho Bugio fazendo 60 anos?
- A perna esquerda ficou ainda com movimentos involuntários, eu tenho que me cuidar para ela não me derrubar quando corcoveia.  Mas, dentro de casa, onde eu tenho onde me apoiar em caso de emergência, consigo caminhar sem muletas. O perigoso aqui são os netos me derrubarem...
-Valeu sexagenário Paulo da Rosa Bugio!

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