Temos visto movimentos sociais fantásticos pelo mundo afora, especialmente os possibilitados graças à globalização do mundo em redes de relacionamentos pela internet. Temos visto revoluções e guerras civis repentinas em pleno mundo árabe muçulmano, onde nada mudava a milênios; temos visto até levantes de protestos espontâneos dos jovens “Indignados” no coração da União Européia, lutando por democracia real no Velho Mundo.
No Novo Mundo temos visto enfretamentos de estudantes com as forças militares no Chile, por mais verbas para a educação no país; temos visto, ainda que timidamente, brasileiros marcharem contra a corrupção, num movimento apartidário, em plenas datas cívicas de 7 e 20 de setembro: Agora Chega de Corrupção!
Inclusive aqui, no extremo sul da América, na capital do pampa gaúcho, temos visto o Movimento dos Capacetes Brancos, em que os Engenheiros, Agrônomos e Arquitetos da Prefeitura de Porto Alegre levantam a cabeça e fazem “capacetaços” em atos públicos para protestarem pela não implantação da Verba de Responsabilidade Técnica (VRT), que visa a equiparação salarial da classe com os Procuradores do Município.
A exemplo dos demais movimentos citados, que estão se proliferando ao redor do planeta, os Capacetes Brancos da Prefeitura também se articulam pela internet e atingiram um grau de mobilização inédito na categoria, conseguindo implantar objetivamente novas ações de lutas, tais como: Operação Liberação Zero (não liberar: trâmites administrativos, processos, aprovações, licenciamentos, vistorias, fiscalizações, contratos, medições, habite-se, etc.); Operação Não Comparecer (não comparecerem em Reuniões, Conselhos, Grupos de trabalho, etc.); Não Atendimento de Telefone Funcional (fora do horário de expediente e, em algumas datas pré-estabelecidas pelo movimento, não atender telefones também dentro do horário de expediente); Atos de Capacetaços (preferencialmente em eventos públicos de comparecimento do Prefeito). Isso tudo em véspera de Copa do Mundo na cidade, de muitos projetos e obras, tem força de pressão!
Descontentes com os salários, policiais iniciaram uma série de protestos com queima de pneus em rodovias gaúchas no início de agosto, com bonecos fardados de brigadianos em inusitadas situações (inclusive enforcados!). Mais de 64 casos de queima de pneus foram registrados nas estradas por todo o Estado, com alguns bloqueios das vias.
- Não queremos nada além do que nos foi prometido em campanha: o piso nacional (R$ 3,2 mil). Queima de pneu é só o início, o próximo passo é bloquear a circulação mesmo, gritavam as faixas dos PMs.
– Não podemos aceitar medidas radicais e dessa magnitude. Já ultrapassou os limites, resmungava o governo na TV e nos jornais.
A sociedade gaúcha viveu uma manhã caótica em decorrência dos protestos dos policiais no centro de Porto Alegre, quando um boneco fardado amanheceu, no viaduto Otávio Rocha, a 230 metros do Palácio Piratini. Pendurado no pescoço do fantoche estava um artefato, supostamente explosivo, o que forçou o Grupo de Ações Táticas Especiais da BM a isolar a área.O protesto clandestino por melhores salários para PMs não era uma bomba, apenas um simulacro grosseiro de papelão e fios de cobre. Mas, até se certificarem disso, policiais bloquearam o trânsito na Duque de Caxias e na Avenida Borges de Medeiros. Foram duas horas de expectativa e transtornos, até o boneco ser retirado.
– São atitudes marginais, atitudes de marginais são tratadas em inquéritos policiais, esbravejou o governador Tarso Genro com ira.
Enquanto as investigações militares sobre a autoria das manifestações incendiárias seguia devagar por estar mostrando bom resultado em pressionar o governo, a cúpula da Segurança apostava na conciliação, pois os oficiais também buscam uma equiparação salarial com os cargos de nível superior da Justiça (ao de delegado).
Se os PMs não forem atendidos, os protestos podem continuar de outras formas, argumentavam as lideranças, inclusive com a possibilidade que se coloque apenas 30% do efetivo nas ruas. Outra possibilidade cogitada foi a de constranger o Piratini com um desfile de policiais esfarrapados no 20 de Setembro. É um “movimento pela legalidade”, desativaremos as viaturas com peças danificadas ou com impostos atrasados.
– A maioria dos policiais compra os próprios coturnos. Nossos coletes à prova de bala estão vencidos. Só podemos protestar por melhores condições de trabalho.
Depois de dois meses medindo forças pelo confronto, o governador Tarso Genro dobrou o queixo e decidiu negociar um acordo, ressaltando que a sua proposta (reajuste de 23,5% para soldados, de 18,15% para os sargentos, e de 10,5%. para os tenentes) fará com que os policiais gaúchos não tenham mais a pior remuneração do país.
– Não respeitamos aqueles que, na clandestinidade, estão bancando ninjas e queimando pneus.
Queimar pneus em lugares incertos deixando sua mensagem para criar um fato político com repercussão na mídia, foi uma forma inovadora e audaciosa de luta social da categoria dos trabalhadores da segurança pública militar gaúcha, convenhamos!
É possível que o movimento da Brigada Militar também tenha se utilizado das redes sociais na internet para articular suas ações pelo interior do estado, mas o certo é que ainda não basta apenas mobilizar e incitar os revoltosos pela rede, ainda é necessário o velho e bom combate tático de enfrentamentos de forças nos limites democráticos, ou nos limites extremos dos revolucionários casos da Líbia e da Síria.
