Morreu Steve Jobs, o pai do Ipod (música), Ipad (tablets - ebooks), Iphone (celular) e dos renomados computadores Macintosh. Mesmo sendo o criador de produtos elitizados de consumo, dos quais eu nunca tive acesso a nenhum, o cara era tão criativo que acabou determinando as tendências mundiais da interação dos humanos com as maquininhas interligadas em redes sem fio.
Pessoalmente me identifico muito com este segmento yuppie da minha geração, nascida na década de 1950, pessoal emergente do movimento hippie que descobriu o poder criativo contido nos circuitos eletrônicos, capaz de democratizar a informação. Na década de 70 eu também surfei nesta onda.
Fiz o curso técnico de eletrônica da Escola Parobé e frenquentei muito as lojas de vendas de componentes eletrônicos que proliferavam na Av. Alberto Bins, onde circulavam todos os “nerds” daquela época e trocavam ideias das revistas “faça você mesmo” sobre circuitos e amplificadores. Foi uma imersão na juventude que me setenciou a trabalhar a vida toda com manutenção de equipamentos, ser médico de máquinas!
A propósito, tem um filme intitulado “Piratas do Vale do Silício” (disponível no Youtube) que oferece uma versão dramatizada do nascimento da era da informática doméstica, desde o primeiro PC, através da histórica rivalidade entre a Apple (depois Macintosh) e a Microsoft, esclarecendo quem pirateou o quê de quem.
No filme Steve Jobs é um garoto hippie e contestador, que vai a passeatas na universidade, toma LSD e tem inspirações messiânicas. Toda essa fúria vem do sofrimento: Jobs chora, faz terapia e não se conforma com o sumiço da mãe biológica e de ter sido dado para adoção. Bill Gates é o completo oposto. Faz coleção de revistas Playboy e gosta de beber cerveja jogando pôquer com seus amigos.
Alguns apaixonados pela eletrônica começaram a desenvolver protótipos de circuitos que viriam a ser microcomputadores. Entre eles, Steve Jobs e Steve Wozniak, que juntos desenvolveram num fundo de garagem uma espécie de primeiro computador pessoal. Eles deram o nome a esse protótipo de Apple.
Até aí tudo era paz e amor! Mas, enquanto isso, o jovem pirata Bill Gates prometeu vender para a IBM um Sistema Operacional que ele não tinha. Gates foi a uma pequena empresa que havia desenvolvido um sistema operacional e decidiu comprá-lo; pagou uma ninharia, personalizou o programa e vendeu-o como o MS-DOS por uma fortuna, mantendo a licença do produto que dominou o mundo.
Por sua vez, o Steve Jobs também resolveu praticar a pirataria, se apropriando da idéia que a Xerox estava desenvolvendo e havia ingenuamente apresentado numa feira de informática. Naqueles nossos tempos os computadores só usavam o teclado e o sistema operacional exigia que o usuário dominasse comandos de linguagens de computador. O projeto pirateado por Jobs previa o desenvolvimento de uma interface gráfica baseada por navegação de ícones, pastas e janelas, tudo isso acionado por um novo dispositivo chamado mouse, que dispensaria o usuário de entender qualquer coisa de informática.
Nos tribunais ficou entendido que o modelo do sistema da Xerox foi apenas uma “inspiração” para Jobs, semelhante ao que ocorreu com o novo pirata Mark na criação recente do Facebook, conforme é mostrado no filme A Rede Social...
Mas o golpe de mestre foi dado pelo pirata Bill Gates, se fazendo passar por aliado e se infiltrando no bando da Apple como prestador de serviço. Quando Steve Jobs abriu o olho e percebeu, Bill já tinha pirateado a tecnologia que Jobs, por sua vez, tinha pirateado da Xerox. A Microfsot rapidinho criou o Windows (uma cópia deslavada do Macintosh) e passou a dominar o mercado mundial, como até hoje, transformando Bill Gates de pirata ao magnata mais rico do mundo.
Como eu dizia no início desta crônica, as últimas invencionices tecnológicas do maluco beleza da tecnologia, feito um fantasma do falecido Steve Jobs, vão assombrar ainda mudanças comportamentais irreversíveis na vida da gente: novamente!
Em julho/2011 eu postei aqui uma matéria sobre os “Aposentados pré-digitais”, falando sobre o pessoal que se aposentou sem dominar as novas tecnologias de emails e redes sociais, etc. Agora, aproveitando o gancho da morte do Steve Jobs, reconheço que em novas tecnologias vou pegando meio no tranco. Lembro que eu fazia discursos contra a onda do uso de telefones celulares quando ela se espalhou como um tsunami, e resisti o quanto pude em ter minha vida monitorada o tempo todo por este aparelho...até ser fisgado por esta nova necessidade de consumo tornada indispensável.
Então migramos todos do nostálgico “discar para alguém” para o moderno “teclar”, tanto para enviar mensagens como para fazer ligações telefônicas.
Entretanto, como demonstram todas as maquininhas deixadas pelo mago Steve Jobs, nas tecnologias pós-modernas as teclas foram abolidas. Não vamos mais “teclar para alguém”, já é tudo com telas sensíveis ao toque (touch screen). Vamos agora enviar toques!
Confesso que novamente estou resistindo, vou resistir o quanto puder comprando computadores e telefones com teclados, e vou continuar lendo jornais e livros de papel e não em e-books, e muito menos em tablets sem teclas.
- Conservador, eu? Não, apenas um velho pirata lerdo.
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