JOIA RARA: O CARIMBADOR MALUCO

O Valdecir conta que fez concurso público na década de  1980, pensando que era para ser operador de estação do Dmae. Contudo,  quando chegou para fazer a prova prática na Divisão de Manutenção, ficou muito assustado quando lhe deram um caminhão com um enorme guincho para operar, coisa que ele nunca tinha feito antes na vida. Só então ficou sabendo que o tal concurso na verdade era pra operador de máquinas, melhor dito, que as tais máquinas não eram as  das estações, e sim máquinas de veículos automotores de grande porte, tais como retroescavadeiras, empilhadeiras e guinchos. Mesmo assim, por falta de concorrentes, acabou sendo aprovado e nomeado para o cargo.
 Conforme desenvolvia o seu aprendizado prático de Operador de Máquinas, o Valdecir começou a se envolver em vários acidentes de trânsito. Foram tantas as ocorrências que lhe valeram o apelido de “Carimbador Maluco” (referência as carimbadores de preço dos supermercados daquela época inflacionária que vivíamos no Brasil com o Sarney na presidência do país). O Valdecir “carimbava” com batidas de trânsito todos os veículos da frota do Dmae que ele pegava para operar.

Os mais notórios destes acidentes do “Carimba” (apelido carinhosamente reduzido do Valdecir) foi quando ele conseguiu cortar os cabos do computador central do DMAE, época em que o computador era imenso e ocupava uma sala inteira na Hidráulica Moinhos de Vento; e quando ele realizou o feito inédito de capotar o caminhão guincho fazendo-o cair dentro de uma valeta. Na verdade (ele próprio me corrigiu quando citei estas ocorrências), o caminhão não caiu dentro da valeta, e diz que só capotou por perícia dele, uma vez que a valeta estava desbarrancando e, para não deixar o caminhão cair sobre as colegas que estavam dentro, ele fez uma manobra com a lança do guincho para provocar a capotagem, de forma que o caminhão deitou  atravessado sobre a valeta. Caso contrário, afirma ele, teria matado vários colegas soterrados. Faz sentido...
Com o passar do tempo, com décadas de experiência, o Carimbador se tornou um cara dedicado ao serviço e que, sempre bem humorado, vivia dando seus palpites para os engenheiros e chefias de como melhorar operacionalmente as coisas. Geralmente com ideias mirabolantes.  
Ele também deu pra engordar nos últimos anos. Mesmo sendo baixinho, chegou a pesar 153 kg, estava aponto de explodir como a Dona Redonda da Saramandaia. Ficou identificado pelas redondezas como o Buda. O Carimba não deixou por isso mesmo, resolveu tomar uma atitude e fez uma cirurgia do estômago: caiu para 80 quilos, reduziu quase a metade do seu peso anterior. Mas o Carimbador Maluco continuou ocupando o mesmo grande espaço como uma figurinha “joia rara” no álbum dos personagens lendários da manutenção do DMAE.
-Valeu Carimba!

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