Entre
os meus guardados trazidos no meu kit de aposentando, encontrei uma
preciosidade simbólica, uma folha do Boletim Interno do Departamento, datado de
novembro/2002, em que se anunciava a
“realização do sonho dos funcionários”, a construção de um campo de futebol do
Dmae. No Boletim o Carlinhos Comelli, grande desportista e querido por todos os
colegas, é entrevistado na empolgação do início da terraplenagem do campo no terreno
da ETE Navegantes, junto ao Humaitá e perto do que hoje é a Arena do Grêmio.
Dava gosto de ver os planos que ele fazia para o uso do campo em campeonatos e
peladas internas das divisões do Dmae. A obra dos sonhos dos servidores avançou
mesmo, chegou a ser colocada a grama e creio que até as goleiras foram
instaladas...mas não chegou haver a esperada festiva inauguração.
De
fato o sonho dmaeano existia e persiste, pois alguns departamentos da
Prefeitura de Porto Alegre têm centros de esportes e lazer para os seus
funcionários, tais como o Ginásio com quadra de Futebol de salão do Demhab e a
invejável sede com salão de festas e campos de “futebol sete” da SMOV, perto do
Veleiros do Sul. Paradoxalmente o Dmae, chamado de “primo rico” dos órgãos
municipais, nunca conseguiu nenhuma coisa nem outra, nem ginásio coberto e
muito menos sede social para oferecer aos seus servidores, tem apenas um
campinho em cima do reservatório de água Catumbi. Pois o artilheiro Carlinhos, que recebeu
cartão verde na época para “chutar e cabecear e fazer o golaço”, se aposentou
frustrado sem realizar o sonho de inaugurar o campo Todeskão.
Conforme
relata a reportagem, o Diretor Geral na ocasião era o Todeschini, daí o apelido
dado ao campo de Todeskão. Acontece que, como ele estava bancando a obra com um
projeto “feito nas coxas”, antes de construir os prometidos vestiários,
banheiros e churrasqueiras no entorno do campo, a Direção teve que abandonar a
obra, caracterizando mais um “pequeno” desperdício do dinheiro público. Como o
Carlinhos, eu também me aposentei frustrado por causa do Todeschini, não pelo
campo inacabado devido à sua localização inadequada, ao lado dos tanques de
decantação dos esgotos cloacais da ETE Navegantes. Minha frustração foi com a ascendência
relâmpago de um obscuro petista vindo do DEP que assumiu o DMAE em 2001 e, durante
a campanha eleitoral de 2004, conseguiu o feito inédito de colocar cartazes em,
literalmente, todos os postes do
município, sendo dois cartazes por poste (um para cada lado da rua até nas
zonas mais rurais), e se eleger como o vereador mais votado daquele pleito.
Minha frustração foi como “ex-petista”, que eu já era na época, por perceber
que dali pra diante podia se esperar de tudo daquele partido que dediquei
muitos anos da minha vida construindo. Mas "nem que a vaca tussa" eu imaginaria que os "malfeitos" descambariam para o Mensalão e o Petrolão!...
O fato
é que o sonho do Carlinhos se realizou mas não se concluiu. O campo de futebol
para os servidores do DMAE chegou a existir, mas não foi concluído. A obra foi interditada por exigência da saúde pública,
pois com a estação de esgotos ao lado a grama estaria permanentemente contaminada
com coliformes fecais. Por isso,
qualquer arranhão que os atletas sofressem por queda no gramado seria
uma fonte de infecção séria e de contágio de doenças graves. O meu sonho também
se realizou, a posse em 2003 do Lula Lá, mas não se concluiu pelo contágio da
corrupção do poder, grave doença crônica que infecciona o país e frustra os sonhos dos brasileiros.
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