O DIA QUE EU VI UM BEATLE

           O dia sete de novembro de dois mil e dez foi o dia que eu vi um Beatle, na verdade, em vi “O Beatle”!  Paul é o Beatle remanescente, uma vez que o John Lennon e o George Harrison já morreram, e que o Ringo Starr sozinho não segura o carisma de representar tudo o que os “The Beatles” significam no imaginário de várias gerações de terráqueos.
          Paul McCartney veio fazer a estréia do seu “Up and Coming Tour” pela América Latina com um show praticamente ao lado da minha casa, no campo de futebol do meu time, no Beira Rio, para onde eu pude ir e voltar caminhando, sem precisar sequer me envolver com o stress do trânsito engarrafado e das disputa por vagas de estacionamento nas redondezas do mega evento internacional.
            O ingresso conseguido de última hora, cujas vendas estavam esgotadas desde sempre, caiu no meu colo na véspera do espetáculo, trazido pela minha filha que intermediou a negociata da sobra das entradas adquiridas por uma colega dela:
- Pai, tem só um ingresso na roda; mas eu não estou muito pilhada para este show. Acho que tu ias curtir mais do que eu ver o “Cara” dos Beatles...está afim?
- É, eu também acho. O ingresso é meu! Não vou deixar passar este cavalo encilhado, valeu filha!
            Assim, no domingo me fui sozinho pela estrada à fora que leva ao estádio, batendo fotos emocionadas pelo caminho do Parque Marinha que levava também multidões de outros andarilhos até o Sir Paul McCartney...

Nas redondezas do Gigante da Beira Rio serpenteavam filas labirínticas nas rampas e portões de acesso...
         O lugar do meu ingresso era nas cadeiras do anel superior, onde cheguei duas horas antes do horário de início do show, e encontrei tudo praticamente lotado, com visualização de lugares vagos somente no extremo das arquibancadas mais longínquo do palco.
          Ainda bem que há circunstancias em que estar solitário é vantajoso, e esta foi uma delas: consegui encontrar uma cadeira vazia na altura da intermediária da metade  do gramado mais distante do palco, no alinhamento  da área grande do campo. Ufa, menos mal!



         Sendo quase britânico no cumprimento do horário, o espetáculo começou com apenas dez minutos de atraso e, tchan-tchan-tchan-tchan: Eu vi o Beatle!!!...
         O cara estava lá, na minha frente, cantando pra mim...
A bem da verdade, da distância que eu estava do palco, o grande Paul McCartney me aparecia do tamanho da unha do meu dedo minguinho.
           Em grandiosos momentos do show, quando o Paul ia tocar o piano que ficava  localizado lá no fundo do palco, sua imagem real de Sir da Reino da Inglaterra ficava reduzida a um quarto do tamanho da unha do meu dedo mingo.
           Foi quando eu entendi por que o palco era construído com estruturas tão grandes, atingindo cerca de 25  metros de altura (o equivalente a um edifício de cinco andares), que é justamente para sustentar os telões gigantes que ampliam a imagem real e realizam o simulacro de se estar assistindo a um show ao vivo olhando para uma imagem virtual...
            O simulacro funciona  tão perfeitamente que a gente, se não se policia, acaba esquecendo de olhar para o palco, para o Paul McCartney real, e fica assistindo na televisão de 1200 polegadas o Paul virtual com o som ao vivo.
          Com minha máquina fotográfica de poucos recursos técnicos registrei o que pude, especialmente em breves clips do início de cada música, quando Paul fazia suas incursões na língua nativa (clips que futuramente pretendo incorporar através de links de vídeo entre os parágrafos seguintes deste texto).
           Foi um literal banho de emoções durante 36 músicas, em cerca de três horas de show para olhos e ouvidos e corações saudosos de outros tempos. Os mais de 50 mil fãs de todas as idades vibravam no estádio e quase não acreditavam na presença do ídolo que influenciou e marcou a vida de muita gente com suas músicas.
          Nós todos nos empolgávamos cada vez que o Beatle pronunciava palavras ou frases inteiras em português, além das saudações "Obrigado, gaúchos", "Mas bah, tchê!" e “Ah, eu sou gaúcho!”...

Clip YouTube - Paul diz: Obrigado Gaúchos! - clic aqui.
         Paul também falou português na introdução das músicas como no caso de "My Love", na qual ele disse:
Clip YouTube - Escrevi esta música para a minha gatinha...clic aqui.

...minha gatinha Linda, mas esta noite ela é para todos os namorados"

Clip YouTube - Paul diz: Mas bah, tchê! - clic aqui.
         Também falou em português em “Something” quando ele falou: “Esta próxima música é para o meu amigo George”, enquanto começavam a aparecer fotos de George Harrison...
        Da carreira solo, dois grandes momentos com “Band on The Run” do aclamado álbum homônimo e a incendiária “Live and Let Die” com direito, é claro, a um inesperado show de fogos de artifícios no palco e em direção ao céu...
         Emocionante também foi sua homenagem a John Lennon, quando cantou “Here Today”...
        Paul cantou também a “Give Peace a Chance”, conhecido hino pacifista do seu parceiro de Beatles, John Lennon...
        McCartney interagiu com o público de forma contagiante, batendo várias vezes no peito para agradecer o retorno que o público gaúcho estava dando para ele. Não trocou de roupas, só tirou o casaco para ficar de camisa branca e suspensório preto e, como de costume, não bebeu uma só gota de água (ou de qualquer outra bebida).
       O Beatle falou mais português do que inglês e, antes da última música que foi “Sgt. Pepper´s Lonely Hearts Band Club”, convidou duas adolescentes da platéia para dar uma assinatura sua nos braços das meninas, uma porto-alegrense e outra de Florianópolis.
        Sir Paul McCartney esbanjou vitalidade no alto de seus 68 anos e muita simpatia. Num show de três horas ininterruptas, com seu talento fez parecer que o tempo passou voando nos acordes de suas belas melodias, de suas canções literalmente tiradas do fundo do baú das nossas recordações...
       Foi um show inesquecível, um mergulho no túnel do tempo de mais de 40 anos para os fãs dos Beatles, uma celebração à boa música e a tudo que de bom que se fez no século XX - diziam as manchetes dos jornais do dia seguinte.

Paul is live, com ele The Beatles vivem!


Nenhum comentário:

Postar um comentário