FRONTEIRAS AO PENSAMENTO & ARTE

O filósofo e ex-ministro da Educação da França, Luc Ferry, andou palestrando em Porto Alegre em maio de 2010, apontando que o amor e a sustentabilidade mudarão a política e constituirão uma nova revolução mundial. Conforme Nietzsche percebeu, a problemática moral aparece quando um ser humano propõe valores que sejam superiores ao valor da vida, valores sacrificiais. Para Luc Ferry, a moral se estabelece quando princípios nos parecem (com ou sem razão) tão elevados  que valeria a pena arriscar ou mesmo sacrificar a vida para defendê-los. Alguns valores, como assistir a atos de injustiça e covardia contra crianças ou pessoas indefesas, ou contra alguém a quem amamos, poderiam nos levar a assumir um risco de morte. Isto implica que existem valores transcendentes, já que são superiores à vida.
O que acontece é que nos homens modernos os motivos tradicionais de sacrifícios falharam. Ninguém mais está disposto a sacrificar a vida pela glória de Deus, da pátria ou da revolução proletária, mas pela sua própria liberdade e pela vida dos que eles amam é possível que se aceitem desafios para combates com risco de morte. Em resumo, as transcendências de outrora não foram exterminadas pelo materialismo, e sim foram substituídas por formas horizontais de transcendências e não mais verticais, enraizadas agora em seres que estão no mesmo plano que nós: o amor  familiar!
Dos tantos grandes eventos “papo-cabeça” que se realizam em Porto Alegre, a exemplo do “Fronteiras do Pensamento” (que também acontece em várias capitais), pouco ficamos sabendo, só respinga pela imprensa algumas entrevistas e frases prontas para nós, os excluídos deste seleto mundo dos intelectuais abonados. Assim como há quem pague com gosto altos preços para assistir a shows de mega-estrelas do pop-rock, há também quem (como eu) gostaria de ouvir as palestras dos grandes pensadores vivos contemporâneos, se tivesse disponibilidades...
Mia Couto, escritor de Moçambique.
 Porém, como há vendas casadas (tem que se comprar um pacote de passaporte de ingressos para todas as palestras programadas para o ano inteiro, ou seja, tem que se desembolsar cerca de R$ 1,5 salário mínimo na bucha!), naturalmente que não pude captar ao vivo às energias de cabeções como Vargas Llosa, Michel Maffesoli, Mia Couto, nem Luc Ferry.

A vida cultural portoalegrense é altamente instigante e variada. Eu vivia olhando as programações e prometendo para mim mesmo que quando eu estivesse aposentado eu iria cumprir todas estas agendas do “segundo caderno Cult” dos jornais. Pensava  em assistir a estes fóruns internacionais de “alargamento do pensar como um ato político”, que são pagos e caros, mas especialmente assistir os eventos artísticos de baixo custo e gratuitos, que são muitos e também de alta qualidade. De tanto que eu ficava repetindo para diferentes coisas que surgiam que “isso eu vou fazer quando estiver aposentado”, que as pessoas da minha intimidade ironizavam que ia faltar tempo para eu realizar na minha aposentadoria tantos projetos de ler, assistir e escrever...
Acertaram, falta mesmo tempo (e grana)! Mas, conforme Luc Ferry, falta “Aprender a viver com uma filosofia para os novos tempos”, apontando que o amor e a consciência em prol da sustentabilidade do planeta mudarão a política e constituirão uma nova revolução mundial. Será?!...


Um comentário:

  1. Faz uma rifa por exemplo para conseguir estes R$ 1.017,00. Para participar do fronteiras do pensamento tem que PENSAR uma forma de arrumar a grana e pagar para assistir. Sem PENSAR não se vai a lugar nenhum.

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