Como sou ex-militante sindical e partidário, gosto de ficar observando as novas ferramentas que estão sendo introduzidas nas velhas e eternas lutas sociais. Fico analisando e vibrando com suas eficiências, quer frente ao prefeito ou ao governador, nas nossas lutas imediatistas salariais, bem como nas lutas sociológicas de classes, frente aos Kadafis desse mundo afora, estes sim, verdadeiros ninjas da guerra civil.
Esta semana os Capacetes Brancos conseguiram arrancar do governo uma proposta concreta e abrangente: A remuneração seria composta de uma parte fixa mais uma parte variável. A parte fixa seria composta hoje pelo valor da GIT (que será extinta) mais o valor correspondente ao abono ( R$ 500,00). A parte variável seria composta pelo atendimento as metas (institucional + meta individual). Ficou em aberto ainda definir o teto da parte variável.
Finalmente o governo acatou abranger também os inativos: Os aposentados receberão integralmente essa gratificação (fixo + variável, considerando a parte variável como cumprida em 100%) desde que estivessem no cargo nos últimos dez anos.
- Valeu, agora poderei esperar a portaria da minha aposentadoria em paz!
Mas a grande vedete das novas formas de lutas sociais é a da tática do Movimento dos Sem Terra (MST), agora incorporada pelos próprios membros da Brigada Militar, seus institucionais algozes, de fazer queimas de pneus nas estradas, mas sem piquetes, deixando apenas uma faixa no local identificando o movimento. - Valeu, agora poderei esperar a portaria da minha aposentadoria em paz!
Descontentes com os salários, policiais iniciaram uma série de protestos com queima de pneus em rodovias gaúchas no início de agosto, com bonecos fardados de brigadianos em inusitadas situações (inclusive enforcados!). Mais de 64 casos de queima de pneus foram registrados nas estradas por todo o Estado, com alguns bloqueios das vias.
- Não queremos nada além do que nos foi prometido em campanha: o piso nacional (R$ 3,2 mil). Queima de pneu é só o início, o próximo passo é bloquear a circulação mesmo, gritavam as faixas dos PMs.
– Não podemos aceitar medidas radicais e dessa magnitude. Já ultrapassou os limites, resmungava o governo na TV e nos jornais.
A sociedade gaúcha viveu uma manhã caótica em decorrência dos protestos dos policiais no centro de Porto Alegre, quando um boneco fardado amanheceu, no viaduto Otávio Rocha, a 230 metros do Palácio Piratini. Pendurado no pescoço do fantoche estava um artefato, supostamente explosivo, o que forçou o Grupo de Ações Táticas Especiais da BM a isolar a área.O protesto clandestino por melhores salários para PMs não era uma bomba, apenas um simulacro grosseiro de papelão e fios de cobre. Mas, até se certificarem disso, policiais bloquearam o trânsito na Duque de Caxias e na Avenida Borges de Medeiros. Foram duas horas de expectativa e transtornos, até o boneco ser retirado.
– São atitudes marginais, atitudes de marginais são tratadas em inquéritos policiais, esbravejou o governador Tarso Genro com ira.
Enquanto as investigações militares sobre a autoria das manifestações incendiárias seguia devagar por estar mostrando bom resultado em pressionar o governo, a cúpula da Segurança apostava na conciliação, pois os oficiais também buscam uma equiparação salarial com os cargos de nível superior da Justiça (ao de delegado).
Se os PMs não forem atendidos, os protestos podem continuar de outras formas, argumentavam as lideranças, inclusive com a possibilidade que se coloque apenas 30% do efetivo nas ruas. Outra possibilidade cogitada foi a de constranger o Piratini com um desfile de policiais esfarrapados no 20 de Setembro. É um “movimento pela legalidade”, desativaremos as viaturas com peças danificadas ou com impostos atrasados.
– A maioria dos policiais compra os próprios coturnos. Nossos coletes à prova de bala estão vencidos. Só podemos protestar por melhores condições de trabalho.
Depois de dois meses medindo forças pelo confronto, o governador Tarso Genro dobrou o queixo e decidiu negociar um acordo, ressaltando que a sua proposta (reajuste de 23,5% para soldados, de 18,15% para os sargentos, e de 10,5%. para os tenentes) fará com que os policiais gaúchos não tenham mais a pior remuneração do país.
– Não respeitamos aqueles que, na clandestinidade, estão bancando ninjas e queimando pneus.
Queimar pneus em lugares incertos deixando sua mensagem para criar um fato político com repercussão na mídia, foi uma forma inovadora e audaciosa de luta social da categoria dos trabalhadores da segurança pública militar gaúcha, convenhamos!
É possível que o movimento da Brigada Militar também tenha se utilizado das redes sociais na internet para articular suas ações pelo interior do estado, mas o certo é que ainda não basta apenas mobilizar e incitar os revoltosos pela rede, ainda é necessário o velho e bom combate tático de enfrentamentos de forças nos limites democráticos, ou nos limites extremos dos revolucionários casos da Líbia e da Síria.
Como sou ex-militante sindical e partidário, gosto de ficar observando as novas ferramentas que estão sendo introduzidas nas velhas e eternas lutas sociais. Fico analisando e vibrando com suas eficiências, quer frente ao prefeito ou ao governador, nas nossas lutas imediatistas salariais, bem como nas lutas sociológicas de classes, frente aos Kadafis desse mundo afora, estes sim, verdadeiros ninjas da guerra civil.